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25/10/2006
-
19h49
FERNANDA CRANCIANINOV
da Folha Online
A Justiça brasileira e a Google norte-americana já entraram em acordo, ainda que informalmente, sobre questões judiciais envolvendo conteúdo impróprio (pedofilia, homofobia e racismo) presente nas comunidades do Orkut, segundo comunicado à imprensa, nesta quarta-feira, direto da própria Google americana.
A confusão entre a Google e a Justiça, em torno dos cerca de 40 processos judiciais envolvendo a quebra de sigilo de usuários do Orkut, não passou de uma "série de mal-entendidos", afirmou o engenheiro chefe da Google americana, Luiz Barroso. A empresa garante que entregou todos os dados necessários para a investigação. A procuradoria do caso nega.
A empresa assumiu que não respondeu como deveria às exigências da imprensa e da Justiça e, agora, pretende fazer o possível para melhorar a comunicação entre o país e a sede da empresa, nos EUA. A Google também se diz disposta a evitar possíveis irregularidades no site de relacionamentos Orkut.
O outro lado
A Folha Online apurou que a sede da empresa, nos EUA, não entregou o que foi pedido pela Justiça brasileira para dar continuidade às investigações. O Brasil queria o fornecimento do número do IP (Internet Protocol) dos usuários ligados às comunidades com conteúdo ilegal. A empresa forneceu somente o nome de "login" destes usuários. Só com esta informação não é possível a identificação de qualquer pessoa.
Em setembro deste ano, a Google Brasil recorreu contra a determinação da Justiça que pedia a quebra de sigilo dos perfis de usuários do Orkut. O Ministério Público Federal de São Paulo entrou com a ação para poder investigar possíveis usuários ligados a crimes de pedofilia, homofobia e racismo.
Durante todo o processo, a Google brasileira alega não ter como fornecer os dados do site de relacionamentos porque a decisão depende da matriz, americana.
Responsabilidade de quem?
A empresa insiste em atribuir aos usuários do Orkut todo o mérito pelo sucesso do site. "Todo conteúdo do Orkut é, na verdade, produzido pelos usuários. É com eles que devemos trabalhar na educação e na conscientização para manter a qualidade do site", afirma Barroso.
A reportagem apurou que a estratégia legal da Google, e da maioria dos sites que dependem do conteúdo postado por usuários,como o YouTube, seria repassar a responsabilidade legal aos usuários. Aparentemente, a empresa não investe pesado na fiscalização de conteúdo, não divulga o número de pessoas envolvidas neste trabalho e já afirmaram a autoridades brasileiras que o usuário não paga pelo serviço, por isso, não poderia exigir muito do site.
Atualmente, no "caso Orkut", como nas leis da internet, as incertezas ainda prevalecem. Segundo Barroso, o Orkut tem hoje mais de 25 milhões de usuários, com 60% brasileiros. No caso do Orkut, se a Justiça brasileira teve de se reportar, com dificuldade, à sede da empresa, nos EUA, como procederia um usuário brasileiro que tivesse seu perfil do Orkut invadido e utilizado de maneira indevida?
A Google Brasil tenta se esquivar do caso, jogando tudo para a sede do provedor, A Google Inc., nos EUA. do seu lado, a Google Inc. promete "melhorias" e mais envolvimento com o Brasil.
"Orkut bonito"
Neste sentido, a companhia anunciou "melhorias" no site de relacionamento Orkut e a criação de um "canal direto" para as autoridades brasileiras. Entre as novidades, Barroso, um brasileiro, estrategicamente escolhido para falar à imprensa nacional, afirma que a Google está empenhada em promover "o uso positivo" do Orkut para manter a qualidade do seu conteúdo. A campanha, lançada na homepage do Orkut, anuncia: "mantenha o orkut bonito" (keeping orkut beautiful).
"Implementamos recursos acessíveis aos usuários e também algumas ferramentas internas para garantir a qualidade do site." Barroso fez questão de ressaltar que as mudanças já vinham sendo desenvolvidas "há bastante tempo", e que não são uma simples resposta às exigências legais do país.
Ferramentas e recursos
Entre as melhorias implementadas, a Google anunciou a "moderação múltipla" das comunidades do Orkut. "Permitiremos que até dez pessoas possam monitorar as comunidades, assim, fica mais fácil fazer o controle do conteúdo do site, que é o que há de melhor no Orkut", explica Barroso.
Internamente, a empresa pretende aumentar em dez vezes a rapidez do tempo de resposta de denúncias sobre conteúdo ilegal e em 14 vezes a quantidade de pessoas que monitoram estas denúncias. A Google não revelou a quantidade de pessoas que trabalham para isto, nem o tempo médio de resposta. "Garantimos que são pessoas que compreendem bem a língua portuguesa, sobretudo o português falado no Brasil, para que possamos fazer este monitoramento", afirmou Barroso.
A Google promete que a investigação não é voltada apenas aos textos, mas também às imagens que possuam qualquer conteúdo potencialmente irregular. A tecnologia utilizada será algo bem semelhante daquela usada nas buscas para anúncios publicitários do Google (no Google AdSense). Barroso afirma, no entanto, que, para a fiscalização, "o olho humano ainda é a melhor ferramenta".
"Linha direta"
Como uma provável resposta aos casos em andamento na Justiça, a empresa afirma que vem desenvolvendo um "canal direto" entre a Google americana e a Justiça brasileira. "Ainda não temos a previsão de lançamento deste canal, mas adiantamos que será uma ferramenta on-line e que daremos total prioridade ao contato com as autoridades."
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A Justiça brasileira e a Google norte-americana já entraram em acordo, ainda que informalmente, sobre questões judiciais envolvendo conteúdo impróprio (pedofilia, homofobia e racismo) presente nas comunidades do Orkut, segundo comunicado à imprensa, nesta quarta-feira, direto da própria Google americana.
A confusão entre a Google e a Justiça, em torno dos cerca de 40 processos judiciais envolvendo a quebra de sigilo de usuários do Orkut, não passou de uma "série de mal-entendidos", afirmou o engenheiro chefe da Google americana, Luiz Barroso. A empresa garante que entregou todos os dados necessários para a investigação. A procuradoria do caso nega.
A empresa assumiu que não respondeu como deveria às exigências da imprensa e da Justiça e, agora, pretende fazer o possível para melhorar a comunicação entre o país e a sede da empresa, nos EUA. A Google também se diz disposta a evitar possíveis irregularidades no site de relacionamentos Orkut.
O outro lado
A Folha Online apurou que a sede da empresa, nos EUA, não entregou o que foi pedido pela Justiça brasileira para dar continuidade às investigações. O Brasil queria o fornecimento do número do IP (Internet Protocol) dos usuários ligados às comunidades com conteúdo ilegal. A empresa forneceu somente o nome de "login" destes usuários. Só com esta informação não é possível a identificação de qualquer pessoa.
Em setembro deste ano, a Google Brasil recorreu contra a determinação da Justiça que pedia a quebra de sigilo dos perfis de usuários do Orkut. O Ministério Público Federal de São Paulo entrou com a ação para poder investigar possíveis usuários ligados a crimes de pedofilia, homofobia e racismo.
Durante todo o processo, a Google brasileira alega não ter como fornecer os dados do site de relacionamentos porque a decisão depende da matriz, americana.
Responsabilidade de quem?
A empresa insiste em atribuir aos usuários do Orkut todo o mérito pelo sucesso do site. "Todo conteúdo do Orkut é, na verdade, produzido pelos usuários. É com eles que devemos trabalhar na educação e na conscientização para manter a qualidade do site", afirma Barroso.
A reportagem apurou que a estratégia legal da Google, e da maioria dos sites que dependem do conteúdo postado por usuários,como o YouTube, seria repassar a responsabilidade legal aos usuários. Aparentemente, a empresa não investe pesado na fiscalização de conteúdo, não divulga o número de pessoas envolvidas neste trabalho e já afirmaram a autoridades brasileiras que o usuário não paga pelo serviço, por isso, não poderia exigir muito do site.
Atualmente, no "caso Orkut", como nas leis da internet, as incertezas ainda prevalecem. Segundo Barroso, o Orkut tem hoje mais de 25 milhões de usuários, com 60% brasileiros. No caso do Orkut, se a Justiça brasileira teve de se reportar, com dificuldade, à sede da empresa, nos EUA, como procederia um usuário brasileiro que tivesse seu perfil do Orkut invadido e utilizado de maneira indevida?
A Google Brasil tenta se esquivar do caso, jogando tudo para a sede do provedor, A Google Inc., nos EUA. do seu lado, a Google Inc. promete "melhorias" e mais envolvimento com o Brasil.
"Orkut bonito"
Neste sentido, a companhia anunciou "melhorias" no site de relacionamento Orkut e a criação de um "canal direto" para as autoridades brasileiras. Entre as novidades, Barroso, um brasileiro, estrategicamente escolhido para falar à imprensa nacional, afirma que a Google está empenhada em promover "o uso positivo" do Orkut para manter a qualidade do seu conteúdo. A campanha, lançada na homepage do Orkut, anuncia: "mantenha o orkut bonito" (keeping orkut beautiful).
"Implementamos recursos acessíveis aos usuários e também algumas ferramentas internas para garantir a qualidade do site." Barroso fez questão de ressaltar que as mudanças já vinham sendo desenvolvidas "há bastante tempo", e que não são uma simples resposta às exigências legais do país.
Ferramentas e recursos
Entre as melhorias implementadas, a Google anunciou a "moderação múltipla" das comunidades do Orkut. "Permitiremos que até dez pessoas possam monitorar as comunidades, assim, fica mais fácil fazer o controle do conteúdo do site, que é o que há de melhor no Orkut", explica Barroso.
Internamente, a empresa pretende aumentar em dez vezes a rapidez do tempo de resposta de denúncias sobre conteúdo ilegal e em 14 vezes a quantidade de pessoas que monitoram estas denúncias. A Google não revelou a quantidade de pessoas que trabalham para isto, nem o tempo médio de resposta. "Garantimos que são pessoas que compreendem bem a língua portuguesa, sobretudo o português falado no Brasil, para que possamos fazer este monitoramento", afirmou Barroso.
A Google promete que a investigação não é voltada apenas aos textos, mas também às imagens que possuam qualquer conteúdo potencialmente irregular. A tecnologia utilizada será algo bem semelhante daquela usada nas buscas para anúncios publicitários do Google (no Google AdSense). Barroso afirma, no entanto, que, para a fiscalização, "o olho humano ainda é a melhor ferramenta".
"Linha direta"
Como uma provável resposta aos casos em andamento na Justiça, a empresa afirma que vem desenvolvendo um "canal direto" entre a Google americana e a Justiça brasileira. "Ainda não temos a previsão de lançamento deste canal, mas adiantamos que será uma ferramenta on-line e que daremos total prioridade ao contato com as autoridades."
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