Livraria da Folha

 
20/11/2009 - 14h32

Instituto de Noética aproveita onda de livro de Dan Brown; diretora nega ser Katherine Solomon

MARINA PASTORE

da Livraria da Folha

Divulgação/Acervo pessoal
A pesquisadora bla bla bla
Marilyn Mandala Schlitz, diretora do IONS, afirma não ter tido contato com Dan Brown antes da publicação do livro "O Símbolo Perdido"

Experiências como cura do câncer através da mente e água sendo modificada pela força do pensamento podem soar como charlatanismo ou até como algo impossível. Mas para Katherine Solomon, protagonista feminina de "O Símbolo Perdido", e para Marilyn Mandala Schlitz, diretora do IONS (Institute of Noetic Sciences), nada disso é impossível.

No novo livro de Dan Brown, Katherine Solomon é uma cientista que estuda um tema ainda pouco comum: a noética. Ela pesquisa principalmente a importância da força do pensamento e o potencial que o cérebro humano possui. Em um dos experimentos narrados no livro, ela chega a medir "a alma" de um ex-professor seu, que aceita morrer em seu laboratório em prol da ciência.

Esta experiência não parece estranha aos olhos de Marilyn: "Já fizemos vários experimentos para medir correlações entre a consciência e o corpo. Os estudos sugerem que a mente vai muito além do cérebro. Na realidade, ela tem capacidade para ir além do cérebro de formas que podem ser medidas. Se isto é a mesma coisa que a alma de uma pessoa? É só uma questão de interpretação".

A diretora do IONS acredita que o lançamento de "O Símbolo Perdido" é uma boa forma de divulgar a ciência para as pessoas. "A história é uma maneira de entender as implicações da noética. Muitas descobertas científicas foram impulsionadas pela ficção científica, permitindo que a imaginação atingisse novas possibilidades", disse ela à Livraria da Folha.

A inclusão deste assunto no livro parece ter aguçado a curiosidade das pessoas. Desde o lançamento da obra nos Estados Unidos, o site do IONS registrou um aumento de 1200% no número de acessos e a quantidade de pessoas que se associaram à instituição cresceu em 300% em comparação ao mesmo período do ano passado. E o instituto está aproveitando este interesse das pessoas. No site, foi criada uma página especial com material que explica alguns experimentos e conceitos que aparecem no livro. Veja aqui.

Com o aumento de interesse, também surgiu uma dúvida: Marilyn Schlitz teria inspirado a personagem Katherine? Segundo o site da própria diretora do IONS, especula-se que ela tenha servido como base para a personagem de Dan Brown. "Para mim parece um sonho ter virado personagem de um best-seller. Katherine Solomon é uma cientista com quem eu tenho muitas coisas em comum", diz Marilyn em material divulgado pelo IONS.

"Tirando a sua pele morena, cabelos compridos, família rica e um maníaco perseguidor, há algumas similaridades excepcionais entre nós duas. Tanto meu pai quanto meu irmão eram maçons do 32º grau e usavam um anel maçônico. Assim como a Katherine, minha carreira começou por volta dos 19 anos. Meu mentor era um neurofisiologista que me apresentou a estudos de antigos textos egípcios e a uma visão científica sobre o poder da mente", conta Marilyn em material divulgado à imprensa.

Entretanto, em entrevista à Livraria da Folha, a cientista nega que Katherine seja totalmente inspirada nela. "A personagem é uma mistura de vários cientistas que estudam noética, mas Katherine e o seu trabalho foram claramente baseados nos 30 anos de pesquisa feitos por mim". Ela também afirma não ter tido nenhum tipo de contato com Dan Brown antes de o livro ser publicado.

A diretora do Instituto aponta similaridades entre os trabalhos desenvolvidos pelas duas: "Durante um estudo, descobrimos que praticantes de meditação tem vários benefícios. E quanto mais pratica, melhor são os resultados. Fico feliz em saber que Katherine confirmou nossas pesquisas", afirma.

Quando perguntada sobre os fatos mais incríveis que já presenciou durante sua carreira, ela conta: "Eu já vi muitas coisas impressionantes em todos estes anos de pesquisa -- desde atos de heroísmo de uma jovem tentando deter o tráfico sexual de jovens até líderes espirituais curando pessoas e experiências de visões remotas, nas quais eu vi pessoas descrevendo locais distantes detalhadamente".

Conheça melhor o tema

Para quem saber mais sobre o tema, a diretora do IONS indica a organização brasileira chamada Willis Harman House. Em seu site, a instituição é descrita como "um espaço de encontro, reflexão, informação e inspiração para todos aqueles que desejam contribuir com o processo de transformação global".

Marilyn também recomenda a leitura do seu livro "Living Deeply: The Art and Science of Transformation in Everyday Life" (sem tradução para o português) e o site livingdeeply.org.

 
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