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02/11/2006
-
10h41
LUCIANA COELHO
da Folha de S.Paulo
Sem maiores ambições aparentes, a americana de origem russa Julia Loktev registra uma pequena façanha com seu "Dia Noite, Dia Noite", que conquistou o Prêmio da Juventude em Cannes e o troféu máximo do Festival de Montréal: despir de qualquer acepção política e religiosa um filme sobre uma mulher-bomba.
De sua protagonista, que acompanhamos somente no intervalo de tempo explicitado no título, sabe-se apenas que tem 19 anos e chega a Nova York com o firme propósito de se explodir em plena Times Square.
Seu rosto e tom de pele tornam sua etnia indecifrável, seu sotaque não carrega traços de nenhum país ou região específico e suas preces não falam em deuses nem credos --limitam-se à repetição de que todos de alguma forma morrem e que ela não pode falhar. Não há drama pessoal, não há convicção política, não há ativismo algum.
Tampouco sabemos a motivação do grupo que a coopta e planeja o atentado. Os homens e mulheres que a instruem escondem o rosto, mas não usam véu, turbante, solidéu, capuz ou quipá; não pedem mudanças no governo nem choram o derretimento das calotas polares; não querem destruir clínicas de aborto nem instituições capitalistas. O foco --único, direto e quase hipnótico-- é a crescente tensão da protagonista diante da possibilidade (ou impossibilidade) de que sua missão falhe.
Em tempos de guerra ao terror (e eleição legislativa nos EUA), a opção já surpreenderia diante da profusão de bandeiras, opiniões e estereótipos sobre o tema que engole a cultura e a mídia americana.
Mas Loktev lavra um tento bem mais precioso do que esse: limitando-se a estética e narrativa minimalistas, conseguiu em sua estréia um filme pungente e incômodo sem ecoar discurso algum.
Especial
Saiba tudo sobre a 30ª Mostra de Cinema de SP
Mulher-bomba é vista sem facilitação política em "Dia Noite"
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da Folha de S.Paulo
Sem maiores ambições aparentes, a americana de origem russa Julia Loktev registra uma pequena façanha com seu "Dia Noite, Dia Noite", que conquistou o Prêmio da Juventude em Cannes e o troféu máximo do Festival de Montréal: despir de qualquer acepção política e religiosa um filme sobre uma mulher-bomba.
De sua protagonista, que acompanhamos somente no intervalo de tempo explicitado no título, sabe-se apenas que tem 19 anos e chega a Nova York com o firme propósito de se explodir em plena Times Square.
Seu rosto e tom de pele tornam sua etnia indecifrável, seu sotaque não carrega traços de nenhum país ou região específico e suas preces não falam em deuses nem credos --limitam-se à repetição de que todos de alguma forma morrem e que ela não pode falhar. Não há drama pessoal, não há convicção política, não há ativismo algum.
Tampouco sabemos a motivação do grupo que a coopta e planeja o atentado. Os homens e mulheres que a instruem escondem o rosto, mas não usam véu, turbante, solidéu, capuz ou quipá; não pedem mudanças no governo nem choram o derretimento das calotas polares; não querem destruir clínicas de aborto nem instituições capitalistas. O foco --único, direto e quase hipnótico-- é a crescente tensão da protagonista diante da possibilidade (ou impossibilidade) de que sua missão falhe.
Em tempos de guerra ao terror (e eleição legislativa nos EUA), a opção já surpreenderia diante da profusão de bandeiras, opiniões e estereótipos sobre o tema que engole a cultura e a mídia americana.
Mas Loktev lavra um tento bem mais precioso do que esse: limitando-se a estética e narrativa minimalistas, conseguiu em sua estréia um filme pungente e incômodo sem ecoar discurso algum.
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