Livraria da Folha

 
20/09/2009 - 15h31

Para Steven Jay Schneider, pirataria poderá acarretar cadeia negativa no cinema

PAULA DUME
Colaboração para a Livraria da Folha, da Bienal no Rio

Um guia sobre o que e de quem assistir filmes. Quem teve a ideia do exemplar "1001 Filmes para Ver Antes de Morrer" foi Steven Jay Schneider, que conversou com o público no último sábado (19), na 14ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro. O encontro ocorreu às 19h30, no Auditório Euclides da Cunha.

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Autor de "1001 Filmes para Ver Antes de Morrer" conversa com o público na XIV Bienal do Livro do Rio de Janeiro
Autor de "1001 Filmes para Ver Antes de Morrer" conversa com o público na XIV Bienal do Livro do Rio de Janeiro

De suas indicações para 18 películas de Alfred Hitchcock, o pai do suspense, à listagem de filmes do cinema brasileiro, com destaque para Glauber Rocha, o autor deixou bem claro que a lista é infindável.

"1001 filmes pode parecer muito, mas para uma lista digna de ser publicada, ela fica até pequena", disse Schneider. Para ele, fazer essa lista já foi um grande desafio. As futuras atualizações da lista incluem filmes de cada país em que a obra será lançada. No Brasil, "O Pagador de Promessas" (Anselmo Duarte), "Deus e o Diabo na Terra do Sol" e "Terra em Transe" (Glauber Rocha), "Vidas Secas" (Nelson Pereira dos Santos), "O Beijo da Mulher Aranha" (Hector Babenco) e "Cidade de Deus" (Fernando Meirelles) fazem parte da lista nacional.

Qual o principal objetivo deste guia? "Estimular as pessoas a irem atrás de filmes interessantes", explica o autor. Questionado sobre a pirataria que atingiu a estreia de "Tropa de Elite" três semanas antes de seu lançamento oficial e não desbancou a bilheteria nos cinemas --mais de dois milhões de pessoas assistiram ao filme na grande tela--, Schneider citou os modelos econômicos utilizados e disse que "roubar esses filmes vai deflagrar uma cadeia negativa no cinema".

Dentre seus diretores favoritos, o escritor do guia cita David Lynch, David Cronenberg e Quentin Tarantino. "Eu sou fã do Tarantino. Ele é pura alegria, inspiração e criatividade", disse. O mediador comentou as perdas no final de 2007 de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni para o cinema autoral. "Representam a morte de ser autor dentro do cinema", acrescentou Schneider. Para ele, o grande problema do cinema atual é fazer as pessoas assistirem os filmes. Quanto às produções hollywoodianas, "o tipo de história é qualificada, mas não atinge o grande público", esclarece o autor.

O público tratou de questões como o maior número e o futuro das animações, a genialidade ímpar de Woody Allen, a morte de John Hughes, tecnologia 3D, entre outras. Uma das perguntas que incitou o autor a dedar seu critério de seleção dos filmes foi a de que se ele os escolhia por obrigação, mesmo se não gostasse de alguns, ou se a produção era selecionada por pertencer a alguma pecha cinematográfica. "Não poderia deixar que meu gosto pessoal interferisse na lista. O guia contém os filmes que são especiais, não os melhores", defende-se.

O livro antes de ser editado continha três mil filmes. A compilação da lista foi concluída em apenas oito semanas. Foram selecionados 50 críticos de cinema para escrever sinopses de 250 a 350 caracteres sobre as obras. Schneider disse ter tirado películas e ainda assim ter mantido "a integridade da lista". Para o futuro do guia, o autor não pretende fechar os olhos muito menos a escrita para os novos filmes: "Espero editar esse livro daqui a 10 anos", confidencia.

 
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