Livraria da Folha

 
27/10/2010 - 17h34

Biografia revela influência de abuso infantil na carreira de Oprah Winfrey

da Livraria da Folha

Oprah Winfrey é um dos grandes nomes da televisão norte-americana. Sua figura atrai admiração e ódio. Responsável por um talk show recordista de audiência, surpreendeu a todos em 2009 anunciando que deixaria sua carreira televisiva.

Evan Agostini/AP
Apresentadora não concordou em ceder entrevistas para biografia; escritora baseou-se em declarações feitas à imprensa em 25 anos
Apresentadora não concordou em ceder entrevistas para biografia; escritora baseou-se em declarações feitas à imprensa em 25 anos

Um mito vivo como a apresentadora, que despontou da pobreza para o estrelato, atrai curiosidade. Não a toa, ao preparar uma autobiografia, causou furor pelo que seria revelado.

Pela mesma razão, decidiu que não a publicaria mais, considerando expor demais suas histórias. Esta recusa em dar luz à detalhes de sua vida aumentou ainda mais a determinação de Kitty Kelley em escrever sobre a apresentadora.

O primeiro encontro das duas ocorreu quando a jornalista foi divulgar a sua biografia não autorizada de Jackeline Kennedy. Oprah recusou-se a entrevistá-la por não aceitar "este tipo de trabalho" e ser amiga pessoal de uma pessoa da família Kennedy. O fato atiçou a curiosidade de Kelley sobre a figura pública que não falaria com ela.

Quando começou a escrever "Oprah", a autora chegou a procurar a biografada diversas vezes, sempre recebendo um não como resposta. Kitty inclusive se manifestou após uma declaração de Oprah sobre a "falta de verdade" das biografias não autorizadas. Seu contato mais próximo foi com a assessora que, depois das primeiras trocas de mensagens, desapareceu e nunca mais a recebeu.

Todo o percurso para levantar informações, de entrevistas concedidas a diferentes veículos e depoimentos de pessoas próximas, é detalhado no prefácio de "Oprah". Kelley procura deixar claro que tentou obter declarações diretas da apresentadora, sendo sempre recusada.

A escritora traça o perfil de uma mulher que se comporta de forma amável diante das câmeras, chegando a expor grandes feridas suas para o público, mas que fora de seu programa torna-se fechada e exige confidencialidade de todos os seus empregados.

Denis Farrell/AP
Oprah Winfrey com alunas de sua escola na África do Sul, uma entre várias ações sociais
Oprah Winfrey com alunas de sua escola na África do Sul, uma entre várias ações sociais

Oprah começou na televisão apresentando programas matinais. Sua mudança para Chicago foi uma revolução na televisão norte-americana. Em um dos Estados de maior divisão racial, uma mulher negra comandaria uma atração cujo público alvo era mulheres brancas. Seu estilo sem comedimento, agradou de imediato.

Sem medo, após ter cativado a audiência, começou a tratar de temas considerado constrangedores por muitas pessoas. Estupro, abuso sexual na família, pornografia, prostituição, orgasmo e muitos outros foram mostrados em seu palco. Ela inaugurava um formato que ganharia cópias e sucesso por todo mundo, com pessoas comuns expondo suas desgraças ao público e as tendo debatidas de volta.

Sua primeira intervenção polêmica, sobre abuso sexual na infância, trouxe à tona a própria experiência. Oprah confessou ao vivo que havia sido molestada dos 9 aos 14 anos, primeiro por um primo e depois pelo namorado de uma prima. Segundo Kitty, todos os temas propostos pela apresentadora a partir de então eram uma forma dela conhecer a si mesma e aceitar o que havia acontecido.

"Ela precisou de muitos programas para ver a ligação entre o crime que a marcou na infância e a devastação que se seguiu --promiscuidade na adolescência, uma gravidez indesejada, relacionamentos desastrosos com homens, atração por mulheres, uso de drogas, necessidade obsessiva de controle e o consumo compulsivo de comida que fez com que seu peso oscilasse durante décadas. Em vez de procurar a psicoterapia para lidar com suas feridas, ela procurou o consolo da confissão pública na televisão, achando que seria a melhor solução para si e para outras pessoas".

Aos poucos, a biografia revela o cenário no qual Oprah teria construído sua vida e personalidade para explicar suas atitudes como figura pública. O principal trabalho de Kitty foi tentar entender como sua figura impõe tanto medo que as pessoas mais próximas a ela tornam-se difíceis de decifrar.

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Oprah: Uma Biografia
Autor: Kitty Kelley
Editora: Sextante
Páginas: 384
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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