da Livraria da Folha
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Freyre faz observações sobre vários aspectos da história da moda |
No caldeirão multirracial brasileiro, os modos e as modas passaram, ao longo do tempo, por complexa história de mudança de mentalidades e costumes. O sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre, em "Modos de Homem & Modas de Mulher" (Global), nos relata as várias combinações e adaptações feitas pela sociedade brasileira, trazendo novos conceitos de feminilidade e de elegância.
Bom lembrar, o Brasil foi, durante anos, um passivo importador de moda. De Paris, para as mulheres. De Londres, para os homens. Nas noites de baile, também no dia a dia --perfumes, loções, adornos, vestidos, espartilhos, meias, sapatos--, tudo francês. Em plena belle époque, por exemplo, impensável para uma dama carioca elegante sair à rua sem suas luvas, sombrinha e leque importados.
A elite brasileira não somente vestia-se à francesa, mas viam seus médicos, dentistas e amantes em Paris. Lá, eles bebiam nos livros, nos teatros e na música francesa. O autor de "Casa-Grande & Senzala" nos lembra que esta influência da moda francesa começou a ser superada por outras, como a saída de Nova York, Estados Unidos, conhecida como moda flapper.
Inspirada nos jovens heróis americanos na Primeira Grande Guerra, esta moda marcante e criativa trouxe para corpo da mulher moderna influências masculinizantes. Para Freyre, foi um certo pendor para o unissex, hoje tão generalizado e de grande aceitação. Essa nova moda de mulher colocou Nova York como rival de uma Paris, até então imbatível.
No livro, Freyre defende a ideia de que o Brasil é parte de uma "civilização ecológica tropical" que conseguiu, sem renunciar à sua herança cultural européia, valorizar modos e modas locais. Não mais consumidores passivos, brasileiros e brasileiras vêm recriando tais modas adaptando-as a situações culturalmente brasileiras e mesmo "ousando quase inventar brasileirismos".