Livraria da Folha

 
12/05/2010 - 08h13

Garoto inicia treinamento viking em "Como Ser um Pirata"; leia trecho

da Livraria da Folha

Ser um viking não é uma situação muito fácil. É preciso ser forte, bravo, corajoso, enfrentar longos períodos em alto-mar, participar de lutas, desafiar dragões e adorar tudo isso.

Divulgação
Soluço e Banguela seguem em treinamento no segundo volume de "Como Treinar seu Dragão"
Soluço e Banguela seguem em treinamento no segundo volume de "Como Treinar seu Dragão"

Soluço, não se encaixa no perfil de um guerreiro, mas depois que descobriu como domesticar as criaturas e evitar a destruição da aldeia conquistou o direito de continuar com o seu treinamento.

O Filho do chefe e futuro líder da tribo agora está aprendendo, entre outras coisas, a lutar com espadas e a sobreviver em um navio. Não existem regras e qualquer atitude maldosa dá pontos extras para qualquer aluno.

Esta é a trama de "Como Ser um Pirata", segundo volume da série de oito livros "Como Treinar o Seu Dragão". Escrita por Cressida Cowell, imagina as memórias de Soluço Spantosicus Strondus III, garoto franzino e magrelo destinado a liderar a tribo dos Hooligans Cabeludos.

Adaptado para o cinema em animação 3D, o primeiro volume tornou-se sucesso de bilheterias e garantiu a continuação para 2013.

"Como Ser um Pirata" chega às livrarias no dia 20 de maio.

Leia abaixo o primeiro capítulo.

*

1. Luta de espadas em alto-mar (apenas para iniciantes)

Thor estava SERIAMENTE aborrecido.

Ele enviara uma terrível tempestade de verão para devastar os mares que cercavam a pequena e gelada Ilha de Berk. Um vento sombrio uivava, sobrevoando as ondas selvagens e furiosas. Trovões irados estouravam no céu. Raios atingiam as águas.

Apenas um louco imaginaria que esse seria o tipo de clima ideal para velejar.

Mas, surpreendentemente, havia uma embarcação em alto-mar, lançada com violência de uma onda a outra, o oceano faminto mordiscando-a pelas bordas, louco para derrubá-la e engolir as almas a bordo, triturar-lhes os ossos até virarem areia.

O louco responsável pelo navio era Bocão Bonarroto. O viking conduzia o Programa de Treinamento de Piratas na Ilha de Berk, e a viagem maluca era, na verdade, uma das aulas de seu currículo: Luta de Espadas em Alto-mar (Apenas para Iniciantes).

- O.K., TURMA DE ENCHARCADOS! - gritou Bocão, um lunático musculoso e peludo de dois metros de altura, com uma barba de furão e bíceps do tamanho da cabeça. - PRESTEM ATENÇÃO, PELO AMOR DE THOR. VOCÊS NÃO PASSAM DE UM BANDO DE MEDUSAS MOLENGAS... SOLUÇO, VOCÊ ESTÁ REMANDO FEITO UM MOLEQUE DE 8 ANOS... A PARTE GRANDE DO REMO PRECISA ENTRAR NA ÁGUA... NÃO TEMOS O ANO INTEIRO PARA CHEGAR LÁ... - Etc. Etc.

Soluço Spantosicus Strondus III rangeu os dentes quando uma onda grande chegou ruidosamente e atingiu-o bem no rosto.

Soluço é, na verdade, o herói desta história, embora, olhando para ele, você jamais fosse presumir isso. Ele era bem miúdo e tinha um rosto totalmente comum.

Havia outros 12 meninos se debatendo para remar, e praticamente todos eles levavam mais jeito para Herói Viking que Soluço.

Espinha-de-porco, por exemplo, tinha apenas 11 anos, mas já exibia boa quantidade de espinhas de adolescente e um fedor bem peculiar. Bafoca conseguia remar com mais força que os outros usando apenas uma das mãos, enquanto cutucava o nariz com a outra. Melequento era um líder nato. Perdido tinha cabelo nos ouvidos.

Soluço era um garoto absolutamente mediano, daquele tipo sem graça, magrinho, sardento, no qual ninguém repara.

Debaixo dos banquinhos dos remadores havia 13 dragões, um para cada menino.

O dragão de Soluço era muito, muito menor que os dos outros. O nome dele era Banguela, uma criatura verde-esmeralda do tipo Dragão Comum ou de Jardim, com olhos enormes e uma expressão rabugenta.

Ele urrava para Banguela em dragonês.

- Esses vikings são m-m-malucos. Banguela e-e-está com as asas cheias de sal. Banguela está sentado numa poça de água fria. Banguela está com f-f-fome... A-A-ALIMENTE-ME. - O dragãozinho deu um
puxão nas calças de Soluço. - Banguela precisa de c-c-comida AGORA.

- Desculpe, Banguela... - sussurrou Soluço enquanto o barco mergulhava loucamente em outra onda monstruosa. - Mas este não é um bom momento...

- SÓ THOR SABE - berrou Bocão - como vocês, BANDO DE INÚTEIS, conseguiram se iniciar na Tribo dos Hooligans Cabeludos... Mas agora vocês
enfrentarão quatro anos difíceis no Programa de Treinamento de Piratas antes que possam ser chamados de VIKINGS.

"Que beleza!", pensou Soluço, desanimado.

- Começaremos com a habilidade viking mais importante de todas... LUTA DE ESPADAS EM ALTO-MAR. - Bocão sorriu. - As regras dos piratas para o combate com espadas são... NÃO EXISTEM REGRAS. Nessa aula, morder, beliscar, arranhar ou fazer qualquer outra coisa bem maldosa garante pontos extras. O primeiro garoto que disser "Eu me rendo" será o perdedor.

- Ou então nos afogaremos todos - murmurou Soluço. - O que vier primeiro.

- AGORA - gritou Bocão -, EU ESCOLHO O PRIMEIRO COMBATENTE: BAFOCA DE MALUQUÍCIO. QUEM VAI ENFRENTÁ-LO?

Bafoca grunhiu de felicidade só de pensar no sangue espirrando. Ele era um menino bruto, de dedos peludos que quase tocavam o chão quando ele andava, tinha olhos pequeninos e cruéis, e usava uma argola imensa presa nas narinas, que lhe dava um ar de javali selvagem.

- Quem vai enfrentar Bafoca? - repetiu Bocão Bonarroto.

Dez garotos ergueram as mãos gritando animados "Euqueroporfavormeusenhor", empolgadíssimos com a ideia de apanhar de Bafoca de Maluquício até virar purê. Era previsível. A maioria dos Hooligans agia assim. Porém, o fato mais surpreendente foi quando SOLUÇO saltou berrando:

- Eu me candidato: Soluço Spantosicus Strondus III!

Aquilo foi excepcional, porque embora Soluço fosse o único filho do Chefe Stoico, o Imenso, ele não era do tipo que tem naturalmente jeito para os esportes.

O garoto jogava batebolada muito mal e era ruim em todos os outros esportes violentos praticados pelos vikings, assim como seu melhor amigo, Perna-de-peixe.

Quanto a Perna-de-peixe, ele era estrábico, manco, tinha inúmeras alergias e era totalmente desprovido de coordenação motora.

- O que deu em você? - sussurrou Perna-de-peixe. - Sente-se aí, seu lunático... Ele vai matá-lo...

- Não se preocupe, Perna-de-peixe - disse Soluço -, eu sei o que estou fazendo.

- Tudo bem, SOLUÇO - afirmou Bocão, surpreso. - Venha até aqui, menino, e mostre-nos seu valor!

- Se ALGUM DIA vou ser Chefe desta Tribo - sussurrou Soluço a Perna-de-peixe, enquanto começava a tirar a jaqueta e desembainhar a espada -, preciso ser herói em alguma coisa...

- Confie em mim - disse Perna-de-peixe -, ISSO NÃO É PRA VOCÊ... Você tem ideias inteligentes, sim. Sabe falar com dragões, sim. Mas entrar num combate cara a cara com um brutamontes feito Bafoca? De jeito nenhum, NÃO MESMO!

Soluço o ignorou.

- Os Spantosicus Strondus sempre tiveram talento para lutar com espadas. Está em meu sangue... Veja meu tataravô, Barbadura, o Terrível. Ele foi o melhor espadachim DE TODOS OS TEMPOS...

- Sim, mas VOCÊ já empunhou uma espada antes? - indagou Perna-de-peixe.

- Bem, não - admitiu Soluço. - Mas li muitos livros a respeito. Conheço todos os movimentos... O Golpe da Ponta Afiada... A Defesa Destruidora... O Ataque Barbadura... E tenho essa espada nova, ótima...

A espada era, realmente, excelente, uma Dalhecicatriz de Pontadaespada, incrementada com listas para aumentar sua rapidez e com o punho forjado com o formato da cabeça de um tubarão-martelo.

- Além disso - afirmou Soluço -, não vou estar correndo perigo de verdade...

Os Piratas em Treinamento usavam espadas com a lâmina coberta por uma proteção de madeira.

"Pelo amor de Thor, NO MEU TEMPO não usávamos esse tipo de coisa", dizia Bocão.

Contudo, aquilo REALMENTE garantia que mais Hooligans Cabeludos concluíssem vivos o Programa de Treinamento de Piratas.

Perna-de-peixe suspirou:

- Tudo bem, seu louco de pedra. Se precisa mesmo fazer isso... olhe nos olhos dele... fique com a espada erguida o tempo todo... e reze bastante a Thor, o deus do Trovão, porque você vai precisar de toda a ajuda do mundo...

*

Como Ser um Pirata
Autora: Cressida Cowell
Editora: Intrínseca
Páginas: 224
Quanto: R$ 19,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
Voltar ao topo da página