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12/01/2007 - 10h29

Mercado do cinema busca "o ano que nunca existiu"

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

A temporada do cinema brasileiro nas telas começa hoje, com a estréia de "Passageiro --"Segredos de Adulto", de Flávio R. Tambellini. Autor também de "Bufo & Spallanzani" (2001) e dono de extenso currículo como produtor ("Eu, Tu, Eles", "Cazuza", entre outros), Tambellini é moderado ao falar das chances de seu filme na bilheteria.

"Adoraria que, num cálculo otimista, ele tivesse mais de cem mil espectadores. Mas, se der cem mil, é muito bom."

Diante dos resultados do filme nacional nos cinemas em 2006, nenhuma cautela parece excessiva. Entre 64 títulos lançados, só dois superaram 1 milhão de espectadores --"Se Eu Fosse Você", de Daniel Filho (3,6 milhões), e "Didi - O Caçador de Tesouros" (1,02 milhão).

Um total de 53 filmes (82% das estréias) teve menos de cem mil espectadores. O dado mais impressionante, porém, é que 24 filmes ficaram abaixo de 5.000 espectadores, segundo o portal especializado Filme B.
"Você fica até deprimido de ver filmes com público de 5.000, menos que no teatro", diz Tambellini. "Espero que este ano melhore e que a gente tenha muitos filmes médios."

Filme médio é a definição para títulos que escapam do fracasso, sem ser necessariamente um grande sucesso, o que é sempre a exceção. Em suma, é a faixa de produção que garante o funcionamento regular da indústria.
Tambellini não está sozinho na torcida para que o Brasil experimente essa condição.

"2007 vai ser o ano que nunca existiu, com grande força dos filmes médios, entre 500 mil e 1 milhão de espectadores", afirma Paulo Sérgio Almeida, editor do Filme B e cineasta.

"Inesquecível"

Almeida lançará no próximo dia 8 de junho o longa "Inesquecível", seu candidato particular a sucesso mediano.

"É um filme destinado ao jovem adulto das classes A e B", diz, explicando porque "Inesquecível" não se encaixa no perfil dos aspirantes a "blockbuster": "No ranking da retomada [a produção brasileira a partir de 1995], os filmes que estouraram geralmente têm um pé nas classes C e D".

Rodrigo Saturnino Braga, diretor da Columbia/Buena Vista, que será responsável pelo maior número de lançamentos brasileiros no ano --nove, incluindo "Inesquecível"--, acha discutível a afirmação de que as classes C e D sejam responsáveis pelos grandes sucessos brasileiros, "já que o parque exibidor nacional está concentrado em grandes centros e distante dessa fatia de consumo".

Embora também tenha a expectativa de que "haja mais filmes neste ano com performances em torno de 500 mil espectadores", Saturnino Braga diz que "a concentração do público em poucos filmes não é nada novo e não deve mudar".

Não é outra a expectativa do distribuidor Bruno Wainer, da Downtown Filmes, que lançará seis títulos nacionais em 2007, tendo "Antônia" (Tata Amaral), como aposta do "grande filme".

Para Wainer, "2007 vai se comportar como se comportaram os últimos dois ou três anos --poucos filmes vão responder por 90% do público". Além de "Antônia", cita "A Grande Família", "Cidade dos Homens" e "Tropa de Elite".

Haverá crescimento de público "entre 10% e 15%", na avaliação de Carlos Eduardo Rodrigues, diretor-executivo da Globo Filmes, que projeta 7 milhões de espectadores para seus lançamentos neste ano.

Rodrigues define 2006 como um ano "atípico" e diz acreditar que "2007 deva ter um comportamento mais equilibrado, devido à diversidade de gêneros e temas [dos filmes]".

O secretário do Audiovisual, Orlando Senna, acha o ano atual "propenso a ser bom" e cita uma carta na manga do Ministério da Cultura. "Esperamos que seja o ano da implantação do Tíquete Cultura", mecanismo semelhante ao Vale Refeição, cujos cupons poderão ser usados para consumo de cinema e "de todas as outras expressões artísticas", diz Senna.

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