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01/02/2007
-
09h00
ANDREA MURTA
da Folha Online
Nicholas Garrigan, médico escocês recém-formado, gira um globo em seu quarto e escolhe, de olhos fechados, o lugar do mundo que terá o privilégio de recebê-lo para uma vida de diversão, aventuras e, porque não, serviços humanitários. Se ele soubesse que se veria mais tarde torturado, dependurado por ganchos espetados no corpo em um hospital de Uganda, provavelmente não teria recusado a primeira opção que a sorte lhe ofereceu no jogo do globo --o frio e seguro Canadá.
A escolha segura, porém, não levaria Nicholas para o "reinado" do ditador africano Idi Amin, que comandou Uganda com mãos sujas de sangue entre 1971 e 1979. Mais que isso: as salas de cinema seriam privadas das cores do filme "O Último Rei da Escócia" (The Last King of Scotland, 2006), que estréia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (2).
"O Último Rei da Escócia", distribuído pela Fox, traz a sedução e o terror de Amin mostrados por meio da narrativa do jovem médico, interpretado pelo ator James McAvoy ("Band of Brothers"). Forest Whitaker ("Platoon", "A Cor do Dinheiro", "A Experiência") dá vida ao ditador, em um papel que o tornou forte concorrente ao Oscar de melhor ator em 2007.
Apesar de o filme abordar a real e brutal ditadura ugandense, o diretor Kevin Macdonald criou em "O Último Rei da Escócia" uma aventura fictícia, adaptando o livro de mesmo nome do escritor Giles Fodens.
Ficção
Escritor britânico que passou parte da infância em Uganda, Fodens trabalhou como editor assistente do suplemento literário do jornal "The New York Times" e vice-editor de literatura do "The Guardian" antes de ser aclamado, em 1998, por "O Último Rei da Escócia" --sua estréia no mercado dos bestsellers.
No livro e no filme, a ficção supera a realidade com a narrativa do dr. Garrigan, que inicialmente não parece ser mais do que um adolescente franzino inventado por Fodens.
Com um espírito meio inocente --e meio inconseqüente--, ele concorda em fazer parte do mundo sedutor do ditador, sem enxergar ou questionar os métodos que levaram Amin ao poder e o mantiveram ali. Alheio aos avisos, Garrigan só questiona seu envolvimento no horror que o rodeia quando a violência crua se torna impossível de ser ignorada.
Nesse ponto, o filme deixa o drama (a) moral e se transforma num suspense, que se mantém enquanto os personagens tentam escapar e são aterrorizados, torturados e assassinados por Amin.
Realidade
As imagens do filme foram capturadas na Escócia e na própria Uganda. A mistura de ficção com narrativas reais não deixa o espectador esquecer que Macdonald, o diretor, já ganhou um Oscar em 2000 por melhor documentário ("One Day in September").
Várias cenas são gravadas em ministérios e instalações oficiais reais do governo de Uganda. Segundo a produção do longa, a equipe teve de pedir permissão pessoalmente ao atual presidente ugandense, Yoweri Museveni, hoje em seu terceiro mandato, para as gravações. Com a ajuda de um conselheiro de mídia, o líder africano deu total apoio para a realização de "O Último Rei da Escócia".
Também foram reais os esforços de Whitaker para aprender a língua suaíli e o sotaque típico da África oriental e dar veracidade a Amin. Já interpretar Garrigan foi bem menos fictício para McAvoy --ao menos no que se refere ao sotaque--, já que ator e personagem são escoceses.
A Escócia, aliás, tem papel importante no filme: Amin tinha uma estranha fascinação pelo país, sem a qual a viagem do dr. Garrigan pelos bastidores da ditadura não teria sido possível.
Elenco
Enquanto o Oscar (cuja cerimônia está marcada para 25 de fevereiro) não chega, Whitaker já foi aclamado melhor ator no Globo de Ouro de 2007, além de ter vencido vários outros prêmios de fôlego, como o SAG's (Screen Actor's Guild). Ele também levou para casa troféus de associações de críticos de Nova York e várias outras cidades pelo mundo.
A menos conhecida Kerry Washington (que interpretou a esposa de Ray Charles em "Ray", de 2004) dá vida a uma das esposas de Amin. É ela quem absurdamente seduz o jovem médico de McAvoy, apesar do perigo óbvio (que se mostra mais terrível para ela do que para ele) de se ter um caso com uma das esposas de um ditador homicida.
O filme traz também Gillian Anderson (a eterna agente Dana Scully, da série de TV "Arquivo X", que aparece loira) como a mulher do médico inglês para quem Garrigan vai trabalhar na África.
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da Folha Online
Nicholas Garrigan, médico escocês recém-formado, gira um globo em seu quarto e escolhe, de olhos fechados, o lugar do mundo que terá o privilégio de recebê-lo para uma vida de diversão, aventuras e, porque não, serviços humanitários. Se ele soubesse que se veria mais tarde torturado, dependurado por ganchos espetados no corpo em um hospital de Uganda, provavelmente não teria recusado a primeira opção que a sorte lhe ofereceu no jogo do globo --o frio e seguro Canadá.
A escolha segura, porém, não levaria Nicholas para o "reinado" do ditador africano Idi Amin, que comandou Uganda com mãos sujas de sangue entre 1971 e 1979. Mais que isso: as salas de cinema seriam privadas das cores do filme "O Último Rei da Escócia" (The Last King of Scotland, 2006), que estréia nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (2).
Divulgação |
Forest Whitaker foi indicado ao Oscar de melhor ator por seu papel; veja galeria de fotos |
Apesar de o filme abordar a real e brutal ditadura ugandense, o diretor Kevin Macdonald criou em "O Último Rei da Escócia" uma aventura fictícia, adaptando o livro de mesmo nome do escritor Giles Fodens.
Ficção
Escritor britânico que passou parte da infância em Uganda, Fodens trabalhou como editor assistente do suplemento literário do jornal "The New York Times" e vice-editor de literatura do "The Guardian" antes de ser aclamado, em 1998, por "O Último Rei da Escócia" --sua estréia no mercado dos bestsellers.
Divulgação |
Forest Whitaker contracena com James McAvoy, que faz o dr. Garrigan; veja fotos |
Com um espírito meio inocente --e meio inconseqüente--, ele concorda em fazer parte do mundo sedutor do ditador, sem enxergar ou questionar os métodos que levaram Amin ao poder e o mantiveram ali. Alheio aos avisos, Garrigan só questiona seu envolvimento no horror que o rodeia quando a violência crua se torna impossível de ser ignorada.
Nesse ponto, o filme deixa o drama (a) moral e se transforma num suspense, que se mantém enquanto os personagens tentam escapar e são aterrorizados, torturados e assassinados por Amin.
Realidade
As imagens do filme foram capturadas na Escócia e na própria Uganda. A mistura de ficção com narrativas reais não deixa o espectador esquecer que Macdonald, o diretor, já ganhou um Oscar em 2000 por melhor documentário ("One Day in September").
Divulgação |
Whitaker e McAvoy com crianças ugandenses que participaram das filmagens; veja fotos |
Também foram reais os esforços de Whitaker para aprender a língua suaíli e o sotaque típico da África oriental e dar veracidade a Amin. Já interpretar Garrigan foi bem menos fictício para McAvoy --ao menos no que se refere ao sotaque--, já que ator e personagem são escoceses.
A Escócia, aliás, tem papel importante no filme: Amin tinha uma estranha fascinação pelo país, sem a qual a viagem do dr. Garrigan pelos bastidores da ditadura não teria sido possível.
Elenco
Enquanto o Oscar (cuja cerimônia está marcada para 25 de fevereiro) não chega, Whitaker já foi aclamado melhor ator no Globo de Ouro de 2007, além de ter vencido vários outros prêmios de fôlego, como o SAG's (Screen Actor's Guild). Ele também levou para casa troféus de associações de críticos de Nova York e várias outras cidades pelo mundo.
A menos conhecida Kerry Washington (que interpretou a esposa de Ray Charles em "Ray", de 2004) dá vida a uma das esposas de Amin. É ela quem absurdamente seduz o jovem médico de McAvoy, apesar do perigo óbvio (que se mostra mais terrível para ela do que para ele) de se ter um caso com uma das esposas de um ditador homicida.
O filme traz também Gillian Anderson (a eterna agente Dana Scully, da série de TV "Arquivo X", que aparece loira) como a mulher do médico inglês para quem Garrigan vai trabalhar na África.
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