30/10/2006 - 16h47

Líder da banda Montage se declara bissexual; leia destaques GLS

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

Confira os destaques sobre personalidades e eventos de interesse do público gay.

Glória e Globo

O líder da banda Montage, Daniel Peixoto, 22, nasceu no mesmo dia de Marilyn Manson (5 de janeiro). Os dois também cultivam a imagem andrógina. Daniel começou a cantar em coral de igreja. Passou a infância em uma região de fervor religioso, o Cariri (sul do Ceará), onde se acredita no sofrimento, como carregar pedras na cabeça ou andar de joelhos, para chamar a atenção de Deus e ser curado.

Divulgação

Daniel Peixoto pilota banda Montage, que lança primeiro CD neste mês

Agora, Daniel inicia nova fase de sua carreira, após ter aberto o show da banda sueca Cardigans no Campari Rock e recebido elogios (revista "Bizz", Lúcio Ribeiro, Álvaro Pereira Júnior e outros). Neste mês, a banda, formada em janeiro de 2005 e filhote do site da Trama, participa do programa de Regina Casé na Globo, o "Central da Periferia", e pretende lançar seu primeiro CD no dia 14 no descolado clube Glória, em São Paulo. A banda é uma aposta do produtor Dudu Marote e do selo Segundo Mundo.

Madonna + Iggy Pop

O refrão "Você tem que matar o presidente americano", da música "Presidente Americano", revela o tom político do Montage, que define seu som como "electro rock", com referências ao trip hop de Massive Attack, breakbeat e eletropunk. No palco, Daniel diz se inspirar em Madonna e Iggy Pop. Ele usa vestido, meia arrastão, maquiagem forte no rosto. O cabelo loiro vem da ascendência alemã do pai. No Campari Rock, ele derramou uma garrafa da bebida na cabeça. Passou uma semana para o cabelo voltar a cor normal. A banda é formada ainda por Patrick Bacchi (guitarra) e Leco Jucá (groovebox, caixa para gerar levadas de músicas). Eles se conheceram quando Daniel trabalhava como modelo (1999-2000). Ao conversar com a Folha Online, o vocalista do Montage aceitou falar sobre sua orientação sexual. Leia trecho da entrevista.



FOLHA ONLINE- A banda tocou na parada gay de Fortaleza. Como você lida com essa questão da orientação sexual?

DANIEL PEIXOTO- Eu não sou gay, mas também não sou hétero. Eu já namorei homens. Eu já namorei mulheres. Se é para rotular, tem de me rotular como bissexual.

FOLHA ONLINE- Você sofre por ter atração por pessoas do mesmo sexo?

PEIXOTO- Nunca me senti culpado por isso. O que me pertubava era a fisionomia de mulher que eu sempre tive desde criança. Sofria muito porque uma criança de 8, 9 anos não faz o menor esforço para isso. Eu sentia vergonha de sair com minha mãe e ouvir uma pessoa comentando para ela: "Sua filha é linda". Essas coisas me deixavam perturbado. Mas o fato de eu gostar de homem da mesma forma que gosto de mulher, isso nunca foi um problema para mim nem para minha família. Tudo foi um jogo limpo.

FOLHA ONLINE- Você namorou mais homens ou mais mulheres?

PEIXOTO- Namorei um cara durante quatro anos. Em quantidade, eu namorei mais mulheres do que homens.

FOLHA ONLINE- Recebe cantadas de todos os sexos?

PEIXOTO- Hoje 85% são de mulheres.

FOLHA ONLINE- Por quê?

PEIXOTO- As mulheres estão buscando mais uma sensibilidade. Acho muito doido isso. Quando saio de casa, todo desarrumado, com barba para fazer, cabelo assanhado, todos os homens vão atrás de mim. Quando saio com aparência de mulher, são elas que atacam.

FOLHA ONLINE- Que tipo de mulher?

PEIXOTO- Todas, da mais careta a mais moderna. Em geral, elas adoram homens femininos. É estranho. Não entendo. Em São Paulo, o sonho de toda mulher é casar com um gay.

FOLHA ONLINE - A que você atribui esse fascínio dos jovens pela androginia?

PEIXOTO- A subversão, a coisa de sair do normal, por mais datada que pareça ser, ainda atrai muito o público. Quer queira, quer não, o mundo ainda vive sob regras: calça para homem e saia para mulher. No palco, dou minha cara a bater. Tento mostrar coragem e honestidade de não me importar com isso.

FOLHA ONLINE - O Montage já foi chamado de banda emo?

PEIXOTO- Em um fórum do programa do João Gordo na MTV, alguém postou que o Montage era a "banda do emo". Para mim, hoje, no linguajar popular, emo é sinônimo de gay. É dito para ofender. Nosso som é bem diferente do som do Fresno e do NXZero. Não tem nada a ver. Eles são emocore. Não que eu esteja chamando eles de gay, pelo amor de Deus.

Ouça "Ginasta Cariocas", hit do Montage sobre estrelas da ginástica que não são cariocas; nome da música adota grafia errada e brinca com funk

Mulher tombada

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Performática e "glauberiana" Karine Alexandrino impulsiona a "brechó music"

"Arrasa, amapô", escreveu a transsexual Claudia Wonder, colunista da "G", sobre o impagável vídeo da artista visual Karine Alexandrino para a "TV Mix", onde ela promove "Mulher Tombada", fechando a trilogia de CDs ("Solteira Producta" e "Querem Acabar Comigo, Roberto"). A diva da "brechó music" --que lembra um pouquinho Marisa Orth na banda Vexame-- reclama que suas performances estão sendo imitadas. Ela pede aos fãs que não usem da violência contra os plagiadores. Sempre em busca da perfeição, Karine também "latinizou, mamborizou e rumbarizou" (em suas palavras) seu maior hit, "Babydoll de Nylon" no Copolla Music, acompanhada pelo trio "Bofes Mexicanos". Mas nada que se compare ao clássico "Kiss, Kiss, Kiss". Aproveitando o espaço, Karine elenca suas outras atividades: além de "artisssta visuuuaall", ela é atriz, cantora de cabaré e tudo que você quiser. Depois do jantar, ela costuma se sentir obrigada a "anotar coisas" e fazer os próximos hits do verão ("hits municipais, interestaduais e hits virtuais"). No fim do papo, ela avisa: "Me procure no Google".

Festinhas em NY

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Foto de Tina Zimmer ilustra capa do nova-iorquino "Village Voice"

Famosa em Nova York por seus ensaios de personagens e das festas descoladas, a fotógrafa norte-americana Tina Zimmer, 31, fez imagens para ilustrar uma edição do "Village Voice" sobre casamento gay. As fotos escolhidas mostram um ambiente de muita liberdade sexual e descontração. O site oficial da fotógrafa traz uma animada galeria.

Madonna, supervaca?

"Madonna, the superbitch" é o nome de um vídeo que mostra um chilique de Madonna antes de uma entrevista na TV. Ela reclama da falta de ar, diz estar sufocada ("Abram a porta", "Eu vou morrer", "Eu não vou suportar", "É inacreditável"), mesmo a produção dizendo que o ar-condicionado está ligado. A repórter oferece um papel para Madonna se abanar.

Estante GLS

A Publifolha, editora do grupo Folha, vai colocar uma novidade de interesse dos gays nas livrarias do país. Será um livro bastante útil e engraçado. Sobre o quê? Saiba mais amanhã.

Revista de estilo

A Fractal, que edita a "G", negou ter intenção de desenvolver projeto de lançamento de uma revista de estilo e comportamento para o público GLS em 2007, projeto do seu colunista Renato Fernandes, conforme informou a Folha Online na última sexta-feira. Em nota, a editora diz discordar da "forma usada na matéria ao se referir ao 'lado negativo' da vida homossexual". Ouvido nesta segunda-feira, Fernandes disse que a revista vai sair, mesmo sem a participação da "G". Quanto ao "lado negativo da vida homossexual", o colunista se referiu a fatos como a homofobia, a Aids e a falta de garantia de direitos a pessoas do mesmo sexo.

Dicas de sites

No Brasil: "Le Bafon" é um guia de sobrevivência para gays em Fortaleza e está hospedado no site de "O Povo", um dos jornais mais influentes do Nordeste.

No mundo: "Hot Nude Yoga" é um site de Nova York sobre homens que adoram fazer ioga sem roupa. A página é de Aaron Star, professor de ioga desde 1996.

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