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03/12/2002 - 07h37

Usuários da rede pagam a conta do spam

JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S.Paulo

Imagine dois exemplos de abusos que você pode sofrer. Uma empresa empanturra de impressos a sua caixa de correio e obriga você a pagar pelo selo postal. Uma outra telefona para sua casa e oferece produtos e serviços e faz a ligação a cobrar.

Essa forma de comportamento abusivo existe de verdade no mundo eletrônico. Chama-se spam, nome dos e-mails com mensagens publicitárias que o assinante de um provedor de internet recebe sem ter solicitado.

Pode-se achar de tudo nas mensagens. Oferta de produtos de informática, pornografia e prostituição, cassinos virtuais, implante de dentes ou medicamentos contra frigidez ou impotência.

Detalhe: as grandes marcas -montadoras de automóveis, cervejarias, bancos e corretoras de seguros e títulos- não utilizam spam. Sabem que essas mensagens irritariam o internauta, o que prejudicaria a imagem empresarial delas.

Funcionam hoje no Brasil pouco mais de 1.200 provedores de acesso à internet. Entre eles, 350 fazem parte de uma associação chamada Abranet. A entidade calcula que o spam hoje representa mais de 40% das mensagens de correio eletrônico que chegam aos, segundo pesquisa do Ibope, 14,3 milhões de brasileiros conectados. O spam somava há dois anos apenas 10% do tráfego de e-mails, diz Roque Abdo, presidente da Abranet. A participação dessas mensagens quadruplicou e continua crescendo.

Quem paga a conta
Isso tem um custo. E quem paga é o próprio internauta. Eis como.
1) Os provedores são obrigados a se equipar com estações suplementares de processamento de e-mails, repassando o custo para assinantes de seus serviços.

2) Segundo o Ibope, 92% dos internautas se conectam por telefone, que é mais lento. Em São Paulo, a Telefônica cobra R$ 0,10257 por impulso de quatro minutos. Quanto mais "pesado" o spam em Kbytes -fotografias, arquivos de som-, mais impulsos serão necessários para baixá-los. O Museu do Spam, site montado para lutar contra essa prática, calcula que milhares de internautas paguem de telefone R$ 75 mensais só para receber essa forma indesejada de correio eletrônico.

3) Fazendo o caminho inverso: um spammer que consiga fazer chegar sua mensagem de 10 Kbytes (texto e pequena produção gráfica) a 2 milhões de internautas terá provocado, só de despesas telefônicas, um estrago de R$ 1.710,00. Caso ele faça dez spams por dia, o estrago custará tanto quanto um carro popular. Ou 30 carros populares por mês.

4) Algumas empresas já começam a calcular o quanto o spam custa para elas em termos de mão-de-obra, já que os funcionários perdem tempo na leitura das mensagens antes de deletá-las e ainda porque o bloqueio num software como o Outlook Express exige oito clicadas com o mouse e ainda a digitação, num campo específico, do nome do spammer ou do assunto de sua mensagem.

A Abranet é partidária da auto-regulamentação. Os provedores têm cortado a assinatura de spammers conectados à rede por linha telefônica. Mas dependem das empresas que fornecem as linhas de banda larga para identificar pessoas que transformam seus próprios computadores em provedores de e-mail e em seguida praticam o spam.
 

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