Livraria da Folha

 
23/02/2010 - 12h30

Escritora iraniana rememora sua descoberta da literatura e as mudanças de seu país

da Livraria da Folha

A autora de "Lendo Lolita em Teerã", Azar Nafisi, revelou o universo por trás das reuniões clandestinas com outras mulheres iranianas para explorar a literatura ocidental proibida em seu país. A obra se tornaria um best-seller mundial com mais de um milhão de cópias vendidas.

Divulgação
Escritora lembra o poder libertador que as letras tiveram em sua vida
Escritora lembra o poder libertador que as letras tiveram em sua vida

Neste seu novo livro de memórias, "O Que eu não Contei", a escritora reafirma sua crença no poder transformador da literatura e oferece aos leitores uma surpreendente história pessoal de sua formação no Irã, tendo por pano de fundo uma revolução política no país.

Nafisi, que em 1981, foi expulsa da Universidade de Teerã, após se recusar a usar o véu, retorna à sua infância para narrar a delicada e comovente história de sua família. A mãe complicada e inteligente, frustrada em seus sonhos de levar uma vida produtiva e romântica; cujas exigências e persistência foram moldadas pelas fascinantes ficções que criou sobre si mesma, sua família e seu passado. O pai que escapava da dura realidade do país por meio de outro tipo de ficção, deixando seus filhos encantados pelos contos clássicos de "Shanameh", o Livro Persa dos Reis.

O sofrimento da menina com os segredos familiares; uma moça descobrindo o poder de sedução na literatura; um primeiro casamento condenado e o seu reflexo no despertar para a vida política; o preço que uma família deve pagar pela liberdade num país envolvido em revoltas políticas - essas e outras questões são abordadas neste painel de memórias.

Ao voltar no tempo para refletir sobre outras gerações dos Nafisi, "O Que eu não Contei" é também um vigoroso retrato de uma família que abrange vários períodos de mudanças que levaram à Revolução Islâmica em 1978-79, transformando o amado Irã de Azar Nafisi numa ditadura religiosa.

Escrevendo sobre o histórico mandato de sua mãe no Parlamento, mesmo com seu pai, antigo prefeito de Teerã, na prisão, Nafisi explora as "horas do café" que sua mãe organizava, às quais, no início, as mulheres vinham para fazer fofoca, ler a sorte e assentir silenciosamente sobre coisas nunca ditas, e que depois evoluíram para reuniões nas quais homens e mulheres se encontravam para discutir abertamente os desdobramentos da revolução.

 
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