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Comando tchetcheno ameaça fuzilar reféns a partir das 23h
(25/10/2002)


Reuters - 25.out.2002
Crianças mantidas como reféns pelos rebeldes tchetchenos são libertadas de teatro em Moscou
da Folha Online

O comando tchetcheno que invadiu um teatro em Moscou ameaça começar a fuzilar seus reféns a partir de amanhã às 6h (23h de hoje em Brasília) se suas exigências não forem respeitadas, disse a rádio russa Ecos. O grupo de cerca de 50 rebeldes ameaça atirar nas pessoas se a Rússia não retirar suas tropas da Tchetchênia.

Os sequestradores tinham fixado um prazo de três dias às autoridades russas para aceitar suas reivindicações quando iniciou a ação terrorista, na noite da quarta-feira (23), segundo as fontes citadas pela emissora.

O chefe do FSB (serviço secreto russo), Nikolai Patrushev, prometeu hoje aos membros do comando tchetcheno que suas vidas serão poupadas se libertarem os reféns, segundo a agência de notícias Interfax.

"Conversamos e continuaremos o diálogo, esperando resultados positivos em relação à libertação dos reféns", disse Patrushev, segundo a agência.

Patrushev fez a declaração após uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o ministro do Interior, Boris Gryzlov.

Um porta-voz do FSB declarou que o serviço secreto russo identificou a maioria dos membros do comando tchetcheno, segundo a agência de notícias Interfax, acrescentado que os agentes de inteligência têm as fotos e os retratados da maior parte dos rebeldes.

A ação de anteontem é a mais audaz desde a primeira guerra na Tchetchênia (1994-1996). A segunda guerra começou em 1999, após uma série de ataques a bomba em cidades russas, que mataram cerca de 300 pessoas. Desde 1999, mais de 14 mil rebeldes tchetchenos e 5.000 militares russos morreram no conflito.

Em comunicado no site www.kavkaz.org, o grupo exigiu que o governo russo pare as hostilidades na Tchetchênia e inicie a retirada das tropas. Segundo o site, Movsar Barayev, sobrinho de um líder tchetcheno morto no ano passado, é o líder do grupo, formado por "25 homens e 25 mulheres".

A rede de TV russa NTV, que entrou no edifício onde estão os reféns, filmou Movsar Barayev, o único com o rosto descoberto.

Libertação
Oito crianças foram libertadas no início da manhã de hoje pelos rebeldes tchetchenos, segundo a agência de notícias russa IRA.

A agência, citando funcionários de um centro governamental de emergência, disse que as crianças foram libertadas do prédio por membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que entraram no teatro para negociar com os rebeldes.

No início da madrugada, seis reféns haviam sido libertados. Ontem 41 já tinham conseguido sair do local -39 foram libertados e duas mulheres fugiram. Durante o dia, o corpo de uma mulher foi retirado do teatro. A vítima tinha sido baleada no peito e teve os dedos quebrados.

Durante a madrugada, os terroristas haviam dito que libertariam todos os reféns estrangeiros, segundo um porta-voz do FSB.

De acordo com o serviço secreto russo, 75 estrangeiros estão em poder dos terroristas tchetchenos. Foram divulgadas as nacionalidades de alguns deles: quatro americanos, sete alemães, dois neozelandeses, dois australianos, 23 ucraniano, três turcos, um canadense, três britânicos, três georgianos e um moldávio.

Situação precária
As luzes se queimam constantemente. As cadeiras viraram camas e o poço da orquestra, banheiro. Não há papel higiênico ou água corrente. O cheiro piora. As pessoas se amontoam no meio do teatro em Moscou, tentando confortar os membros de suas recém-adquiridas "famílias", reunidos desde a noite de quarta-feira (23) no teatro tomado pelos rebeldes tchetchenos.

O médico Leonid Roshal, chefe do Comitê Internacional para Desastres Pediátricos, que passou mais de seis horas no teatro ontem, disse que centenas de reféns detidos por um auto-denominado "esquadrão suicida" tchetcheno lutam para sobreviver, à medida que os minutos e horas se arrastam.

"Eles se tornaram um tipo de família. Alguns até brigam com os outros. Eles tentam dar risada. Estão apenas tentando sobreviver", disse Roshal.

"Há mulheres precisando de produtos de higiene, antibióticos e colírio", disse. "Não há remédios suficientes e isso significa que as coisas só podem piorar."

Ele afirmou que as condições sanitárias também só podem se deteriorar.

"Há banheiros, mas não o suficiente. Então, eles vão até o poço da orquestra e a uma outra sala perto...As mulheres estão tentando estabelecer algum tipo de ordem", disse Roshal.

Duas pessoas podem estar precisando se submeter a operações. Mas, até agora, os guerrilheiros se recusaram a permitir que os doentes sejam transferidos para um hospital. Segundo Roshal, eles podem morrer.

"Eles nos disseram para vir aqui e operar...Mas isso seria muito complicado", explicou.

O médico acredita que independentemente de como a crise acabe, os reféns levarão consigo as marcas do que aconteceu para o resto de suas vidas. "A maioria vai precisar de auxílio psicológico depois disso."

Com agências internacionais


  Veja galeria de fotos da ação do comando tchetcheno em Moscou



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