Livraria da Folha

 
03/10/2010 - 13h13

Jornalista abomina textos, frases e palavras longas na mídia

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Segundo Arlete, há muitos textos, frases e palavras longas na mídia
Segundo Arlete, há muitos textos, frases e palavras longas na mídia
Arte
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"Escrevem-se textos longos, frases longas, palavras longas. Consequentemente, erra-se mais", explica a jornalista Arlete Salvador. Com a também jornalista Dad Squarisi, Arlete publicou dois volumes sobre como compor textos de forma clara e objetiva --"A Arte de Escrever Bem" e "Escrever Melhor".

Enxugar significa priorizar, ensina a dupla. Em entrevista à Livraria da Folha, Arlete revelou que ela e Dad tentam pôr em prática o que pregam na teoria para mostrar que é possível escrever melhor.

Dos ruídos que encontra em textos jornalísticos, aponta a falta de objetividade, clareza e concisão como o pior. "Fica uma embolação de ideias, um amontoado de informações que não fazem sentido".

Arlete recomenda que as frases sejam curtas e escritas na ordem direta. A escolha das palavras deve expressar o pensamento do autor com clareza.

Questionada se há diferença entre os problemas encontrados em certos tipos de mídia, a jornalista disse que localiza os mesmos problemas nos jornais e na internet.

A autora defende que o Twitter é um grande exercício de texto, porque as pessoas são obrigadas a escrever frases curtas e objetivas.

Leia abaixo a íntegra da entrevista com Arlete Salvador.

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Segundo jornalistas, editar um texto não é procurar erros gramaticais
Segundo jornalistas, editar um texto não é procurar erros gramaticais

Livraria da Folha - Como surgiu a parceria entre você e a Dad para escrever "A Arte de Escrever Bem" e "Escrever Melhor" ?
Arlete - Eu entendo que eu e a Dad nos completamos profissionalmente. Nós duas somos jornalistas, mas eu trabalho mais com estilo de texto, e ela, por ter também formação em letras, faz a abordagem mais gramatical.

Livraria da Folha - A linguagem dos livros é bem informal, como se vocês estivessem batendo um papo com o leitor. Foi difícil nivelar a linguagem?
Arlete - Nós temos os mesmos talentos, mas cuidados de temas diferentes nos livros. Assim, não é difícil trabalharmos juntas. Quanto à linguagem dos livros, tentamos pôr em prática o que pregamos na teoria para mostrar que é possível, sim, escrever melhor.

Livraria da Folha - Nos textos jornalísticos, quais os vícios mais gritantes? Jargões, gerundismo ou outro?
Arlete - O pior ruído que eu vejo nos textos jornalísticos é a falta de objetividade, clareza e concisão. Às vezes, o texto está correto gramaticalmente, mas não entendemos o que o autor quer dizer. Ou, pelo menos, não entendemos muito bem. Ou entendemos errado. Fica uma embolação de ideias, um amontoado de informações que não fazem sentido juntas.

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Autoras usam até bom humor nas dicas de como redigir melhor
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Livraria da Folha - Diferem no tipo de mídia em que são publicados?
Arlete - Eu vejo os mesmos problemas nos jornais e na internet. Escreve-se demais. Escrevem-se textos longos, frases longas, palavras longas. Consequentemente, erra-se mais. Acho o Twitter um grande exercício de texto, porque as pessoas são obrigadas a escrever frases curtas e objetivas. Fazem sucesso aqueles que sabem fazer isso. Preste atenção neles.

Livraria da Folha - Como fizeram o levantamento das principais dúvidas?
Arlete - Nos nossos livros, eu e Dad defendemos que um bom texto deve ser conciso, objetivo e claro. Isso quer dizer sem enrolação e nariz de cera. As frases devem ser curtas e escritas na ordem direta. A escolha das palavras também deve ser cuidadosa. Elas devem ser concretas para expressar o pensamento do autor com clareza. O que adianta dizer que a mesa é bonita, se não descrevermos a mesa? O leitor não vai conseguir visualizar de que mesa estamos falando.

 
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