Curiosidades
Livro afirma que Bush usou cocaína

Autor diz que registro sobre uso de droga pelo pré-candidato foi eliminado; campanha de Bush nega

MARY DEJEVSKY
do "The Independent''


O governador do Texas, George W. Bush, favorito da campanha presidencial republicana nos EUA, está tendo mais uma chance de sentir na pele até que ponto pode tornar-se feia a briga pelo cargo mais importante do país.

Vieram a público ontem novas versões sobre o uso de cocaína por Bush. Num posfácio a seu livro "Fortunate Son: George W. Bush and the Making of an American President'' (Filho afortunado: George W. Bush e a fabricação de um presidente americano), J.H. Hatfield afirma que Bush foi detido por posse de cocaína em 1972, quando tinha 26 anos, cumpriu uma sentença de prestação de serviços à comunidade, dando aconselhamento a menores infratores, e depois teve sua ficha policial apagada, graças a conexões familiares.

Segundo informações do livro, o autor _descrito como ex-administrador de investimentos e atual jornalista e colunista no Texas, Estado natal de Bush_ afirma que o relato foi confirmado por um "alto assessor de Bush''. Com relação à maneira como a ficha policial de Bush teria sido anulada, Hatfield também cita um antigo colega de Bush na Universidade de Yale e outra fonte descrita como "amigo de longa data de Bush''.

A alegação feita é que Bush teria sido detido em Houston em 1972, e que o juiz que apagou sua ficha policial teria sido um republicano, como ele, que o pai de Bush teria ajudado a eleger para seu cargo. "Foi uma daquelas coisas que acontecem atrás das portas fechadas do gabinete de um juiz, selada entre o velho (George Bush, pai e ex-presidente dos EUA) e um de seus velhos conhecidos texanos que lhe devia um favor'', teria dito o ex-estudante de Yale citado.

Reproduzidas em vários sites na Internet antes do lançamento do livro (programado para hoje), as acusações foram imediatamente desmentidas pela campanha de Bush, que as qualificou como "lixo''. Foram postas em dúvida também por fontes distantes da campanha de Bush. O fato de as acusações aparecerem num posfácio, em lugar de integrarem o texto principal do livro, o uso de fontes anônimas _coisa que a escola americana de jornalismo rejeita por completo_ e o fato de o autor ser pouco conhecido, tudo isso intensificou a suspeita de que as acusações talvez devam menos a investigações fidedignas do que à busca de publicidade para um livro que enfrenta séria concorrência. A primeira biografia de George W. Bush, "First Son'' (Primeiro filho), do conhecido autor texano Bill Minutaglio, saiu na semana passada, e pelo menos duas outras estão em fase de produção.

O livro de Minutaglio também afirma que George W. Bush trabalhou no projeto de serviço comunitário P.U.L.L. em 1972, mas diz que ele foi recomendado para o trabalho por seu pai, depois que este o flagrou dirigindo sob o efeito de álcool. O governador já admitiu ter tido um problema de alcoolismo.

Quando questionado sobre os boatos persistentes referentes a seu suposto uso de drogas no passado, Bush negou ter usado drogas desde 1974, mas não disse nada sobre o que fez ou deixou de fazer antes disso.

As eleições presidenciais dos EUA ocorrerão em novembro de 2000. Bush lidera a corrida pela candidatura republicana e as pesquisas diante do principal pré-candidato democrata, o vice-presidente Al Gore.



Tradução de Clara Allain




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