Livraria da Folha

 
10/10/2010 - 13h11

"A Turma que Não Escrevia Direito" retrata os bastidores do "new journalism"

da Livraria da Folha

No início dos anos 1960, a estrutura do jornalismo convencional não conseguia mais comportar a efervescência dos Estados Unidos. Textos sustentados apenas em "o quê, quem, quando, onde, como e por quê" já não davam conta de retratar o que acontecia em meio à Guerra do Vietnã, ao movimento hippie e ao lirismo de todas as manifestações socioculturais que acordavam do moralismo da década de 1950.

Nessa época, surgiu um grupo de jornalistas disposto a ir além, a enxergar boas histórias onde ninguém antes havia procurado e a utilizar recursos literários para contá-las. Era o princípio do "new journalism", gênero que teve como arautos Gay Talese, Tom Wolfe, Truman Capote (1924-1984), Norman Mailer (1923-2007), Jimmy Breslin e Hunter S. Thompson (1937-2005), entre outros. Essa agitação é descrita no lançamento "A Turma que Não Escrevia Direito" (Record, 2010), de Marc Weingarten, que resgata as apurações e os bastidores das reportagens que fazem parte do melhor jornalismo do século 20.

Divulgação
Para tornar as histórias mais humanas, jornalistas acrescentaram toques literários aos seus textos
Para tornar as histórias mais humanas, jornalistas acrescentaram toques literários aos seus textos

Em "Radical Chique e o Novo Jornalismo" (Companhia das Letras, 2005), Tom Wolfe também aborda as origens e o impacto da chegada de sua geração às redações norteamericanas, além de apresentar textos que caracterizam o fenômeno.

Entre as peculiaridades que regem o gênero, estão as formas de apuração. Talese, em 1966, publicou na revista "Esquire" um perfil de Frank Sinatra sem nunca ter conversado com o mesmo. Ele falou com pessoas próximas e observou o astro em alguns momentos do cotidiano e em shows. O histórico texto, intitulado "Frank Sinatra Has a Cold", é um dos perfis que fazem parte do livro "Fama e Anonimato" (Companhia das Letras, 2004).

Os constantes embates entre os repórteres e os editores também marcaram essa geração.
Hunter S. Thompson que o diga. O jornalista era mestre em desaparecer com as verbas que ganhava para suas pautas. A falta de disciplina, no entanto, ele compensava em seus textos. Outro problema enfrentado pelos que ingressaram no "new journalism" foi o preconceito. Muitos não acreditavam que suas histórias eram verídicas. Jimmy Breslin, que investigava a máfia de Nova York, autor de "O Traidor" (Larousse, 2008), foi um dos alvos da desconfiança dos mais tradicionais.

 
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