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08/02/2007
-
11h33
RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online
Pedrinho Mattar, que morreu na noite de ontem de infarto fulminante em Santos (SP), era um pianista da chamada escola "florida". Trata-se de uma linhagem de tecladistas virtuoses que tem por característica
--muitos dirão vício-- justamente florear os arranjos das músicas com um sem-número de sobreposições e notas extras.
O efeito sonoro é carregado e encorpado, e por vezes lembra um carrilhão. Funciona muito bem como "entertainment", que era o forte de Mattar, mas certamente provoca enfado em recitais, que por sinal são bem incomuns.
Tal escola teve seu auge com Wladziu Valentino Liberace (1919-1987). No Brasil, de longe, Mattar, 70, foi seu maior e mais importante expoente.
Afável com o público, mas duro com os imitadores de seu estilo (que proliferavam), ele costumava ser extremamente zeloso com suas partituras, muitas com correções visíveis à mão, as quais tomava o cuidado de impedir que as câmeras da Rede Vida focassem diretamente durante seu programa "Pianíssimo", que estreou nos anos 90.
Muitas vezes, durante o próprio programa, chegou a cobri-las com a mão de forma nada discreta, durante as execuções de peças. Disse a este repórter, certa vez, que o motivo era que seus arranjos estavam sendo copiados por plagiadores que nada lhe pagavam, e que faria de tudo para impedi-los. Inclusive mover ações judiciais, se necessário.
No entanto, quando encontrava um telespectador apaixonado de verdade por sua forma de tocar, ou um simples amante da música sem fins lucrativos, não hesitava em enviar uma partitura autografada para a casa do fã, sem nada cobrar.
Pedrinho Mattar, no fundo, era um tipo romântico, obcecado pela música e pelo instrumento que tocava. Do tipo que quebrava a parede da sala de estar do próprio apartamento, mandava içar um piano de cauda por uma dezena de andares e depois mandava fechar a parede de novo.
Pedrinho Mattar foi o último de sua espécie. Restaram seus imitadores.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Pedrinho Mattar
Morte de Pedrinho Mattar põe fim à linhagem de pianistas "floridos" no país
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Editor-chefe da Folha Online
Pedrinho Mattar, que morreu na noite de ontem de infarto fulminante em Santos (SP), era um pianista da chamada escola "florida". Trata-se de uma linhagem de tecladistas virtuoses que tem por característica
--muitos dirão vício-- justamente florear os arranjos das músicas com um sem-número de sobreposições e notas extras.
O efeito sonoro é carregado e encorpado, e por vezes lembra um carrilhão. Funciona muito bem como "entertainment", que era o forte de Mattar, mas certamente provoca enfado em recitais, que por sinal são bem incomuns.
Divulgação |
Pianista Pedrinho Mattar morreu em Santos aos 70 anos |
Afável com o público, mas duro com os imitadores de seu estilo (que proliferavam), ele costumava ser extremamente zeloso com suas partituras, muitas com correções visíveis à mão, as quais tomava o cuidado de impedir que as câmeras da Rede Vida focassem diretamente durante seu programa "Pianíssimo", que estreou nos anos 90.
Muitas vezes, durante o próprio programa, chegou a cobri-las com a mão de forma nada discreta, durante as execuções de peças. Disse a este repórter, certa vez, que o motivo era que seus arranjos estavam sendo copiados por plagiadores que nada lhe pagavam, e que faria de tudo para impedi-los. Inclusive mover ações judiciais, se necessário.
No entanto, quando encontrava um telespectador apaixonado de verdade por sua forma de tocar, ou um simples amante da música sem fins lucrativos, não hesitava em enviar uma partitura autografada para a casa do fã, sem nada cobrar.
Pedrinho Mattar, no fundo, era um tipo romântico, obcecado pela música e pelo instrumento que tocava. Do tipo que quebrava a parede da sala de estar do próprio apartamento, mandava içar um piano de cauda por uma dezena de andares e depois mandava fechar a parede de novo.
Pedrinho Mattar foi o último de sua espécie. Restaram seus imitadores.
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