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20/02/2007 - 17h41

Novo longa de Zé do Caixão deve estrear em agosto

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ROBERTO HIRAO
do Agora

Foram 20 anos sem filmar, e José Mojica Marins, o Zé do Caixão, foi com sede ao pote. Seu novo filme, com estréia prevista para agosto, "A Encarnação do Demônio", tem cenas de arrepiar, nunca vistas no cinema brasileiro. Filmou como nunca havia filmado, graças a um orçamento generoso, superior a R$ 2 milhões. Sua ousadia espanta até o produtor Paulo Sacramento (o mesmo de "Amarelo Manga").

Mojica, 70 anos, descreve seu novo filme como um "festival de sadismo", com uma cena de impacto a cada dez minutos. "Não vou deixar o espectador respirar", ameaça. E surpreende até o elenco com as "maluquices" que cria (leia mais abaixo). Mesmo atrizes veteranas como Débora Muniz, que tem no currículo 32 filmes de longa-metragem e 16 curtas, diz que nunca viu coisa igual. Ela afirma ter feito de tudo no cinema, até filmes de sexo explícito. "Mas com Mojica é diferente".

João Wainer/Folha Imagem
Diretor e ator José Mojica Marins durante o último dia de filmagem do longa
Diretor e ator José Mojica Marins durante o último dia de filmagem do longa
Sacramento jogou alto no filme, de olho no mercado americano --Zé do Caixão foi introduzido nos EUA como Coffin Joe pela Something Weird, uma distribuidora de filmes alternativos.

Tamanho entusiasmo resultou num problema sério para Mojica. A cópia final do filme deverá ter 1 hora e 40 minutos, dentro das normas internacionais do mercado exibidor, e ele tem 14 horas de material filmado. Isso significa que 12 horas e 20 minutos de filme deverão ir para o lixo. Pior: o filme foi todo rodado à moda antiga, em película de 35mm. Isso numa época dominada pelo vídeo digital.

A finalização em película é muito mais demorada, mais complicada e sobretudo mais cara. "E não tem efeitos especiais", diz Mojica.

Longe da indigência de sua fase inicial, quando filmava com uma equipe minúscula numa sinagoga abandonada do Brás, o novo filme tem ares de superprodução: equipe técnica altamente profissionalizada, de 70 pessoas, 1.000 figurantes e figurinos especialmente desenhados para o filme.

João Wainer/Folha Imagem
Atriz Débora Muniz em cena do filme
Atriz Débora Muniz em cena do filme
O visual de Zé do Caixão também mudou. Sua vestimenta foi modernizada pelo estilista Alexandre Herchcovitch. Até a cartola é outra, de contornos mais suaves, com a aba ligeiramente levantada. Nada radical, para não chocar seu público. Quem quiser conferir, basta comparar com uma foto antiga.

Zé está muito mais elegante. Aparece no filme o diretor teatral José Celso, como o Anticristo.

Não poderia faltar a maldição mortal que assombra os filmes de Mojica. Desta vez morreu, no meio das filmagens, o ator (e amigo) Jece Valadão. E terminadas as filmagens, Mojica perdeu outro amigo, o cineasta Ozualdo Candeias. Aos berros, afirma: "A maldição acabou! Zé do Caixão morreu!".

Baratas

Uma das cenas mais impressionantes do filme, em que uma mulher é jogada no meio de 3.000 baratas, correu o risco de ser cortada. Nenhuma das atrizes convidadas se dispôs a contracenar com as baratas. Mojica chegou a pensar em eliminar a cena, até que apareceu Leny Arc, uma atriz iniciante de 24 anos, que topou o desafio.

Ela confessa que "morre de medo de baratas", mas enfrentou com tranqüilidade os bichos. "Eram baratas de laboratório", explica. A equipe técnica também fez exigências para trabalhar: apareceu com roupa de escafandrista e botas de cano alto. Dias depois, ele descobriu que o fotógrafo faltou à filmagem, provavelmente com medo das baratas.

"Fiquei sem as fotos de uma das principais seqüências. Vou ter de extrair imagens direto do filme. O resultado técnico é sofrível, mas não há outra solução", diz Zé do Caixão.

Especial
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