Livraria da Folha

 
09/01/2010 - 17h03

Zumbi tinha escravos e a origem da feijoada é europeia; leia trecho de best-seller

da Livraria da Folha

Divulgação
Livro confronta historiografia tradicional desmontando mitos
Livro confronta historiografia tradicional desmontando mitos

O "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", do jornalista paranaense Leandro Narloch, 31, entrou na lista semanal dos dez livros mais vendidos na categoria "não ficção", publicada neste sábado na Folha.

Como definir grosseiramente este livro lançado pela editora portuguesa LeYa? É uma espécie de "Freakonomics" da história do Brasil, ou seja, derruba mitos populares sobre heróis e episódios marcantes do país, sem rodeios, contrariando opiniões que, ao longo do tempo, cristalizaram-se como verdades inquestionáveis.

Sem apego patriótico, o autor se esforça para fornecer discursos alternativos para momentos-chaves. Ele tenta relativizar ideias marteladas em livros didáticos, minimizando as cores carregadas que costumam imprimir os relatos apaixonados de períodos como escravidão e a ditadura militar. Leandro Narloch foi repórter da revista "Veja" e editor das revistas "Aventuras na História" e "Superinteressante".

Ele colecionou algumas histórias intrigantes, mas também embasadas em muita pesquisa e diversas fontes, todas devidamente identificadas nas páginas do livro. O objetivo é "jogar tomates na historiografia politicamente correta", admite o autor na introdução da obra.

Os capítulos, cujos nomes aparecem invertidos no alto das páginas, organizam os casos da seguinte maneira: "índios", "negros", "escritores", "samba", "guerra do Paraguai", "Aleijadinho", "Acre", "Santos Dumont" e "Comunistas".

Confira algumas passagens polêmicas do "Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil".

Zumbi tinha escravos

"Zumbi, o maior herói negro do Brasil, o homem em cuja data de morte se comemora em muitas cidades do país o Dia da Consciência Negra, mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que eles trabalhassem forçados no Quilombo dos Palmares. Também sequestrava mulheres, raras nas primeiras décadas do Brasil, e executava aqueles que quisessem fugir do quilombo."

A origem da feijoada é europeia

"Um fenômeno muito parecido com o da folclorização do samba aconteceu com a feijoada. O prato ganhou a cara de comida dos negros, mesmo tendo pouquíssima influência africana. Muita gente repete que a feijoada nasceu nas senzalas, criada pelos escravos como feijão e carnes desprezadas na casa-grande. Eis um daqueles mitos que de tão repetidos se tornam difíceis de derrubar. A feijoada tem origem europeia. Quem diz é o próprio folclorista Câmara Cascudo.

Santos Dumont

"Filho de um dos maiores cafeicultores do mundo, amigo de magnatas e princesas e provavelmente gay (...) Ele não inventou o avião nem o relógio de pulso, não era pacifista, a polícia americana suspeitou que Santos Dumont era um picareta, que sabotava seus balões para fechar acordo com expositores e cobrar ingresso de quem quisesse ver o tecido despedaçado dos seus balões misteriosamente rasgados e perfurados a faca. Há, sim, provas e testemunhas dos voos dos irmãos Wright; o 14-Bis não voava, dava pulinhos"

Graciliano Ramos

"Numa crônica de 1921, o autor de "Vidas Secas" defendeu que o futebol era uma moda passageira que jamais pegaria no Brasil.

Gilberto Freyre

"Quando publicou "Casa-Grande & Senzala", em 1933, o escritor e antropólogo Gilberto Freyre provocou uma revolução: defendeu que os mestiços, até então considerados a causa dos problemas do país, eram na verdade uma agradável particularidade dos brasileiros. Foi uma reviravolta para ele próprio. Antes de publicar sua obra-prima, o pernambucano, assim como os colegas mais velhos, torcia pelo gradual embranquecimento dos brasileiros. (...) Em sua dissertação de mestrado apresentada na Universidade de Colúmbia, nos EUA, em 1922, há afirmações ainda mais comprometedoras. No trabalho acadêmico, o brasileiro elogiou o esforço dos "cavalheiros da Ku Klux Klan americana", grupo que naquela época executava negros.

Ariano Suassuna

"Enfadonho defensor da pureza cultural pernambucana, criticava (ainda na década de 1990) o criador do mangue beat por misturar a cultura do estado com coisas de fora. Como propuseram os integralistas décadas antes, Suassuna gostava apenas do que era folclórico"

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"Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil"
Autor: Leandro Narloch
Editora: LeYa
Páginas: 304
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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