da Livraria da Folha
Oprah Winfrey é um dos grandes nomes da televisão norte-americana. Sua figura atrai admiração e ódio. Responsável por um talk show recordista de audiência, surpreendeu a todos em 2009 anunciando que deixaria sua carreira televisiva.
Evan Agostini/AP |
Apresentadora não concordou em ceder entrevistas para biografia; escritora baseou-se em declarações feitas à imprensa em 25 anos |
Um mito vivo como a apresentadora, que despontou da pobreza para o estrelato, atrai curiosidade. Não a toa, ao preparar uma autobiografia, causou furor pelo que seria revelado.
Pela mesma razão, decidiu que não a publicaria mais, considerando expor demais suas histórias. Esta recusa em dar luz à detalhes de sua vida aumentou ainda mais a determinação de Kitty Kelley em escrever sobre a apresentadora.
O primeiro encontro das duas ocorreu quando a jornalista foi divulgar a sua biografia não autorizada de Jackeline Kennedy. Oprah recusou-se a entrevistá-la por não aceitar "este tipo de trabalho" e ser amiga pessoal de uma pessoa da família Kennedy. O fato atiçou a curiosidade de Kelley sobre a figura pública que não falaria com ela.
Quando começou a escrever "Oprah", a autora chegou a procurar a biografada diversas vezes, sempre recebendo um não como resposta. Kitty inclusive se manifestou após uma declaração de Oprah sobre a "falta de verdade" das biografias não autorizadas. Seu contato mais próximo foi com a assessora que, depois das primeiras trocas de mensagens, desapareceu e nunca mais a recebeu.
Todo o percurso para levantar informações, de entrevistas concedidas a diferentes veículos e depoimentos de pessoas próximas, é detalhado no prefácio de "Oprah". Kelley procura deixar claro que tentou obter declarações diretas da apresentadora, sendo sempre recusada.
A escritora traça o perfil de uma mulher que se comporta de forma amável diante das câmeras, chegando a expor grandes feridas suas para o público, mas que fora de seu programa torna-se fechada e exige confidencialidade de todos os seus empregados.
Denis Farrell/AP |
Oprah Winfrey com alunas de sua escola na África do Sul, uma entre várias ações sociais |
Oprah começou na televisão apresentando programas matinais. Sua mudança para Chicago foi uma revolução na televisão norte-americana. Em um dos Estados de maior divisão racial, uma mulher negra comandaria uma atração cujo público alvo era mulheres brancas. Seu estilo sem comedimento, agradou de imediato.
Sem medo, após ter cativado a audiência, começou a tratar de temas considerado constrangedores por muitas pessoas. Estupro, abuso sexual na família, pornografia, prostituição, orgasmo e muitos outros foram mostrados em seu palco. Ela inaugurava um formato que ganharia cópias e sucesso por todo mundo, com pessoas comuns expondo suas desgraças ao público e as tendo debatidas de volta.
Sua primeira intervenção polêmica, sobre abuso sexual na infância, trouxe à tona a própria experiência. Oprah confessou ao vivo que havia sido molestada dos 9 aos 14 anos, primeiro por um primo e depois pelo namorado de uma prima. Segundo Kitty, todos os temas propostos pela apresentadora a partir de então eram uma forma dela conhecer a si mesma e aceitar o que havia acontecido.
"Ela precisou de muitos programas para ver a ligação entre o crime que a marcou na infância e a devastação que se seguiu --promiscuidade na adolescência, uma gravidez indesejada, relacionamentos desastrosos com homens, atração por mulheres, uso de drogas, necessidade obsessiva de controle e o consumo compulsivo de comida que fez com que seu peso oscilasse durante décadas. Em vez de procurar a psicoterapia para lidar com suas feridas, ela procurou o consolo da confissão pública na televisão, achando que seria a melhor solução para si e para outras pessoas".
Aos poucos, a biografia revela o cenário no qual Oprah teria construído sua vida e personalidade para explicar suas atitudes como figura pública. O principal trabalho de Kitty foi tentar entender como sua figura impõe tanto medo que as pessoas mais próximas a ela tornam-se difíceis de decifrar.
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Oprah: Uma Biografia
Autor: Kitty Kelley
Editora: Sextante
Páginas: 384
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha