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20/08/2003
-
15h00
da Folha de S.Paulo, em Nova York
Em algum momento iria acontecer. Passada a febre inicial, as "flash mobs" --mobilizações de curtíssima duração organizadas por e-mail e mensagens via telefone celular-- chegam enfim à sua particular crise de identidade.
Para grande parte do mundo, elas já deixaram de ser novidade. Tampouco contam mais com o fator "surpresa" --os encontros são programados em listas públicas na internet, nas quais o interessado pode se agendar de acordo com a programação e até sincronizar o relógio para não perder preciosos segundos.
A dúvida agora é sobre o que vai acontecer com elas: se sobreviverão como forma de arte, como uma diversão, como um instrumento de marketing ou se vão simplesmente perder força e, eventualmente, desaparecer.
"Vai depender de as pessoas usarem sua imaginação para pensar coisas novas para fazer que sejam divertidas, mas não perturbadoras ou ilegais", diz Howard Rheingold, autor do livro "Smart Mobs" e considerado um dos maiores especialistas sobre o assunto. Rheingold opina que, se embicarem para o lado comercial, as mobs estarão colocando sua própria sobrevivência em risco. "Duvido que tenham sucesso. Não seria autêntico e pareceria spam", compara ele.
Outro estudioso do assunto, porém, acha que o uso das "mobs" como uma arma de propaganda pode ser, sim, uma opção para o movimento de agora em diante.
"Há um potencial incrível para as 'mobs'", diz Thomas Grow, responsável pelo site Mob Project, que cita um exemplo: "Marketing de guerrilha é aquele em que você tem uma alguma abordagem incomum na propaganda. A impressão que fica é muito mais memorável", afirma.
Um outro caminho, já tateado por movimentos semelhantes, é o de as "mobs" assumirem conotação predominantemente política.
Na semana passada, por exemplo, em meio a diversas mobs sem sentido aparente programadas pelos EUA, havia a convocação para uma aparição de protesto em San Diego contra o "recall" do governador da Califórnia.
"A disputa é ridícula. Vamos mostrar como ela é ridícula", dizia o texto-convite, que pedia aos participantes que aparecessem de terno e gravata em um prédio federal e gritassem o mais alto possível: "Eu para governador".
Não era um ato isolado: outra "mob" foi convocada para o mesmo dia (sábado passado) para protestar em Sacramento, capital do Estado, contra o legislativo --considerado por alguns a origem de toda a crise.
A maioria, porém, é ainda pura e simplesmente diversão mesmo. "Elas nos dão um motivo para sorrir nesse mundo de terrorismo e de muitos outros estresses da vida diária", opina Grow.
A onda de "mobs" começou em junho passado, com uma mobilização em Nova York. A partir daí, espalharam-se rapidamente pelo mundo e chegaram ao Brasil na semana passada. O princípio é basicamente o mesmo: os participantes são convocados por e-mail ou por celular para estar em um determinado lugar em um certo horário para fazer alguma atividade de curta duração.
A idéia, porém, varia bastante e, em geral, não faz muito sentido para quem vê de fora. Depois da ação conjunta, os participantes se dispersam rapidamente, de modo a evitar confusão.
Seja lá por qual caminho, Grow acredita que elas vieram para marcar época. "Acho que elas estão se tornando a principal moda cultural até agora neste século."
Passado o impacto novidadeiro, começa debate sobre "flash mobs"
ROBERTO DIASda Folha de S.Paulo, em Nova York
Em algum momento iria acontecer. Passada a febre inicial, as "flash mobs" --mobilizações de curtíssima duração organizadas por e-mail e mensagens via telefone celular-- chegam enfim à sua particular crise de identidade.
Para grande parte do mundo, elas já deixaram de ser novidade. Tampouco contam mais com o fator "surpresa" --os encontros são programados em listas públicas na internet, nas quais o interessado pode se agendar de acordo com a programação e até sincronizar o relógio para não perder preciosos segundos.
A dúvida agora é sobre o que vai acontecer com elas: se sobreviverão como forma de arte, como uma diversão, como um instrumento de marketing ou se vão simplesmente perder força e, eventualmente, desaparecer.
"Vai depender de as pessoas usarem sua imaginação para pensar coisas novas para fazer que sejam divertidas, mas não perturbadoras ou ilegais", diz Howard Rheingold, autor do livro "Smart Mobs" e considerado um dos maiores especialistas sobre o assunto. Rheingold opina que, se embicarem para o lado comercial, as mobs estarão colocando sua própria sobrevivência em risco. "Duvido que tenham sucesso. Não seria autêntico e pareceria spam", compara ele.
Outro estudioso do assunto, porém, acha que o uso das "mobs" como uma arma de propaganda pode ser, sim, uma opção para o movimento de agora em diante.
"Há um potencial incrível para as 'mobs'", diz Thomas Grow, responsável pelo site Mob Project, que cita um exemplo: "Marketing de guerrilha é aquele em que você tem uma alguma abordagem incomum na propaganda. A impressão que fica é muito mais memorável", afirma.
Um outro caminho, já tateado por movimentos semelhantes, é o de as "mobs" assumirem conotação predominantemente política.
Na semana passada, por exemplo, em meio a diversas mobs sem sentido aparente programadas pelos EUA, havia a convocação para uma aparição de protesto em San Diego contra o "recall" do governador da Califórnia.
"A disputa é ridícula. Vamos mostrar como ela é ridícula", dizia o texto-convite, que pedia aos participantes que aparecessem de terno e gravata em um prédio federal e gritassem o mais alto possível: "Eu para governador".
Não era um ato isolado: outra "mob" foi convocada para o mesmo dia (sábado passado) para protestar em Sacramento, capital do Estado, contra o legislativo --considerado por alguns a origem de toda a crise.
A maioria, porém, é ainda pura e simplesmente diversão mesmo. "Elas nos dão um motivo para sorrir nesse mundo de terrorismo e de muitos outros estresses da vida diária", opina Grow.
A onda de "mobs" começou em junho passado, com uma mobilização em Nova York. A partir daí, espalharam-se rapidamente pelo mundo e chegaram ao Brasil na semana passada. O princípio é basicamente o mesmo: os participantes são convocados por e-mail ou por celular para estar em um determinado lugar em um certo horário para fazer alguma atividade de curta duração.
A idéia, porém, varia bastante e, em geral, não faz muito sentido para quem vê de fora. Depois da ação conjunta, os participantes se dispersam rapidamente, de modo a evitar confusão.
Seja lá por qual caminho, Grow acredita que elas vieram para marcar época. "Acho que elas estão se tornando a principal moda cultural até agora neste século."
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