Livraria da Folha

 
29/01/2010 - 13h12

Leia trecho de "A Batalha do Labirinto" quarto volume da saga de Percy Jackson

da Livraria da Folha

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Percy Jackson precisa sobreviver ao temido labirinto de Dédalo
Percy Jackson precisa sobreviver ao temido labirinto de Dédalo

Com mais de 150 mil exemplares vendidos no Brasil e com uma superprodução prestes a estrear nos cinemas, a série "Percy Jackson e os Olimpianos" chega agora a seu aguardado quarto volume: "A Batalha do Labirinto".

Na história do novo tomo, o Monte Olimpo está em perigo. Cronos, o perverso titã que foi destronado e feito em pedaços pelos doze deuses olimpianos, prepara um retorno triunfal. O primeiro passo de suas tropas será atacar e destruir o campo de treinamento dos heróis, filhos de deuses com mortais, que desde a Grécia Antiga combatem na linha de frente em defesa dos olimpianos.

Para assegurar que esse refúgio de semideuses - o Acampamento Meio-Sangue - não seja invadido, Percy Jackson e um jovem ciclope, ambos filhos de Poseidon, Annabeth Chase, filha de Atena, e Grover, um sátiro, são destacados para uma importante missão: deter as forças de Cronos antes que se aproximem do acampamento. Para isso, será preciso sobreviver ao emaranhado de corredores do temido Labirinto de Dédalo - um interminável universo subterrâneo que, a cada curva, revela as mais aterrorizantes surpresas.

Veja abaixo o começo do primeiro capítulo de "A Batalha do Labirinto".

*

CAPÍTULO 1: ENFRENTANDO LÍDERES DE TORCIDA

A última coisa que queria fazer nas férias de verão era destruir outra escola. Mas lá estava eu naquela manhã de segunda-feira, primeira semana de junho, sentado no carro da minha mãe diante da Goode High School, na rua 81 Leste.

A Goode ficava em um prédio grande de arenito com vista para o Rio East. Um monte de bmws e Lincoln Towns estava estacionado diante dela. Olhando os elegantes arcos de pedra, eu me perguntei quanto tempo levaria até ser expulso daquele lugar.

- Relaxe. - A voz de minha mãe não parecia nada relaxada.

- É só uma visita de orientação. E lembre, querido: esta é a escola de Paul. Portanto, tente não... Você sabe.

- Destruí-la?

- É.

Paul Blofis, namorado da minha mãe, estava de pé no portão da escola, recebendo os futuros alunos do primeiro ano do ensino médio à medida que subiam os degraus. Com seus cabelos grisalhos, roupa de brim e casaco de couro, parecia um ator de tevê, mas ele era só um professor de inglês. Paul conseguira convencer a Goode High School a me aceitar no primeiro ano, apesar de eu ter sido expulso de todas as escolas que frequentei. Tentei avisá-lo de que aquela não era uma boa ideia, mas ele não me deu ouvidos.

Olhei para minha mãe.

- Você não contou a ele a verdade sobre mim, contou?

Ela tamborilava os dedos nervosamente no volante. Estava vestida para uma entrevista de emprego - seu melhor vestido azul e sapatos de salto alto.

- Pensei que seria melhor esperarmos - ela admitiu.

- Para não o espantarmos.

- Tenho certeza de que vai dar tudo certo na visita de orientação,

Percy. É só uma manhã.

- Ótimo - murmurei. - Posso ser expulso antes mesmo de começar o ano letivo.

- Pense positivo. Amanhã você vai para o acampamento! Depois da orientação, você tem o encontro...

- Não é um encontro! - protestei. - É só a Annabeth, mãe. Puxa!

- Ela está vindo do acampamento até aqui para ver você.

- É, eu sei.

- Vocês vão ao cinema.

- Sim.

- Só os dois.

- Mãe!

Ela ergueu as mãos em sinal de rendição, mas eu podia ver que estava fazendo força para não rir.

- É melhor entrar, querido. Até a noite.

Eu estava prestes a sair do carro quando olhei para a escadaria da escola. Paul Blofi s cumprimentava uma garota de cabelos ruivos frisados. Ela vestia uma camiseta marrom e um jeans surrado customizado com desenhos feitos com caneta hidrográfica. Quando se virou, vi seu rosto de relance, e os pelos do meu braço se eriçaram.

- Percy? - chamou minha mãe. - O que foi?

- N-nada - gaguejei. - A escola tem uma entrada lateral?

- Descendo a rua, à direita. Por quê?

- Até mais tarde.

Mamãe começou a dizer algo, mas saltei do carro e corri, torcendo para que a garota ruiva não me visse.

O que ela estava fazendo ali? Nem mesmo a minha sorte poderia ser assim tão ruim.

Pois, sim. Eu estava prestes a descobrir que minha sorte poderia ser muito pior.

Entrar sorrateiramente na escola não deu muito certo. Duas líderes de torcida de uniforme roxo e branco estavam na entrada lateral, esperando para emboscar os calouros.

- Oi! - Elas sorriram, e eu deduzi que aquela era a primeira e a última vez que uma líder de torcida seria tão simpática comigo. Uma delas era loura, com gélidos olhos azuis. A outra era afro-americana, com cabelos escuros e enroscados como o da Medusa (e, pode acreditar, eu sei do que estou falando). Ambas tinham o nome bordado em letras cursivas no uniforme, mas, com a minha dislexia, as palavras pareciam espaguete, sem nenhum sentido.

- Bem-vindo à Goode - disse a loura. - Você vai amar muito isso aqui.

Mas, enquanto me olhava de cima a baixo, sua expressão parecia dizer algo como: Argh, quem é este perdedor?

A outra garota se aproximou tanto que me senti desconfortável. Examinei o bordado em seu uniforme e consegui decifrar Kelli. Ela cheirava a rosas e a algo que reconheci das aulas de equitação no acampamento - o cheiro de cavalos recém-lavados. Era um perfume estranho para uma líder de torcida. Talvez tivesse um cavalo, ou algo assim. De qualquer modo, ela estava tão perto de mim que tive a sensação de que ia tentar me empurrar escada abaixo.

- Qual o seu nome, calo?

- Calo?

- Calouro.

- Hã, Percy.

As garotas trocaram olhares.

- Ah, Percy Jackson - disse a loura. - Estávamos à sua espera. Isso fez um intenso arrepio de Ah, não! percorrer minha espinha. Elas estavam bloqueando a entrada, sorrindo de uma forma nada amistosa. Minha mão instintivamente se dirigiu ao bolso onde eu guardava minha caneta esferográfica letal, Contracorrente.

Então outra voz veio do interior do prédio:

- Percy? - Era Paul Blofi s, de algum ponto adiante no corredor. Eu nunca me sentira tão feliz por ouvir a voz dele.

As líderes de torcida recuaram. Eu estava tão ansioso em passar por elas que acidentalmente esbarrei o joelho na coxa de Kelli.

Clang.

Sua perna emitiu um ruído metálico e oco, como se eu tivesse acabado de atingir o mastro de uma bandeira.

- Ai - murmurou ela. - Preste atenção, calo.

Olhei para baixo, mas aquela parecia uma perna comum. Eu estava apavorado demais para fazer perguntas. Avancei apressadamente para o corredor, as duas garotas rindo atrás de mim.

- Aí está você! - exclamou Paul. - Bem-vindo à Goode!

- Ei, Paul... hã, sr. Blofi s. - Olhei para trás, mas as líderes de torcida esquisitas haviam desaparecido.

- Percy, você está com cara de quem viu fantasma.

- É, hã...

- Ouça, eu sei que está nervoso, mas não se preocupe. - Paul me deu um tapinha nas costas. - Temos uma porção de garotos aqui com dislexia, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Os professores sabem como ajudar.

Eu quase tive vontade de rir. Como se meus maiores problemas fossem a dislexia, o transtorno de déficit de atenção e a hiperatividade... Bem, eu sabia que Paul estava tentando ajudar, mas, se eu lhe contasse a verdade, ou ele pensaria que eu estava louco ou sairia correndo e gritando. Aquelas líderes de torcida, por exemplo - eu estava com um mau pressentimento em relação a elas...

Então olhei mais adiante no corredor e me lembrei de que havia outro problema. A garota ruiva que eu vira na escadaria da frente estava passando pela entrada principal.

Não me veja, rezei.

Mas ela me viu. Seus olhos se arregalaram.

- Onde é a orientação? - perguntei a Paul.

- No ginásio. Por ali. Mas...

- Tchau.

- Percy? - ele chamou, mas eu já estava correndo.

 
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