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16/01/2007 - 09h12

SP Fashion Week começa no dia 24 em clima de ativismo social

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ALCINO LEITE NETO
Editor de Moda da Folha de S.Paulo
VIVIAN WHITEMAN
da Folha de S.Paulo

A morte da modelo Ana Carolina Reston, em novembro do ano passado, vítima de anorexia, dividiu a moda brasileira em dois tempos. Antes, todo mundo jogava o problema dos distúrbios alimentares para debaixo do tapete das passarelas. Agora, os fashionistas concluíram que chegou a hora de encarar de frente a questão.

Divulgação
Manta de Fause Haten feita de PET reciclado e revestida de algodão natural
Manta de Fause Haten feita de PET reciclado e revestida de algodão natural
"A anorexia e a bulimia não ocorrem só na moda, mas nós também temos que fazer o nosso mea-culpa", diz o empresário Paulo Borges, diretor da São Paulo Fashion Week (SPFW). Por isso mesmo, ele decidiu concentrar boa parte das atenções da nova edição do evento neste problema que afeta cada vez mais as garotas e os garotos.

A temporada inverno 2007 da SPFW começa no Pavilhão da Bienal no próximo dia 24 em tom de campanha contra os distúrbios alimentares.

Antes mesmo dos desfiles, no dia 22, especialistas farão palestras para as modelos, que receberão a primeira cartilha produzida pelo evento sobre o assunto, com 24 páginas.

Nos meses seguintes, serão feitas cartilhas para pais e educadores. Também serão criados pequenos filmes para a televisão, com modelos dando depoimentos sobre como lidar com a anorexia e a bulimia.

"Precisamos conscientizar e também reeducar", diz Borges, que se inflama quando perguntado se a campanha não é uma jogada de marketing da SPFW. "Se nós não estivéssemos fazendo nada, o que você perguntaria? Nosso projeto não é apenas pontual, vai assumir uma responsabilidade de longo prazo com a sociedade. Sou eu que pergunto: e a imprensa, o que ela está fazendo quanto a esse problema?"

Logo após a morte de Ana Carolina, que sensibilizou as instituições mundiais de moda, a SPFW foi a primeira a reagir --antes da Itália e dos EUA-- e decidiu pedir atestados de saúde e impedir que menores de 16 anos desfilassem.

A campanha contra a anorexia não é a única que a São Paulo Fashion Week decidiu encampar. A edição de inverno, que tem como tema as matas brasileiras, vai também discutir a relação da moda com o desenvolvimento sustentável --um modo de melhorar o presente e planejar o futuro sem destruir o ambiente, respeitando a biodiversidade e permitindo a inclusão social.

A moda sustentável

A sustentabilidade, ela mesma, é um assunto que está na moda, em todo o mundo. E já chegou até à prática de estilistas importantes, como Stella McCartney, que recentemente lançou uma coleção de acessórios em couro vegetal. O couro animal é tido como poluente.

Do cenário da SPFW --feito de material reciclado por Daniela Thomas e Felipe Tassara-- ao lixo acumulado no local, tudo passará pelo crivo da sustentabilidade.

Junto com a ONG The Green Iniciative, a semana de moda vai lançar o projeto Neutralize-se, em que o fashionista poderá calcular em computadores qual é o impacto de seu consumo (de luz, de água etc.) no ambiente e quantas árvores precisa plantar para "pagar" por isto.

A própria SPFW já calculou o seu impacto ambiental e, por cada evento que faz semestralmente, vai plantar 5.000 árvores na Mata Atlântica.

Como glamour é fundamental, mesmo em meio a assunto tão sério, uma exposição vai mostrar vestidos criados por 11 estilistas, nos quais eles extraíram muito luxo de materiais naturais e reciclados --como couro de tilápia. Fotos dos looks, feitas por Bob Wolfenson no Teatro Amazonas, de Manaus, também serão expostas no Pavilhão do Ibirapuera.

"A sustentabilidade é mais que a ecologia, é um modo de aproximar os 'Brasis', de desenvolver uma rede produtiva e criar um diferencial para o país", diz Graça Cabral, diretora de comunicação da Luminosidade, que produz a SPFW.

Para Paulo Borges, ela é a aposta mais quente da moda nacional nas próximas décadas, bem como a (re)descoberta dos materiais brasileiros. "Nunca vamos poder dizer que nosso design é melhor que o da Itália ou mais luxuoso que o da França, mas poderemos dizer que é o mais sustentável. Isso vai valer ouro no futuro", afirma.

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