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09/11/2006
-
13h14
MARY PERSIA
da Folha Online
Foi-se a era Charlie Brown. O decreto de Champignon é claro e não deixa dúvidas sobre a ausência de músicas de sua antiga banda no repertório do Revolucionnários. Mas, escutando bem, o som das duas bandas tem um elo forte --ele mesmo, Champignon. "Retratos da Humanidade", primeiro disco do Revolucionnários, mostra o quanto de Champignon havia no Charlie Brown Jr.
Muito além do beatbox, há a levada, o baixo, as letras. Revolucionnários é a banda de Champignon, e se restar alguma dúvida ao ouvir o disco, basta checar no encarte que todas as composições são dele. É como se, à revelia da formação musical tradicional, guitarra (Fábio Cavêra e Nando Martins), bateria (Pablo Silva) e percussão (Diego Righi) fossem a cozinha da banda. O baixista/vocalista vai na frente, com suas linhas inesperadas, slaps e harmônicos.
O músico conta que partiu em busca da sua nova turma no início de 2005. "Nos últimos dois shows do Charlie Brown já comecei buscar outros caras", conta ele, que deixou a banda em março daquele ano. O nome foi escolhido por ele --que, sim, atendendo aos apelos da numerologia, pôs um "n" dobrado na quinta sílaba.
Sobre sua antiga turma, diz ter consciência de que realizou "um grande trabalho", ainda mais num meio em que baixistas geralmente não se destacam. Do Charlie Brown, banda que formou aos 13 anos, diz que carrega lições. "Trago um aprendizado do que fazer e do que não fazer, como desprezar pessoas e veículos de comunicação", afirma.
Sobre a "treta" com Chorão, esclarece mais uma vez que o ex-grande amigo preferiu ficar do lado do empresário da banda quando a carreira do grupo tomou rumos dos quais ele discordava. "Tínhamos uma história de amizade, mas deixamos acontecer certas coisas que achamos que nunca ocorreriam", diz o baixista. "Começamos a 'tretar'. Não dava mais para passar por cima de valores pessoais. Já era uma relação em que não havia respeito."
Dali, partiu para outra. "Aprendi que há muitos caminhos que não devemos tomar. Recomeço da estaca zero, mas com uma bagagem de 15 anos."
Vertentes
O primeiro single do Revolucionnários, que leva o nome da banda, foi lançado já no início deste ano. Em breve, sai o segundo, "Como num Sonho Perfeito" (clique aqui para ouvir a música na íntegra).
Nos shows (ainda sem datas e locais definidos), a única menção ao Charlie Brown será a música "Corra Vagabundo", de autoria de Champignon, que mesmo assim mudou a letra. "Não é para ir a um show nosso esperando cover do Charlie Brown", brinca.
O mesmo pode se aplicar ao disco de estréia da banda. Aos 28 anos, Champignon --que toca desde os seis e tem até cítara e baixo de pau em casa-- mostra nesse álbum todas as suas influências, de Robert Trujillo (ex-Suicidal Tendencies, atual Metallica) e Flea (Red Hot Chili Peppers) a Public Enemy e NWA, com uma pegada mais hardcore.
"Retratos da Humanidade" traz a preferência por um som enérgico, como a nervosa "Conceito de Aprendiz", curiosamente com verso semelhante a "Não Deixe o Mar Te Engolir", do Charlie Brown ("Tem que saber chegar"). Instrumental, "Tow In" também aguça os ânimos, mas em outra vertente --é uma ode às guitarras do hard rock.
Já "A Nova Era de Aquarius" traz um reggae à moda "pé-sujo" ("Evolução pro bem/ Uma nova onda de vida/ Sabedoria dos mestres de luz/ Que ensinam nossas doutrinas") que culmina num rock "psycho-délico". "Natureza", que também aposta no clima jamaicano, vem com uma pegada mais rock. Da safra "sem perder a ternura", longe do teor político, social e cultural das outras composições, há a balada "Você".
Ao final, encerrando sua estréia fonográfica, Champignon dá um toque. Mostra, com a faixa "Revolucionajazz", que é ídolo da garotada que curte rock e adjacências, sim, mas está longe de ser apenas isso. Com quatro amigos e um baixo em punho, ele pode fazer o que quiser.
Especial
Leia tudo o que já foi publicado sobre Champignon
Leia tudo o que já foi publicado sobre o Charlie Brown Jr.
Champignon recomeça "do zero" com 1º disco do Revolucionnários
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da Folha Online
Foi-se a era Charlie Brown. O decreto de Champignon é claro e não deixa dúvidas sobre a ausência de músicas de sua antiga banda no repertório do Revolucionnários. Mas, escutando bem, o som das duas bandas tem um elo forte --ele mesmo, Champignon. "Retratos da Humanidade", primeiro disco do Revolucionnários, mostra o quanto de Champignon havia no Charlie Brown Jr.
Muito além do beatbox, há a levada, o baixo, as letras. Revolucionnários é a banda de Champignon, e se restar alguma dúvida ao ouvir o disco, basta checar no encarte que todas as composições são dele. É como se, à revelia da formação musical tradicional, guitarra (Fábio Cavêra e Nando Martins), bateria (Pablo Silva) e percussão (Diego Righi) fossem a cozinha da banda. O baixista/vocalista vai na frente, com suas linhas inesperadas, slaps e harmônicos.
Divulgação |
Disco marca estréia do Revolucionnários |
Sobre sua antiga turma, diz ter consciência de que realizou "um grande trabalho", ainda mais num meio em que baixistas geralmente não se destacam. Do Charlie Brown, banda que formou aos 13 anos, diz que carrega lições. "Trago um aprendizado do que fazer e do que não fazer, como desprezar pessoas e veículos de comunicação", afirma.
Sobre a "treta" com Chorão, esclarece mais uma vez que o ex-grande amigo preferiu ficar do lado do empresário da banda quando a carreira do grupo tomou rumos dos quais ele discordava. "Tínhamos uma história de amizade, mas deixamos acontecer certas coisas que achamos que nunca ocorreriam", diz o baixista. "Começamos a 'tretar'. Não dava mais para passar por cima de valores pessoais. Já era uma relação em que não havia respeito."
Dali, partiu para outra. "Aprendi que há muitos caminhos que não devemos tomar. Recomeço da estaca zero, mas com uma bagagem de 15 anos."
Vertentes
O primeiro single do Revolucionnários, que leva o nome da banda, foi lançado já no início deste ano. Em breve, sai o segundo, "Como num Sonho Perfeito" (clique aqui para ouvir a música na íntegra).
Nos shows (ainda sem datas e locais definidos), a única menção ao Charlie Brown será a música "Corra Vagabundo", de autoria de Champignon, que mesmo assim mudou a letra. "Não é para ir a um show nosso esperando cover do Charlie Brown", brinca.
Divulgação |
Hardcore, reggae, hip hop e rock estão no CD |
"Retratos da Humanidade" traz a preferência por um som enérgico, como a nervosa "Conceito de Aprendiz", curiosamente com verso semelhante a "Não Deixe o Mar Te Engolir", do Charlie Brown ("Tem que saber chegar"). Instrumental, "Tow In" também aguça os ânimos, mas em outra vertente --é uma ode às guitarras do hard rock.
Já "A Nova Era de Aquarius" traz um reggae à moda "pé-sujo" ("Evolução pro bem/ Uma nova onda de vida/ Sabedoria dos mestres de luz/ Que ensinam nossas doutrinas") que culmina num rock "psycho-délico". "Natureza", que também aposta no clima jamaicano, vem com uma pegada mais rock. Da safra "sem perder a ternura", longe do teor político, social e cultural das outras composições, há a balada "Você".
Ao final, encerrando sua estréia fonográfica, Champignon dá um toque. Mostra, com a faixa "Revolucionajazz", que é ídolo da garotada que curte rock e adjacências, sim, mas está longe de ser apenas isso. Com quatro amigos e um baixo em punho, ele pode fazer o que quiser.
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