Maestro Julio Medaglia vira "imortal" e diz que Globo lança sua biografia em 2010
da Livraria da Folha
Autor dos livros "Música Impopular" e "Música, Maestro!", o maestro paulistano Julio Medaglia, 71, tomou posse, na noite desta quinta-feira (3), da cadeira número 3 da Academia Paulista de Letras, que já foi ocupada pelo presidente Washington Luís (1869-1957) e pelo escritor Mário de Andrade (1893-1945). Após a posse, ele conversou com a Livraria da Folha e disse que, em 2010, a editora Globo pretende lançar sua biografia.
| Patrícia Santos/Folha Imagem |
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| Maestro Julio Medaglia vira "imortal" da Academia Paulista de Letras |
A cerimônia foi realizada no salão nobre da Sala São Paulo, na Luz (região central da capital). No discurso, o maestro lembrou da época em que sua família morava no bairro de Santa Cecília, da mãe costureira que adorava escutar no rádio um programa de leitura de crônicas, dos estudos no Liceu Coração de Jesus e dos seus primeiros contatos com o mundo das palavras, do teatro e do cinema.
Depois do tom nostálgico no relato sobre a efervescência da cidade e dos principais movimentos culturais do século 20, o maestro fez críticas à situação atual das artes diante das novas tecnologias, como a internet.
Medaglia disse que a internet é uma "invenção genial", mas está dominada por "esquemas mercadológicos" e também "massacra" a sensibilidade com uma oferta excessiva de informações.
Ele exemplificou dizendo que as obras do filósofo alemão Kant (1724-1804) e de Beethoven (1770-1827) estão disponíveis na rede, mas isso ainda é insuficiente, na sua opinião, para o surgimento de grandes talentos na filosofia e na música erudita.
"Não sou pessimista. Essa fase de adrenalina da vida é passageira", afirmou o maestro, clamando que a Academia Paulista de Letras seja um QG contra pirotecnias e "Frankensteins mercadológicos" de vida curta.
O "maestro do tropicalismo", que já fez trilhas para o teatro, cinema e TV, ilustrou sua crítica lembrando que não existem mais diretores artísticos nas gravadoras, apenas diretores comerciais.
Medaglia contabiliza mais de 400 artigos, ensaios e traduções. Ele é o tradutor do livro "O Jazz do Rag ao Rock", do jornalista alemão e especialista em jazz Joachim-Ernst Berendt. O maestro viveu na Alemanha por mais de dez anos, com passagem pela Filarmônica de Berlim.
De volta ao Arouche
Após o discurso, ele regeu uma pequena orquestra de cordas com 12 músicos, apresentou o o hino da USP (Universidade de São Paulo), cuja música é de sua autoria, foi muito aplaudido sob gritos de "bravo!", também ouviu a leitura de textos de Mário de Andrade e de Humberto de Campos (1886-1934). O vereador Gabriel Chalita (PSB-SP) cantou "Viola Quebrada", também do autor de "Macunaíma".
O prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) chegou no final da cerimônia, elogiou e cumprimentou Medaglia. Kassab improvisou uma fala rápida à plateia, formada por colegas e outros acadêmicos, e lembrou do pai Pedro, médico e educador, que morreu em setembro último, após ter sido eleito em julho para ocupar uma cadeira da APL.
A posse do maestro deve ser a última realizada fora da sede da APL, no largo do Arouche, já que o auditório passa por uma reforma. A partir de abril de 2010, o local deverá ser reaberto para receber eventos culturais, como saraus, peças teatrais, apresentações musicais, exposições e leitura de poesias. Após a cerimônia, Medaglia recebeu cumprimentos de políticos e outras personalidades como o músico Tom Zé (tropicalista como Medaglia) e da atriz Vida Alves, fundadora da Pró-TV, associação de pioneiros da televisão.
"Estamos em busca de patrocínio de empresas privadas para uma extensa programação cultural no próximo ano", disse Alessandra Trindade, consultora cultural da APL.
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"Música Impopular "
Autor: Julio Medaglia
Editora: Global
Páginas: 328
Quanto: R$ 43
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
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"Música, Maestro!"
Autor: Julio Medaglia
Editora: Editora Globo
Páginas: 352
Quanto: R$ 49
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
