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13/02/2007
-
12h28
DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
Se sua intenção é ver "Turistas" --aquele filme que "denigre" a imagem do Brasil-- com a bandeira verde-amarela numa mão e a flâmula dos EUA debaixo da sola do sapato, fique em casa. Guarde o dinheiro do ingresso, ligue a TV e espere até alguma novela do horário nobre aparecer na telinha. Os estereótipos reproduzidos lá fora são transmitidos por nossa produção nacional diariamente. E "de graça", como adoram dizer as emissoras quando se esquecem que operam sob concessões públicas.
Mas o assunto aqui é cinema. Do ruim. Vale tudo em "Turistas", que chega às salas do país nesta sexta-feira (16). Roteiro sem pé nem cabeça, erros de continuidade, Marcelo D2 e Adriana Calcanhoto como trilha sonora de filme de terror, perseguições intermináveis e uma câmera que chacoalha tanto para tão pouco. A abordagem míope dos brasileiros é pouca coisa perto da chatice da obra em si.
Quem leu a sinopse já sabe basicamente a trama inteira. Uma trupe de estrangeiros está em viagem por um "excêntrico país". Na tentativa de ir para Floripa, parte deles pega um ônibus na direção de Recife. Pois é. O motorista, truculento como o resto do povo, quase joga todos em uma ribanceira. O caso é que suecos, ingleses e norte-americanos ficam numa praia mais ou menos deserta, regados à caipirinha e mulatas. O deslumbramento de criança em visita ao zoológico predomina nas atuações.
Pois os dias de felicidade dos "gringos" estão contados, já que um paramédico brasileiro antiimperialista decide torturá-los e roubar-lhes os órgãos para distribuir aos pobres. É uma vingança contra os séculos de exploração, explica o vilão Zamora, levando-se mais a sério do que o longa permitiria.
O orçamento publicitário de "Turistas" foi três vezes maior do que o da produção em si, de US$ 10 milhões. Até um site falso de agência de viagens foi feito para promover a história. Se deu resultado? Até agora, 55 salas de 21 cidades brasileiras o exibirão. O bordão "falem mal, mas falem de mim" é insuficiente para explicar este caso.
A polêmica em torno da empreitada tira proveito de um ato falho coletivo. Depois de decretarem que "a gente se vê por aqui", quando nos vemos por lá escancaramos nossa auto-estima rasteira. Alguém deve lucrar com esse rancor todo... A propósito, quem aí já assistiu à chamada de "Paraíso Tropical", novo folhetim da Globo?
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Leia tudo o que já foi publicado sobre "Turistas"
Patético, filme "Turistas" agride menos que produções nacionais
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da Folha Online
Se sua intenção é ver "Turistas" --aquele filme que "denigre" a imagem do Brasil-- com a bandeira verde-amarela numa mão e a flâmula dos EUA debaixo da sola do sapato, fique em casa. Guarde o dinheiro do ingresso, ligue a TV e espere até alguma novela do horário nobre aparecer na telinha. Os estereótipos reproduzidos lá fora são transmitidos por nossa produção nacional diariamente. E "de graça", como adoram dizer as emissoras quando se esquecem que operam sob concessões públicas.
Divulgação |
Perigosos nativos da espécie dos brasileiros carregam estrangeiro no pau-de-arara |
Quem leu a sinopse já sabe basicamente a trama inteira. Uma trupe de estrangeiros está em viagem por um "excêntrico país". Na tentativa de ir para Floripa, parte deles pega um ônibus na direção de Recife. Pois é. O motorista, truculento como o resto do povo, quase joga todos em uma ribanceira. O caso é que suecos, ingleses e norte-americanos ficam numa praia mais ou menos deserta, regados à caipirinha e mulatas. O deslumbramento de criança em visita ao zoológico predomina nas atuações.
Divulgação |
Cena do filme "Turistas", que apela para mutilações e assassinatos sanguinolentos |
Pois os dias de felicidade dos "gringos" estão contados, já que um paramédico brasileiro antiimperialista decide torturá-los e roubar-lhes os órgãos para distribuir aos pobres. É uma vingança contra os séculos de exploração, explica o vilão Zamora, levando-se mais a sério do que o longa permitiria.
O orçamento publicitário de "Turistas" foi três vezes maior do que o da produção em si, de US$ 10 milhões. Até um site falso de agência de viagens foi feito para promover a história. Se deu resultado? Até agora, 55 salas de 21 cidades brasileiras o exibirão. O bordão "falem mal, mas falem de mim" é insuficiente para explicar este caso.
A polêmica em torno da empreitada tira proveito de um ato falho coletivo. Depois de decretarem que "a gente se vê por aqui", quando nos vemos por lá escancaramos nossa auto-estima rasteira. Alguém deve lucrar com esse rancor todo... A propósito, quem aí já assistiu à chamada de "Paraíso Tropical", novo folhetim da Globo?
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