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Crise força saída de fabricantes de computadores do mercado
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JULIO WIZIACK
da Folha de S.Paulo
A crise financeira destruiu os planos de sucesso dos fabricantes de computador de pequeno e médio portes. É o que revelam os dados do IDC (International Data Corporation). Os números mostram que os líderes do setor tomaram cerca de 10% do mercado de seus concorrentes, apenas nas vendas realizadas nas redes varejistas, nos últimos seis meses.
A Folha obteve o balanço do IDC com os fabricantes. A líder Positivo viu sua participação saltar de 23,3%, no terceiro trimestre de 2008, para 30%, no primeiro trimestre de 2009. É seguida pela Semp Toshiba, que foi de 7,5% a 13,2%.
Antes do estouro da crise, em meados de agosto de 2008, as companhias de menor fôlego --que hoje vendem cerca de 30 mil computadores trimestralmente-- tinham investido pesado para entrar em um mercado que vinha crescendo, em média, 30% no caso dos PCs e 100% no dos notebooks.
"A estratégia era crescer disputando espaço nas prateleiras como marcas de terceira ou quarta opção", diz Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa do IDC para a América Latina.
A febre dos computadores levou até os gigantes dos eletroeletrônicos a entrarem nesse negócio, como Philips, Samsung e LG. Mas a desvalorização cambial, que fez o dólar disparar, encareceu os componentes dos computadores (tanto PCs quanto notebooks), provocando uma alta no preço final de até 25%. No setor, a maior parte dos componentes que integram os computadores é importada.
Resultado: uma queda de quase 48% nas vendas. Elas totalizaram 3,276 milhões de unidades, no terceiro trimestre de 2008, e terminaram em 2,217 milhões no primeiro trimestre de 2009.
Outra dificuldade enfrentada por esses fabricantes foi a escassez de crédito. Os fornecedores de insumos (como memórias e placas-mãe) deixaram de facilitar o pagamento. Segundo Sakis, isso gerou um estrangulamento no fluxo de caixa. A alta do dólar, que somou cerca de 38% no período, não foi totalmente repassada para o consumidor. E as margens de lucro, que antes eram de 20%, caíram para 6%. "Eles ficaram com esse prejuízo", diz.
Só quem tinha condições de buscar crédito na praça e comprar em grandes quantidades conseguiu atravessar esse período preservando a saúde financeira. "E esse grupo é aquele formado pelas líderes do setor", diz Ivair Rodrigues, diretor da consultoria IT Data, que faz levantamentos de mercado para a Abinee, a associação dos fabricantes.
Empresas como Mirax, Sunsex, Kennex, Novadata, Notecel, Epicom, Preview e Netgate são exemplos entre as que perderam mercado. A Folha apurou que duas teriam encerrado suas atividades. A reportagem tentou entrar em contato, mas até o fechamento da edição não obteve retorno. Seus resultados nem sequer aparecem no novo relatório do IDC.
Num cenário como esse, os analistas estimam que essas companhias teriam de crescer 100% a cada trimestre para conseguir manter-se em ponto de equilíbrio.
Até os fabricantes de eletroeletrônicos que entraram na disputa com os líderes do setor --Positivo, HP e Dell-- já estudam uma retirada. É o caso da Philips. A Folha apurou com os fornecedores de matéria-prima que a empresa holandesa só teria estoque até julho e que, depois disso, abandonaria os computadores. A empresa afirma que está estudando essa possibilidade, mas, até o momento, não tomou decisão.
A CCE, que antes da crise chegou a exibir 14% de participação do mercado, também sentiu o impacto, caindo para 5,8%. Ela perdeu terreno principalmente para a Intelbras, que passou de 8,6% para 9,8%, e para a Semp Toshiba, que saltou de 7,5% para 13,2%.
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