Livraria da Folha

 
25/03/2010 - 15h23

Livro-reportagem disseca a "amizade revolucionária" entre Fidel e Che

da Livraria da Folha

O autor Simon Reid-Henry investiga no lançamento "Fidel & Che: Uma Amizade Revolucionária" a relação pessoal entre os mais importantes líderes da esquerda latino-americana no século 20.

O leitor descobre na obra como a relação entre os dois era complementar devido às grandes diferenças de personalidade. Che, o introspectivo. Fidel, o expansivo. Che, o internacionalista. Fidel, o líder cubano. Che, o jovem idealista de cabelos longos que se sacrifica pelos oprimidos. Fidel, o caudilho de barbas grisalhas que após 50 anos ainda controla a ilha de Cuba pelas mãos do irmão Raúl.

Divulgação
Como uma aliança de convenciência se tornou uma profunda amizade
Como uma aliança de conveniência se tornou uma profunda amizade

Simon Reid-Henry baseou seus trabalhos em pesquisas feitas em Havana, Washington, Moscou, Miami, Princenton, Boston e Berlim; além de entrevistas com testemunhas da época. O livro mostra que, a partir de uma associação política, inicia-se um relacionamento de amizade e camaradagem que mudaria de fato suas vidas.

Desde os encontros preparativos da expedição revolucionária no México até os últimos dias de Guevara, já cercado nas montanhas bolivianas sem esperança de fuga, enquanto Fidel vivia os dias mais duros da Guerra Fria em Havana, o autor percorre os caminhos políticos dos dois líderes, mas sem perder o foco no tema principal: o envolvimento pessoal.

A narrativa de Reid-Henry tem um estilo jornalístico rápido e direto, mantendo um ritmo que retoma a tensão dos acontecimentos da época. Apesar de tratar de figuras públicas com proeminência internacional, a pesquisa mantém a perspectiva das nuances e contradições de um relacionamento afetivo.

"Fidel & Che: Uma Amizade Revolucionária" também mostra como a imagem de ambos se modificou com o tempo. Che se tornou um mito, e Fidel viveu com limites à preservação de uma aura heróica, que só atingem os que morreram jovens. Guevara abandonou Cuba uma vez concluído o processo revolucionário para morrer em combate na selva. Fidel administrou por mais de 50 anos um estado burocratizado.

Reid-Henry devolve a dimensão humana dos dois personagens históricos, além da história oficial, resgatando a figura de dois homens por detrás das efígies do velho líder autocrático e do semideus generoso.

 
Voltar ao topo da página