Livraria da Folha

 
20/07/2010 - 23h02

Livro relata como são feitos recrutamentos de filmes pornôs; leia trecho

da Livraria da Folha

Divulgação
Obra trata do envolvimento de brasileiros comuns com a indústria pornô
Livro trata do envolvimento de brasileiros com a indústria pornô

O livro da antropóloga María Elvira Díaz-Benitez, "Nas redes do sexo: os bastidores do pornô brasileiro", desvenda todo este curioso e imaginado universo, a partir de pesquisa realizada em São Paulo, grande centro das produções do gênero. Díaz-Benitez acompanhou filmagens de pornôs hétero, gay e travesti.

"Sexo e práticas sexuais serão fios condutores de toda a narrativa. A partir deles se origina, nessas redes, uma complexa gama de convenções sociais que posicionam os indivíduos diferencialmente dentro do coletivo", explica logo na introdução Díaz-Benitez.

Leia trecho sobre o recrutamento dos atores a atrizes pornô:

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Os sujeitos que interessam maciçamente aos recrutadores são, sobretudo, as mulheres - corpos fundamentais para a produção do pornô hétero, considerado mainstream por excelência - e rapazes, existindo uma diferenciação entre os que são encaminhados para filmes hétero e os que são encaminhados para filmes gay. Enquanto os primeiros permanecem por longas temporadas no circuito, sem um recrutamento efetivo, os rapazes de filmes gay precisam ser renovados em resposta às demandas do mercado. Finalmente, as travestis conformam o principal mercado pornô distribuído fora do Brasil, por isso é grande a quantidade O recrutamento é efetuado em distintos contextos, muitos deles ligados à prostituição e ao mercado do sexo: ruas, saunas, boates, privês, casas noturnas e sites. Além disso, recruta-se também por meio do conhecimento das redes de moradia de diversas pessoas que transitam por tais circuitos.

(...)

Os recrutadores procuram, então, garotos "sarados" e másculos porque é aquilo que o mercado, tanto hétero como gay, privilegia. Já os rapazes efeminados ou "bichas pintosas" posicionam-se como um sem-lugar na indústria pornô. Em geral, os poucos filmes gay feitos com pintosas ou com montadas - rapazes que vestem ou se "montam" de mulher para contextos específicos - possuem um caráter jocoso e cômico cuja finalidade é mais causar riso do que excitação.

Além dos rapazes viris, existe outro estilo de rapaz bastante requisitado pela indústria pornô gay e que atualmente ocupa o topo da preferência. Esses rapazes são encontrados no Centro da cidade, no largo do Arouche, na rua da República e imediações, especialmente nas ruas Bento e Rego Freitas. Trata-se de garotos de corpos definidos, porém mais magros, geralmente de baixa estatura e de aparência adolescente.

Na indústria pornô são chamados de lolitos ou ninfetos, denominações que batizam também algumas das séries por eles protagonizadas. Nesse universo, a juventude persiste como um valor, chegando-se até mesmo ao ponto de um rapaz com mais de 25 anos ser considerado velho para o mercado.

Os lolitos que conheci têm, em sua maioria, entre 18 e 21 anos - certamente alguns têm mais do que isso, mas, a julgar por seus aspectos físicos juvenis, lhes é fácil mentir a idade e serem convincentes. Por sua vez, garotas com o mesmo tipo de aparência também são amplamente requisitadas pela indústria, pois, no pornô, existe uma grande valorização da juventude, uma extrema sexualização do corpo jovem. Internacionalmente, os filmes protagonizados por lolitas são denominados teens ou teenagers.

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"Nas Redes do Sexo: os bastidores do pornô brasileiro"
Autor: María Elvira Díaz-Benitez
Editora: Zahar
Quanto: R$ 46,00
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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