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21/01/2001 - 04h15

Moda é pano de fundo em "Um Anjo Caiu do Céu"

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da Folha de S.Paulo

Há pelo menos 20 anos, a moda não sai de moda nas telenovelas. Virou gênero, com passarela certa para desfilar: o horário das sete. Amanhã, mais uma trama envolvendo modelos e disputa entre estilistas aparece na
Globo: estréia "Um Anjo Caiu do Céu".

O tema vai servir de pano de fundo, costurando um enredo que tem adereços como a ação, o drama familiar e a comédia. No epicentro, está o personagem João Medeiros, interpretado por um Tarcísio Meira de visual moderninho, com brincos e piercings nas orelhas.

Ele é um fotógrafo internacional que clica por acaso o líder de um grupo neonazista em Praga. Ao sofrer um atentado, João Medeiros entra em coma e é salvo pelo anjo Rafael (Caio Blat), que lhe dá mais seis meses de vida. Em troca, o querubim exige que o fotógrafo volte ao Brasil e refaça sua confusa vida familiar.

É aí que a moda entra na história. A ex-mulher de João Medeiros, Naná (Renata Sorrah), é estilista e dona de uma butique, chamada Garota de Ipanema.

Apesar de boa-praça, Medeiros a traiu com a própria cunhada, Laila
(Christiane Torloni), ex-modelo que hoje é dona de uma faculdade de moda.
João Medeiros tem duas filhas do casamento com Naná. A mais velha é Duda (Patrícia Pillar). Ela é casada com Maurício (Marcello Anthony), dono da boate LZ-129. A outra filha é Virgínia (Débora Evelyn), que culpa o pai pelo acidente que sofreu na adolescência e acabou com seu sonho de ser bailarina.

João Medeiros, embora não saiba, possui uma terceira filha, Cuca (Débora Falabella), fruto da pulada de cerca com a cunhada. Cuca é a rival da marrenta Carol (Mariana Hein), modelo e líder das patricinhas na faculdade de moda.

O clima de ação da novela fica por conta dos neonazistas que correm atrás das fotografias tiradas por João Medeiros em Praga. O tom de comédia está concentrado nos personagens Selmo de Windsor (Daniel Dantas), um estilista brasileiro decadente que mora em Londres, e Paulinho (Cássio Gabus Mendes), seu copeiro, que aproveita a morte do patrão para se fingir de homossexual e costureiro.

Esse personagem, segundo Antonio Calmon, autor de "Um Anjo Caiu do Céu", é uma homenagem ao pai de Cássio, Cassiano Gabus Mendes (1929-1993), um especialista no filão, que escreveu "Plumas & Paetês" (1980/81) e "Ti-Ti-Ti" (1985/86), protagonizada pelos afetados Jacques Léclair (Reginaldo Faria) e Victor Valentin (Luiz Gustavo).

Mas que novidade outra novela do gênero poderia trazer nos dias de hoje? "A moda virou uma expressão artística e cultural em si, como o rock'n'roll. Não é mais coisa frívola, de grã-fino. Ela popularizou-se e serve como marca de identificação de um grupo", afirma Calmon.
Espécie de herdeiro de Cassiano Gabus Mendes, Calmon também escreveu "Top Model" (1989/90) e a minissérie "Sex Appeal" (1993), que marcou a estréia das atrizes Carolina Dieckmann, Camila Pitanga e Luana Piovani.

O gênero, como se vê, é uma ótima vitrine para mostrar novos rostinhos na TV. "Dá um colorido legal. Não deixa de ser uma desculpa para mostrar gente bonita", disse o diretor Dênis Carvalho, durante o lançamento da novela.

Para Cássio Gabus Mendes, o egocêntrico mundo da moda é um meio bastante propício para conflitos de personagens. "Mas não entendo nada de moda", assume. Daniel Dantas também afirma nunca ter se preocupado com a moda. Mas leu recentemente um texto do filósofo francês Jean Boudrillard que lhe soou interessante. "Ele fala que a moda se contrapõe à arte, da mesma forma que a fofoca é o oposto da história."

A figurinista Emília Duncan afirma que não tem pretensão de retratar a moda atual. "Figurino é uma narrativa por meio de signos visuais. O personagem é que me leva ao estilo dele. E, como a novela é uma comédia, podemos exagerar. Vamos ter uma arca de Noé de estilos, novos e antigos", disse.
(CRISTIAN KLEIN)
 

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