PAULA DUME
Colaboração para a Livraria da Folha
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Evolução nos traços da personagem: da primeira à atual |
Em 2007, a personagem Mônica foi nomeada embaixadora do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). Nesta ocasião, seu pai e criador, Mauricio de Sousa, foi eleito Escritor para Crianças do Fundo. Na última sexta-feira (26), a menina dentuça e brava conquistou mais um título. Durante a coletiva de imprensa dos 50 anos de carreira do desenhista, no MuBE (Museu Brasileiro da Escultura), em São Paulo, Mônica foi outorgada a embaixadora da cultura no Brasil.
As comemorações tiveram início com a prévia do documentário "Biography: Mauricio de Sousa", produzido pelo canal The Biography Channel (Bio), do grupo A&E. O vídeo conta com depoimentos de Ziraldo, Pelé, Herbert Vianna, Luciano Huck, Ivete Sangalo, e dos cartunistas internacionais Jim Davis, Mort Walker e Chris Browne, sobre o criador da Turma da Mônica.
Um dos grandes lançamentos por conta do cinquentenário é o livro "MSP 50", previsto para outubro deste ano. A sugestão foi do roteirista Flávio Teixeira e significa "Mauricio de Sousa por 50 Artistas Brasileiros", mas, ao mesmo tempo, lembra a sigla da Mauricio de Sousa Produções. Sidney Gusman, responsável pelo planejamento editorial do estúdio, selecionou os 50 cartunistas --nacionais e internacionais--, entre eles, Ziraldo, Laerte, Fernando Gonsales, Ivan Reis e Fábio Yabu. Cada autor escolheu um ou mais personagens criados por Mauricio para compor uma história em quadrinhos --de duas a cinco páginas-- conforme seu estilo, em homenagem ao pai da Turma da Mônica. O mais escolhido deles foi o Astronauta.
Yabu adiantou-se um pouco e imaginou como seria daqui a mais 50 anos, quando Mauricio completar cem anos de carreira. "A história se passa em 2059, e nela os personagens envelheceram, terão por volta de 60 anos e serão muito diferentes. O Franjinha será um mega-empresário ganancioso e o Cebolinha seu arquiinimigo. No meio da briga dos dois, há um grupo de rebeldes liderado pela Magali, e um Anjinho muito diferente do que conhecemos", descreve o cartunista. A história pretende contar o que aconteceu com a Mônica.
Outra novidade da turminha será o lançamento e reaparecimento do personagem Chico Bento, desta vez mais jovem e no formato mangá. Ele era o único que ainda não havia aparecido na Turma da Mônica Jovem, lançada em 2008 pela Panini Comics. Mauricio adianta que Chico aparecerá falando sobre reciclagem. O desenhista teve a ideia de criar o mangá quando se deparou com a indecisão de seu filho mais novo, Marcelinho, de dez anos: ler primeiro o mangá Naruto ou os quadrinhos do pai. E assim o cartunista conseguiu aliar o formato inovador do mangá, mas para uma turma mais crescidinha.
Processo
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Mangá Turma da Mônica Jovem, publicado em 2008, pela Panini |
Sem deixar de lado os pequenos, o cartunista antecipou as novidades que virão no próximo semestre por conta das comemorações dos 50 anos. De jogos e desenhos computadorizados a conteúdo para telefone celular e Internet. Segundo ele, a próxima década será a da educação e seu estúdio pretende investir fortemente nessa área de várias formas. Parcerias com a BBC de Londres e o Discovery Channel já foram firmadas.
Um dos desafios que Mauricio precisa vencer, segundo o próprio, é a administração do tempo. Tempo que passou a interferir na composição de seus traços. "Quem nasceu com sapato, ficou com sapato. Quem nasceu sem sapato, sem sapato ficou", afirma quando perguntado sobre o porquê de Cebolinha ser um dos poucos que possui calçado.
A curiosidade do público, que antigamente enviava cartas, foi superada e aprimorada pela Internet. Tanto que do primeiro para o segundo exemplares de Turma da Mônica Jovem, as mudanças incorporadas nos traços proveem do público. E a equipe de Mauricio --formada por 200 pessoas, dentre elas, roteiristas, desenhistas e arte-finalistas-- está atenta e "arisca", nas palavras dele, para adequar a arte e fazê-la dialogar com a linguagem do dia a dia. "Queremos deixar nosso material quase jornalístico", explica.
Quando eu crescer
"Espírito", "Popeye", "Brucutu" e "Luluzinha e Bolinha" influenciaram Mauricio. Com Eisner, aprendeu a ter ousadia na pena e a não repetir as histórias. Luluzinha o ensinou a manter a simplicidade no traço.
Família e amigos inspiraram Mauricio de Sousa a criar a Turma da Mônica
Questionado na coletiva sobre o que o marcou nesses 50 anos de carreira, o desenhista fala que "os primeiros sempre marcam, são os bons momentos". Cita os nascimentos de dois tipos de filhos como marcos importantes em sua trajetória: o de seus dez filhos reais e os em desenho animado. Confidencia ao público ainda que se não fosse desenhista, seria pianista. É Mauricio quem sugere o clima das músicas que conduzirão as aventuras de seus personagens. "Falo para eles tirarem as notas pretas do piano, porque causam melancolia, e deixar as brancas que são vivas e alegres".
Mauricio disponibilizou 3 milhões e 500 mil exemplares de gibis para a Biblioteca Nacional. Os exemplares serão distribuídos em bibliotecas municipais de todo o país.