Livraria da Folha

 
13/04/2010 - 07h04

Livro expõe influência de Nietzsche na filosofia francesa do século 20

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Livro revela uma grande variedade do pensamento nietzschiano
Livro revela uma grande variedade do pensamento nietzschiano

Nascido em uma família protestante alemã, Friedrich Nietzsche (1844-1900), um dos filósofos mais estudados e importantes do século 20, exerceu grande influência nos pensadores franceses.

As ideias de Nietzsche foram largamente acolhidas na França e a simpatia do filósofo pelo país nunca foi um segredo.

O livro "Um 'Francês' entre os Franceses", organizado pela professora da USP Scarlett Marton, apresenta artigos que revelam toda a extensão da recepção e absorção do pensamento nietzschiano pelos franceses.

Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Paul Nizan, Henri Lefevre, Georges Bataille, Albert Camus, Andre Malraux, Maurice Blanchot, Gaston Bachelard, Gilles Deleuze, Jacques Derrida e Michel Foucault foram alguns dos intelectuais influenciados por ele.

Abaixo, leia um trecho do artigo escrito por Blaise Benoit sobre a concepção de luta do filósofo.

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Consideraremos, antes de mais nada, a multiplicidade das manifestações da guerra nos textos de Nietzsche. Ela designa toda a realidade, desde o macro até o microcosmo. Trata-se, portanto, da conflituosidade cósmica, ou seja, o incessante jogo das forças que é a própria substância do vir-a-ser; ela significa, igualmente, o conflito armado entre os Estados; e, por último, se desdobra no nível individual, sob formas distintas, pelas quais vamos começar nossa análise.

De saída, a guerra é algo de interindividual. Ela designa, neste caso, relações de rivalidade, competição - aspecto que traduz o termo grego agon, reconstituído por Nietzsche ao utilizar a palavra Wettkampf que significa "justa". A respeito deste termo, Nietzsche propõe uma versão estilizada, repleta de nobreza moral:

_Minha prática bélica pode ser resumida em quatro princípios. Primeiro: ataco apenas causas vitoriosas - ocasionalmente, espero até que elas o sejam. Segundo: ataco apenas causas diante das qual não encontraria aliados, em que eu estou sozinho - em que me comprometo sozinho... Nunca dei um passo em público que não me comprometesse: este é meu critério do justo obrar. Terceiro: nunca ataco pessoas - sirvo-me da pessoa apenas como uma poderosa lente de aumento com a ajuda da qual se pode tornar visível uma situação de miséria geral, porém dissimulada, difícil de ser apreendida. (...) Quarto: ataco apenas coisas das quais está excluída qualquer disputa pessoal, em que inexiste pano de fundo de experiências desagradáveis. Pelo contrario, atacar é, para mim, um sinal de benevolência e, ocasionalmente, de gratidão(EH/EH, "Por que sou tão sábio", 7).

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"Nietzsche, um "Francês" entre os Franceses"
Organizadora: Scarlett Marton
Editora: Barcarolla
Páginas: 200
Quanto: R$ 36,00
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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