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14/03/2007
-
23h39
SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online
A The Week decidiu acabar com a "farra" da lista VIP. A boate quer impedir a entrada de freqüentadores que apelam para nomes alheios e outros truques para obter descontos ou posar de importantes. No sábado, dia da festa "Babylon", a casa isolou a hostess Grá Ferreira, a fim de evitar o contato e o assédio de quem usa a lábia para arrancar benefícios. O movimento caiu.
"Mesmo com uma freqüência menor, faturamos mais. Quem entrou consumiu. Não queremos bibas truqueiras que pegam garrafa vazia no chão para tomar água na torneira do banheiro ou tumultuam a fila para entrar como VIP sem ser", dispara André Almada, sócio da boate da Lapa (zona oeste de SP), que cadastrará clientes para receber um cartão "gold".
A Folha Online ouviu "bibas truqueiras". O esquema era o seguinte: você entra na fila da lista VIP. Quando chega sua vez, você "pesca" um nome qualquer que consta do papel que está nas mãos de hostess. Como não se checa o RG, e a fila tem de andar logo, você entra linda e só paga R$ 30. Sem nome na lista nem flyer, custa R$ 50.
"Os convidados reclamavam muito que a fila VIP era monstruosa, a maior da casa. Mas acabou essa palhaçada de querer entrar de graça, de usar nomes falsos, de gente pobre de espírito. A hostess vai sumir da porta. Não vamos cobrar RG, pois é indelicado. Só paga R$ 30 quem tem cartão de fidelidade. Para flyer, continua R$ 40."
A mudança provocou chiadeira entre alguns gays. Eles citam que, desde o início, a The Week incentivou a farra da lista VIP para lotar a casa e que, agora, com o sucesso, endurece a triagem para lucrar mais com preços maiores. "Não temo boicote. Tenho respeito com os VIPs de verdade, escolhidos por critérios claros. São fornecedores, parceiros comerciais, formadores de opinião", diz Almada. O tempo fechou na Lapa.
Rosa na boca
Vamos dançar tango, amor?! O convite não será mais um absurdo em São Paulo. Nos dias 14 e 15 de abril, uma escola quer ensinar passos básicos da dança típica da Argentina para casais do mesmo sexo na capital. O pacote de cinco horas de aulas custa R$ 100. O projeto é do espaço de dança Ruth Rachou (0/xx/11/3045-4813), em parceira com a Flex Voyage. A estratégia da agência de viagens é fisgar nas aulas clientes para um pacote turístico para Buenos Aires no Dia do Trabalho (1º de maio).
Na ponta da língua
Para os principais dicionários do país ("Aurélio" e "Houaiss"), a definição de "casal" é a seguinte: "par formado por macho e fêmea". Há quem se incomode com o uso da palavra para caracterizar relações entre pessoas do mesmo do sexo, recomendando o termo "par". Por essa lógica, está formalmente errado escrever "casal gay". O correto seria "par gay". Em todo o mundo, dicionários demoram a atualizar seus verbetes, a incorporar expressões coloquiais, como gírias, para ampliar o repertório oficial. Assim, lembram as leis, quase sempre a alguns passos atrás na comparação com a realidade.
Dono do mundo
Parece até uma daquelas reviravoltas de novela. Nos últimos dias, Gilberto Braga teve de suportar o agouro de que sua "Paraíso Tropical" é um mico no Ibope. Realmente, a audiência foi pífia na primeira semana, mas nada que justifique tratar a produção como um lixo. Aí, de repente, Gilberto ressurge como pivô de uma conquista para o movimento gay. Após uma queixa do teledramaturgo, a TV Globo decidiu incluir, como dependentes, no plano de saúde da empresa, companheiros do mesmo sexo de seus funcionários. Gilberto forma casal (e não par, ok) com o decorador Edgar Moura Brasil, há mais de 30 anos.
Tribo indie
As idéias fervilham na cabeça de um grupo de amigos de Curitiba (PR). Eles aproveitam o espaço livre da internet para expor suas "inspirações e pirações". Chama-se coletivo "ponnei.com", endereço do site da turma.
"É um aglomerado de idéias que relaciona arte, moda, design e afins. Queremos contribuir com algo para o mundo e não apenas desenvolver críticas ao que se vê, na posição cômoda de espectador", conta Rudy Sarnovski.
Não se incomoda em mostrar seu trabalho em uma coluna para gays? "Não há nenhum problema. Estamos falando de temas que agradam aqueles que possuem algum tipo de sensibilidade, independente da sua preferência sexual."
No site, há galerias interessantes de imagens. São editoriais de moda e ensaios fotográficos, como o da fotógrafa Atenéia Longo com homens tatuados, além de trabalhos dos seus colegas Rafael Lopes, Júlio K e Rodrigo Alberini. Nos textos sobre música, uma forte influência da tribo indie.
Vai encarar?
O fotógrafo belga Rik Scott adora retratar o universo feminino, com forte apelo lésbico. São imagens de mulheres fortes, mas também delicadas, que podem ser vistas em seu site.
Série no bar
Point das bolachas em SP, o Bar da Fran (r. dos Pinheiros, 735, Pinheiros) prepara uma surpresa para as meninas. Adquiriu um DVD original da série "The L Word" para exibir aos domingos.
Gafe
Senta que lá vem história. A "bicha carão" andava pela r. Haddock Lobo. Estava morrendo de fome e decidiu comer em um lugar barato. Viu a placa "Pão com Manteiga". Era um restaurante. Desinformada, ela logo pensou: "Com esse nome, deve ser bem baratinho". Não era. Lá se vai o salário do mês.
Corpos molhados
A abertura da Sauna 269 na r. Bela Cintra foi adiada para o fim do mês. Justificativa: houve atraso de fornecedores na entrega do material importado.
Hora de comer
O grupo Pão de Açúcar abriu lojinhas da bandeira "Extra Perto" no tradicional gueto da República: no largo do Arouche, ali quase vizinho ao restaurante Gato que Ri, e na av. São João, quase esquina com Ipiranga, ali no reduto dos "cines perversos".
Correio elegante
Duas edições de "Destaques GLS" provocaram enxurrada de e-mails neste ano. Eis as mensagens mais contundentes.
Sobre "SP vira capital do carão":
"Acho esse papo de carão um saco. Na esmagadora maioria das vezes, vem de gente inconveniente que não sabe seu lugar nem tem noção que ninguém é obrigado a corresponder a qualquer flerte. Não tenho nenhuma atração por caras afetados. A maioria é gente frustrada que precisa entender uma coisa: afinidade, química, atração acontece ou não" (Rogerio)
Sobre "O que a elite gay vai vestir no verão":
"Há gays que pensam diferente, que divergem e que não fazem parte dessa patota pequeno burguesa hedonista e retrógrada, que julgam as pessoas por suas posses e valores materiais. Já chega ter que engolir as futilidades. Há gays que pensam, não apenas vestem roupas" (Jefferson)
Dicas de sites
Ouzar é o nome do recém-inaugurado boteco lésbico de Adriana Gentile, a Drica.
GOOL é sigla do blog "Gayz Of Our Lives", sobre a cena dos gays nos EUA.
Dicas de vídeos
"Paraíso Tropical" começa com "Cabide", de Mart'nália (que não fala de sua vida pessoal), e "Difícil", de Marina (que defende sauna para mulheres em "Anna Bella").
Richarlyson, jogador do São Paulo, virou alvo de vídeo no YouTube, repleto de escracho maldoso sobre sua dança e ataques típicos do mundo do futebol.
"Destaques GLS" é publicada às quartas. Endereço para envio de comentários e sugestões: sergio.ripardo@folha.com.br. Só serão respondidos e-mails de remetentes identificados
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Editor de Ilustrada da Folha Online
A The Week decidiu acabar com a "farra" da lista VIP. A boate quer impedir a entrada de freqüentadores que apelam para nomes alheios e outros truques para obter descontos ou posar de importantes. No sábado, dia da festa "Babylon", a casa isolou a hostess Grá Ferreira, a fim de evitar o contato e o assédio de quem usa a lábia para arrancar benefícios. O movimento caiu.
"Mesmo com uma freqüência menor, faturamos mais. Quem entrou consumiu. Não queremos bibas truqueiras que pegam garrafa vazia no chão para tomar água na torneira do banheiro ou tumultuam a fila para entrar como VIP sem ser", dispara André Almada, sócio da boate da Lapa (zona oeste de SP), que cadastrará clientes para receber um cartão "gold".
A Folha Online ouviu "bibas truqueiras". O esquema era o seguinte: você entra na fila da lista VIP. Quando chega sua vez, você "pesca" um nome qualquer que consta do papel que está nas mãos de hostess. Como não se checa o RG, e a fila tem de andar logo, você entra linda e só paga R$ 30. Sem nome na lista nem flyer, custa R$ 50.
"Os convidados reclamavam muito que a fila VIP era monstruosa, a maior da casa. Mas acabou essa palhaçada de querer entrar de graça, de usar nomes falsos, de gente pobre de espírito. A hostess vai sumir da porta. Não vamos cobrar RG, pois é indelicado. Só paga R$ 30 quem tem cartão de fidelidade. Para flyer, continua R$ 40."
A mudança provocou chiadeira entre alguns gays. Eles citam que, desde o início, a The Week incentivou a farra da lista VIP para lotar a casa e que, agora, com o sucesso, endurece a triagem para lucrar mais com preços maiores. "Não temo boicote. Tenho respeito com os VIPs de verdade, escolhidos por critérios claros. São fornecedores, parceiros comerciais, formadores de opinião", diz Almada. O tempo fechou na Lapa.
Lucia Pattarino/Divulgação |
Homens dançam tango em La Boca, bairro para "turista ver", em Buenos Aires, na Argentina |
Vamos dançar tango, amor?! O convite não será mais um absurdo em São Paulo. Nos dias 14 e 15 de abril, uma escola quer ensinar passos básicos da dança típica da Argentina para casais do mesmo sexo na capital. O pacote de cinco horas de aulas custa R$ 100. O projeto é do espaço de dança Ruth Rachou (0/xx/11/3045-4813), em parceira com a Flex Voyage. A estratégia da agência de viagens é fisgar nas aulas clientes para um pacote turístico para Buenos Aires no Dia do Trabalho (1º de maio).
Na ponta da língua
Para os principais dicionários do país ("Aurélio" e "Houaiss"), a definição de "casal" é a seguinte: "par formado por macho e fêmea". Há quem se incomode com o uso da palavra para caracterizar relações entre pessoas do mesmo do sexo, recomendando o termo "par". Por essa lógica, está formalmente errado escrever "casal gay". O correto seria "par gay". Em todo o mundo, dicionários demoram a atualizar seus verbetes, a incorporar expressões coloquiais, como gírias, para ampliar o repertório oficial. Assim, lembram as leis, quase sempre a alguns passos atrás na comparação com a realidade.
Ana Carolina Fernandes/FI |
Braga assina "Paraíso Tropical", que começou com ibope baixo, apesar de críticas positivas |
Parece até uma daquelas reviravoltas de novela. Nos últimos dias, Gilberto Braga teve de suportar o agouro de que sua "Paraíso Tropical" é um mico no Ibope. Realmente, a audiência foi pífia na primeira semana, mas nada que justifique tratar a produção como um lixo. Aí, de repente, Gilberto ressurge como pivô de uma conquista para o movimento gay. Após uma queixa do teledramaturgo, a TV Globo decidiu incluir, como dependentes, no plano de saúde da empresa, companheiros do mesmo sexo de seus funcionários. Gilberto forma casal (e não par, ok) com o decorador Edgar Moura Brasil, há mais de 30 anos.
Atenéia Helena Longo/Divulgação |
Tatuagem é tema de trabalho fotográfico do coletivo ponnei, que une arte, moda e design |
As idéias fervilham na cabeça de um grupo de amigos de Curitiba (PR). Eles aproveitam o espaço livre da internet para expor suas "inspirações e pirações". Chama-se coletivo "ponnei.com", endereço do site da turma.
Atenéia Helena Longo/Divulgação |
Imagem faz parte de galeria do coletivo curitibano ponnei.com |
Atenéia Helena Longo/Divulgação |
Modelo Maíra Becke (Nass Models) em ensaio "Antes do Fim", do coletivo ponnei.com |
No site, há galerias interessantes de imagens. São editoriais de moda e ensaios fotográficos, como o da fotógrafa Atenéia Longo com homens tatuados, além de trabalhos dos seus colegas Rafael Lopes, Júlio K e Rodrigo Alberini. Nos textos sobre música, uma forte influência da tribo indie.
Rik Scott/Divulgação |
Trabalho do fotógrafo belga Rik Scott mostra a força das mulheres em uma queda-de-braço |
O fotógrafo belga Rik Scott adora retratar o universo feminino, com forte apelo lésbico. São imagens de mulheres fortes, mas também delicadas, que podem ser vistas em seu site.
Série no bar
Point das bolachas em SP, o Bar da Fran (r. dos Pinheiros, 735, Pinheiros) prepara uma surpresa para as meninas. Adquiriu um DVD original da série "The L Word" para exibir aos domingos.
Gafe
Senta que lá vem história. A "bicha carão" andava pela r. Haddock Lobo. Estava morrendo de fome e decidiu comer em um lugar barato. Viu a placa "Pão com Manteiga". Era um restaurante. Desinformada, ela logo pensou: "Com esse nome, deve ser bem baratinho". Não era. Lá se vai o salário do mês.
Corpos molhados
A abertura da Sauna 269 na r. Bela Cintra foi adiada para o fim do mês. Justificativa: houve atraso de fornecedores na entrega do material importado.
Hora de comer
O grupo Pão de Açúcar abriu lojinhas da bandeira "Extra Perto" no tradicional gueto da República: no largo do Arouche, ali quase vizinho ao restaurante Gato que Ri, e na av. São João, quase esquina com Ipiranga, ali no reduto dos "cines perversos".
Correio elegante
Duas edições de "Destaques GLS" provocaram enxurrada de e-mails neste ano. Eis as mensagens mais contundentes.
Sobre "SP vira capital do carão":
"Acho esse papo de carão um saco. Na esmagadora maioria das vezes, vem de gente inconveniente que não sabe seu lugar nem tem noção que ninguém é obrigado a corresponder a qualquer flerte. Não tenho nenhuma atração por caras afetados. A maioria é gente frustrada que precisa entender uma coisa: afinidade, química, atração acontece ou não" (Rogerio)
Sobre "O que a elite gay vai vestir no verão":
"Há gays que pensam diferente, que divergem e que não fazem parte dessa patota pequeno burguesa hedonista e retrógrada, que julgam as pessoas por suas posses e valores materiais. Já chega ter que engolir as futilidades. Há gays que pensam, não apenas vestem roupas" (Jefferson)
Dicas de sites
Ouzar é o nome do recém-inaugurado boteco lésbico de Adriana Gentile, a Drica.
GOOL é sigla do blog "Gayz Of Our Lives", sobre a cena dos gays nos EUA.
Dicas de vídeos
"Paraíso Tropical" começa com "Cabide", de Mart'nália (que não fala de sua vida pessoal), e "Difícil", de Marina (que defende sauna para mulheres em "Anna Bella").
Richarlyson, jogador do São Paulo, virou alvo de vídeo no YouTube, repleto de escracho maldoso sobre sua dança e ataques típicos do mundo do futebol.
"Destaques GLS" é publicada às quartas. Endereço para envio de comentários e sugestões: sergio.ripardo@folha.com.br. Só serão respondidos e-mails de remetentes identificados
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