Livraria da Folha

 
05/10/2010 - 13h13

Salman Rushdie cria fábula infantil sobre a importância da liberdade de expressão

ARIADNE ARAÚJO
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Haroun se aventura para devolver ao pai o dom de contar histórias
Haroun se aventura para devolver ao pai o dom de contar histórias

Era uma vez uma fábula encantada sobre a alegria de contar histórias e o prazer de ouvi-las. Neste conto das "mil e duas noites", vive o curioso menino Haroun e seu pai Rashid Khalifa, um inventor e contador profissional de histórias, apelidado pelos amigos de Mar de Ideias e pelos rivais de Xá do Blá-blá-blá. Mas um dia, o homem que bebia a água morninha da torneira das histórias, perdeu, de repente, seu dom mágico. Tragédia para todas as pessoas com espírito de criança do mundo.

Assim começa a incrível aventura do menino que saiu em busca de um final feliz para o pai e para os personagens de "Haroun e o Mar de Histórias" (Companhia das Letras), do renomado escritor britânico de origem indiana, Salman Rushdie. Escrito logo após a ordem de execução que o Aiatolá Khomeini jogou sobre sua cabeça, após a publicação do célebre Os versos satânicos, em 1989, este livro infantojuvenil é uma maneira que autor encontrou para explicar a seu filho pequeno como ele perdeu a liberdade de expressão.

Para falar com seu filho e com as crianças de todo o planeta, o escritor lançou mão de uma narrativa cheia de encantamentos, fantasias, parábolas. Assim, o pequeno Haroun, acompanhado de Iff, o barba-azul Gênio da Água, e a bordo de MasMas, o gavião de penacho, parte para uma aventura em Kahani, a segunda lua da Terra, onde habitam os dois povos inimigos, os sombrios Thupwalas e os solares Gupis. Lá, nas águas do Mar dos Fios de Histórias, ele busca a cura definitiva para o pai contador de fábulas.

Mas, antes, teve que usar de artifícios mágicos para vencer o terrível mestre do lado escuro da lua - o arquiinimigo de todas as histórias do mundo, da própria linguagem e da fala. "O nome dele", sussurrou o Gênio da Água, e o céu escureceu por um momento quando ele pronunciou, "é Khattam-Shud". Com uma poluição mortal, esse tirânico príncipe do silêncio jogou pesado para varrer todas as fábulas da face da Terra, de suas luas também. "Para que servem essas histórias que nem sequer são verdade?", perguntava o malvado.

A salvo a biblioteca do Mar dos Fios das Histórias, Haroun soube, então, que estas milhares de narrativas, as contadas e as que ainda vão ser inventadas, se unem umas às outras, se entrelaçam, se misturam e se tornam novas versões de si mesmas. Elas são, assim, fantasia, liberdade, alegria, pura vida. Restabelecida a ordem natural das coisas, voltam pai e filho para a casa, para darem aos habitantes de sua vila, tal qual fez Salman Rushdie aos seus leitores, um pouco de "história alegre para beber".

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"Haroun e o Mar de Histórias"
Autor: Salman Rushdie
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 184
Quanto: R$ 17,00 (preço promocional, por tempo limitado)
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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