Livraria da Folha

 
30/11/2009 - 22h31

Corintianos ganham presente antecipado às vésperas do ano do centenário

JULIANA FARANO
colaboração para a Livraria da Folha

Se no dia 13 de outubro de 1977 o chute de Basílio não tivesse entrado, provavelmente os corintianos não estariam lendo esta matéria e muito menos ganhariam um presente antecipado pelo centenário do clube. Foi nesta fatídica noite de quinta-feira, no Morumbi, que o Corinthians venceu a Ponte Preta por 1 a 0, ganhou o Paulistão daquele ano e saiu de um jejum de títulos que durava exatamente 22 anos, oito meses e sete dias. A data também marcou o início do "corintianismo" de um garoto de 9 anos que fazia o tipo intelectual e preferia ler a acompanhar futebol. "Depois que eu vi aquela copa do mundo em preto e branco, minha vida mudou", declara o hoje jornalista e pesquisador Celso Unzelte, que está lançando o livro "Timão 100 Anos", pelo selo Gutenberg da Autêntica Editora.

"Naquela época eu lembro que dizia ser corintiano e até brigava na escola, mas era tudo por osmose, por causa de meu pai. Só fui me dar conta do que representava isso tudo no dia da final de 1977", conta. A partir de então, o menino passou a acompanhar sistematicamente o clube e, tempos depois, fez do futebol e do Corinthians sua profissão.

Hoje, Unzelte se considera um "pesquisador extra-oficial" do time. O jornalista começou no universo dos gramados como repórter da revista "Placar" em 1990, mas com o tempo passou a dedicar sua carreira à pesquisa sobre o futebol. "Nunca tive prazer nenhum em perguntar para um jogador pingando de suor como foi a partida", afirma.

Adriana Vichi/Divulgação
Celso Unzelte relaciona 100 jogos e 100 ídolos do Corinthians
Celso Unzelte relaciona 100 jogos e 100 ídolos do Corinthians

Autor de inúmeros livros, entre eles "Os Dez Mais do Corinthians", "Jornalismo Esportivo: Relatos de uma Paixão", "Flamengo Rei do Rio", "O Grande Jogo" e "Grandes Clubes Brasileiros", Unzelte virou referência quando o assunto é futebol e, principalmente, Corinthians. Tanto que a diretoria do time alvinegro entregou o projeto do "Timão 100 Anos" em suas mãos.

"No início do ano a editora me procurou dizendo que tinham um contato dentro do clube para fazer um livro oficial do centenário, perguntou o que eu achava da ideia e acabei ficando livre para decidir o formato", explica.

O jornalista optou por fazer algo diferente e dividiu o livro em 10 capítulos, cada um representando uma década da história do Corinthians. Divididos também por período, estão devidamente retratados 100 jogos importantes, da primeira vitória, de 2 a 0 sobre o time de várzea Estrela Polar, até o empate de 2 a 2 com o Inter que deu ao clube o título da Copa do Brasil deste ano e a vaga para a Libertadores em 2010.

"Nós tentamos trazer um diferencial iconográfico para este projeto", afirma o autor. Para fugir da "burocracia" que reina sobre a maioria dos livros de futebol, Unzelte colocou a disposição seu acervo pessoal de revistas e jornais que datam desde os anos 30. "Desta forma, além de relatos sobre as partidas e a história do clube, o leitor também consegue ter, literalmente, uma visão de como era o futebol nas épocas mais antigas".

Craques do Timão

Além de partidas inesquecíveis e um panorama geral sobre todas as décadas da história do Corinthians, Unzelte também selecionou 100 jogadores que tiveram atuações marcantes defendendo a camisa alvinegra.

Entre os nomes escolhidos estão: Amílcar, o primeiro a atuar pela seleção; Neco, que jogou 17 anos pelo time; o zagueiro Domingos da Guia, pai do craque palmeirense Ademir da Guia; Basílio, o autor do gol que tirou o clube da fila; Sócrates, o líder intelectual da Democracia Corintiana; Tupãzinho, o talismã da Fiel; Marcelinho Carioca, o jogador que mais conquistou títulos no Timão; o argentino Tevez e, como não poderia deixar de ser, Ronaldo, o Fenômeno.

Leia trechos sobre a fundação do clube, a carreira de Amílcar e o famoso episódio do osso atirado contra os atletas corintianos às vésperas de clássico com o Palestra

O principal critério utilizado para formar a seleção de 100 jogadores foi a identificação com a torcida. Na opinião do jornalista, "o Corinthians teve vários ídolos que não foram necessariamente craques, como, por exemplo, o Biro-Biro". Para Unzelte, o maior de todos foi Luizinho, o Pequeno Polegar. "Foi ele quem melhor aliou conquistas, técnicas e identificação com a torcida. Era um artista com a bola, sabia driblar como ninguém, era tecnicamente excepcional e nasceu, cresceu e morreu na zona Leste", justifica.

No final do livro, um apêndice lista em ordem alfabética os 1251 jogadores e 110 técnicos que defenderam as cores do time pelo menos uma vez, desde o ano de sua fundação até a vitória por 2 a 0 sobre o Santo André no último dia 08. "A intenção foi, na medida do possível, homenagear todas as pessoas que participaram destes cem anos de Corinthians", relata.

Expectativa para o centenário

Divulgação
Jornalista conta a história dos cem anos do Corinthians
Jornalista conta a história dos cem anos do Corinthians

Assim como para a grande maioria dos torcedores do Timão, para Celso Unzelte o ano de 2010 representa a possibilidade de conquistar um título inédito para o clube: a Libertadores. O jornalista se mostra esperançoso: "O Corinthians já tem o mais difícil, que é uma base boa e um técnico de qualidade. Ainda faltam alguns ajustes, mas como todo bom corintiano, eu boto fé no título".

Os "ajustes" talvez venham com alguns reforços especulados pela imprensa esportiva, em especial o lateral-esquerdo Roberto Carlos e o meia argentino Riquelme. "O Corinthians precisa de um novo lateral para suprir a ausência do André Santos e o Roberto Carlos é um ótimo jogador. Já quanto ao Riquelme, ele não está tão bem fisicamente e tem um histórico de problemas de relacionamentos com companheiros de equipe, não sei se seria uma boa alternativa para o clube", opina.

O fato é que independente da equipe que o presidente Andrés Sanchez e o técnico Mano Menezes montarem, o "corintianismo" do jornalista nunca vai deixá-lo parar de acreditar no time. Na contra-capa do livro ele diz que o Corinthians é um "gigante do esporte mundial". Pouco tempo atrás, recebeu uma crítica a esse comentário de um leitor do Blog do Juca Kfouri e assim respondeu: "Se um clube que ganhou o primeiro campeonato que a Fifa se propôs a organizar e que conta com cerca de 25 milhões de torcedores não pode ser considerado uma grande potência mundial, então eu não entendo nada de futebol".

E o corintiano é assim mesmo. Faz valer os gritos que canta no estádio e está com o time em todos os momentos, seja como for. Desde os mais jovens e fanáticos, passando por mulheres, crianças e pais de família, até, quem diria, o atual presidente da república, que encerra o primeiro capítulo de "Timão 100 Anos" com o seguinte depoimento: "Minha relação com o Corinthians é de paixão. O Corinthians não tem torcida, o Corinthians tem militância".

*

"Timão 100 Anos"
Autor: Celso Unzelte
Editora: Gutenberg
Páginas: 192
Quanto: R$ 69,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
Voltar ao topo da página