Publicidade
Publicidade
12/01/2007
-
10h15
DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
A idéia não é nova, mas ainda prende a atenção de platéias. "Mais Estranho que a Ficção" leva ao cinema uma história dentro da outra. Tá, "Show de Truman" (1998, com Jim Carrey) e "Adaptação" (2002, com Nicolas Cage) também --só para citar dois filmes recentes que brincam com a metalinguagem e dão certo. Agora, o mais estranho nesta ficção, que estréia hoje (12), é como ela consegue escapar da prateleira dos trambiques cinematográficos.
Escrita pelo estreante Zach Helm, a comédia apresenta Harold Crick (Will Ferrel, ótimo), um tragicômico auditor da Receita Federal. Solitária, sua vida é guiada por números. Em cada um dos 32 dentes vão 72 escovadas, para ajeitar a gravata gasta menos de 60 segundos, seu intervalo no trabalho é de 20 minutos.
E por aí vai, diariamente, até uma voz feminina irromper em seus pensamentos, narrando suas ações e sensações. Esquizofrenia? Não, conclui Crick, pois o vocabulário "dela" é melhor. A narradora onisciente é a escritora britânica Karen Eiffel (Emma Thompson), conhecida por assassinar seus personagens no fim das tramas, e Crick é protagonista de seu romance. Sabendo de sua morte iminente, ele vai à caça da escritora e da própria vida.
Vale notar as inúmeras referências aos Beatles durante o filme. Harold é um "taxman" (música do disco "Revolver"), há tomadas na rua Abbey Road (capa 12º álbum do grupo), a assistente de Eiffel, interpretada por Queen Latifah, chama-se Penny (da canção "Penny Lane"). O filme também recorre à imagem da maçã verde, símbolo da Apple Corps, gravadora do conjunto de Liverpool.
Apesar das comparações com os roteiros de Charlie Kaufman ("Adaptação", "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", "Quero Ser John Malkovich"), "Mais Estranho que a Ficção" segue uma linha mais amena, menos sombria. É um Kaufman mais comercial, vá lá. Tem açúcar, bastante risadas e um pouco de auto-ajuda. Ainda bem que, ao fugir da pieguice, pelo menos até o desfecho, a obra dá o que promete: um personagem humano como raramente se vê no cinema hollywoodiano.
Leia mais
Sátira a Berlusconi, "O Crocodilo" vai além da polêmica
Diretor de "Urubus" vai à Alemanha escrever filme urbano
"Diamante de Sangue" vale pela aula e por um espetacular DiCaprio
"Eastwood discute a construção do herói em "A Conquista da Honra"
Bond novato valoriza ação em "007 Cassino Royale"
Especial
Leia tudo o que já foi publicado sobre "Mais Estranho que a Ficção"
"Mais Estranho que a Ficção" tem herói tímido, medíocre e irresistível
Publicidade
da Folha Online
A idéia não é nova, mas ainda prende a atenção de platéias. "Mais Estranho que a Ficção" leva ao cinema uma história dentro da outra. Tá, "Show de Truman" (1998, com Jim Carrey) e "Adaptação" (2002, com Nicolas Cage) também --só para citar dois filmes recentes que brincam com a metalinguagem e dão certo. Agora, o mais estranho nesta ficção, que estréia hoje (12), é como ela consegue escapar da prateleira dos trambiques cinematográficos.
Divulgação |
Will Ferrel interpreta Harold Crick em "Mais Estranho que a Ficção" |
E por aí vai, diariamente, até uma voz feminina irromper em seus pensamentos, narrando suas ações e sensações. Esquizofrenia? Não, conclui Crick, pois o vocabulário "dela" é melhor. A narradora onisciente é a escritora britânica Karen Eiffel (Emma Thompson), conhecida por assassinar seus personagens no fim das tramas, e Crick é protagonista de seu romance. Sabendo de sua morte iminente, ele vai à caça da escritora e da própria vida.
Divulgação |
Retraído, Crick saboreia a mediocridade em "Mais Estranho..." |
Vale notar as inúmeras referências aos Beatles durante o filme. Harold é um "taxman" (música do disco "Revolver"), há tomadas na rua Abbey Road (capa 12º álbum do grupo), a assistente de Eiffel, interpretada por Queen Latifah, chama-se Penny (da canção "Penny Lane"). O filme também recorre à imagem da maçã verde, símbolo da Apple Corps, gravadora do conjunto de Liverpool.
Apesar das comparações com os roteiros de Charlie Kaufman ("Adaptação", "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças", "Quero Ser John Malkovich"), "Mais Estranho que a Ficção" segue uma linha mais amena, menos sombria. É um Kaufman mais comercial, vá lá. Tem açúcar, bastante risadas e um pouco de auto-ajuda. Ainda bem que, ao fugir da pieguice, pelo menos até o desfecho, a obra dá o que promete: um personagem humano como raramente se vê no cinema hollywoodiano.
Leia mais
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Alice Braga produzirá nova série brasileira original da Netflix
- Sem renovar contrato, Fox retira canais da operadora Sky
- Filósofo e crítico literário Tzvetan Todorov morre, aos 77, em Paris
- Quadrinhos
- 'A Richard's estava perdendo sua cara', diz Ricardo Ferreira, de volta à marca
+ Comentadas
- Além de Gaga, Rock in Rio confirma Ivete, Fergie e 5 Seconds of Summer
- Retrospectiva celebra os cem anos da mostra mais radical de Anita Malfatti
+ EnviadasÍndice