Livraria da Folha

 
27/04/2010 - 12h40

Livro relata detalhes da vida e do desaparecimento do verdadeiro Indiana Jones

da Livraria da Folha

Filho de uma família vitoriana, Percy Harrison Fawcett (1867-?) nasceu na Inglaterra e cresceu lendo livros de aventura. Aos 15 anos, por uma desavença com o pai, juntou-se ao exército e serviu a coroa britânica.

Monte sua estante com livros sobre criação de filhos

Divulgação
História que até hoje intriga pesquisadores e expedicionários
História que desperta interesse de pesquisadores e expedicionários

Um dos fundadores da Sociedade Teosófica, Fawcett era fascinado por esoterismo e pelas civilizações pré-colombianas. Quando entrou em contato com um exemplar de "Explorations of the Highlands of Brazil", escrito por Richard F. Burton (1821-1890), decidiu rumar à América do Sul para encontrar uma enigmática cidade perdida no interior brasileiro.

O explorador, que inspirou a criação do personagem Indiana Jones, excursionou diversas vezes por nosso país, até seu misterioso desaparecimento em 1925.

O volume "O Enigma do Coronel Fawcett" reconstrói a história das expedições de Fawcett na América Latina no início do século 20.

Uma história que até hoje intriga pesquisadores e expedicionários. Leia, abaixo, um trecho do livro que narra a profecia que envolvendo seu nascimento.

Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico. Conheça o livro "Escrevendo pela Nova Ortografia".

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A profecia

Na tarde do dia 28 de fevereiro de 1903, um imenso navio inglês ancorava no porto de Trincomalee, no Ceilão, hoje Sri Lanka, um pequeno país cheio de templos e elefantes andando pelas ruas, localizado no extremo sul da Índia. No porto, cingaleses e ingleses bem-vestidos, no estilo ocidental, acenavam efusivamente ao identificar alguém conhecido descendo do convés, enquanto os seguidores de Shiva comemoravam o dia do Maha Sivarathri nas ruas. Era a celebração da união de Shiva com Paravathi, num festival de cores e danças. Do meio dos passageiros, surgiu uma jovem senhora, grávida de seis meses do primeiro filho, acenando para o marido, um militar britânico, uniformizado e com todos os brasões do exército imperial. Era Nina Paterson Fawcett, esposa do capitão Percy Harrison Fawcett, que esperava ansioso, há horas no porto, pelo reencontro com sua mulher, após longos meses de separação. Nina segurava o chapéu com uma das mãos, enquanto se amparava nos braços do marido para descer totalmente do navio. A barriga de Nina estava visível.

O capitão, após beijar calorosamente o rosto da esposa, passou a mão na sua barriga e sorriu para o pequeno Fawcett. Pretendia levá-la imediatamente para a nova casa que acabara de adquirir em Colombo, localizada no outro extremo da ilha, distante 250 quilômetros de Tricomalee, numa viagem de trem pelos mistérios do Oriente, somente agora descoberto para o mundo. Nina havia morado no Ceilão quando era adolescente, e via os enormes templos brilhando sob o sol, com os olhos de uma mocinha buscando o amor de um oficial inglês. Agora a paisagem mudara, e o olhar maduro via também o místico, o religioso e o político. A ilha sempre fora conhecida como a maior produtora de chá do mundo e a responsável pelo abastecimento do produto na Inglaterra desde 1883, quando fora invadida pelo Império Britânico. Fawcett começou sua carreira militar neste país cercado de grandes templos e símbolos, budistas e hindus, em 1886, antes de ser transferido para a África. Após servir no Intelligence Service em Marrocos, Malta e até numa curta temporada em Hong Kong, pediu transferência novamente para o lugar de grande cultura religiosa, com oitenta por cento de sua população adepta do budismo. No retorno, foi promovido a capitão. Fawcett era budista e como tal preferiu voltar para o lugar que havia transformado a sua vida. Dessa vez para se estabelecer por mais tempo, com uma família, e se possível educar os filhos na própria ilha. Principalmente o primeiro, que já estava a caminho.

Nina e Fawcett mal tiveram tempo de se abraçarem no porto. Após a descida do navio, viram-se cercados por uma grande multidão. De repente, do meio da confusão, surgiram cinco pessoas trajadas como monges budistas e se puseram diante de Fawcett e Nina. De maneira respeitosa, se apresentaram como astrólogos e pediram para falar algo importante aos dois. Curiosos com a recepção, eles foram gentis e ouviram os tais esotéricos de maneira calma, sem ter a menor noção do que estava acontecendo. Num inglês complicado, os homens disseram ser mensageiros de uma profecia, vindos da Índia apenas para transmiti-la a eles. Fawcett, mesmo budista, e Nina, de família espírita, acharam a abordagem estranha, pois eram pessoas desconhecidas que de repente começaram a falar de suas vidas, como se fossem amigos. Humildes, os magos procuravam uma forma de lhes contar sobre uma criança que estava para nascer e apontavam a barriga de Nina. Fawcett percebeu que o assunto era complicado e pediu para serem mais claros, na tentativa de entender melhor as poucas palavras que falavam em inglês. Ouviram educadamente os astrólogos repetirem que estavam vindo do norte da Índia apenas para falar com eles. Um dos astrólogos virou-se para Fawcett e disse:

- Mestre, um grande espírito aproveitou-se dos laços existentes entre ti e tua esposa, para reencarnar-se em vosso filho.

Fawcett e Nina continuavam sem entender o que queriam dizer com tanta cerimônia. O astrólogo começou então a falar coisas sobre a vida deles no futuro, que ambos não voltariam mais para África ou Ásia, de onde estavam vindo. Virou-se para Nina e disse pausadamente:

- No dia 19 de maio, no dia da festa do Buda, a senhora dará à luz um menino que será o pai de uma nova raça. Essa criança, quando crescer - virando-se para Fawcett -, irá acompanhá-lo em viagens para terras longínquas do sul, onde ambos desaparecerão juntos. O vosso filho voltará, portanto, para o seio de uma nova civilização. Viemos apenas para transmitir essa humilde mensagem.

Os magos falavam com a voz baixa, inclinando a cabeça em sinal de respeito e humildade. Foram se afastando lentamente e desapareceram como surgiram, no meio da multidão que invadira o porto, vendendo de tudo, até animais silvestres. Fawcett e Nina queriam saber mais sobre aquelas pessoas, que pareciam monges vindo de algum templo distante. O casal ainda os procurou com os olhos para saber de onde eram, mas nada viu além de uma grande feira ao ar livre. Foram à estação e pegaram o trem para Colombo.

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"O Enigma do Coronel Fawcett"
Autor: Hermes Leal
Editora: Geração Editorial
Páginas: 304
Quanto: R$ 27,20
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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