Saiba quando as mulheres conquistaram o direito ao voto nos EUA

da France Presse
em Washington


No dia 26 de agosto de 1920 foi promulgada a 19ª emenda na Constituição dos Estados Unidos, que consagrou o direito do voto às mulheres.

Essa conquista viria alentar uma corrente feminista que marcou todo o século 20. A luta contra a escravidão, a partir de 1840, formou a consciência das pioneiras e o movimento, nas décadas seguintes, seguiria associado à causa das mulheres e à defesa das minorias.

A primeira convenção pelos direitos das mulheres aconteceu em 1848, em Seneca Falls (Nova York), em um país puritano, consagrado ao culto da família.

As líderes eram Elizabeth Candy Stanton, Lucretia Mott _que, um século antes da francesa Simone de Beauvoir, denunciava os conteúdos da educação dirigida às jovens_, Susan B. Anthony e Harriet Beecher-Stowe (autora de ‘A Cabana do Pai Tomás‘).

Usaram de muita tenacidade para que seu discurso tivesse efeito em todos os Estados do país. A 19ª emenda, rejeitada pelo Governo em 1887, só viria a ser adotada depois da Primeira Guerra Mundial. Oito anos mais tarde, as sufragistas inglesas _que defendia o direito de as mulheres votarem_ conquistavam a igualdade eleitoral, após vários anos de luta.

As norte-americanas voltaram à vanguarda do amplo ‘movimento de libertação da mulher‘, dos anos 60, rapidamente propagado aos países ocidentais. As militantes, com suas bandeiras em defesa da liberdade sexual e do direito ao aborto, lutavam contra uma sociedade dominada pelos homens.

O livro de Betty Friedan ‘The Feminine Mystique‘ (A Mística Feminina), publicado em 1963 e considerado a bíblia das feministas, denunciava o mito da dona-de-casa.

Em 1966, era fundada a NOW, a Organização Nacional de Mulheres, pouco depois superada pelo Women’s Lib, mais radical.

Kate Millett e Germaine Greer, autoras respectivamente de ‘Sexual Politics‘ (Política Sexual) e ‘The Female Eunuch‘ (O Eunuco Feminino), emprestaram uma respeitabilidade intelectual ao movimento, tendo sido criados os ‘women’s studies‘ (estudos da mulher) nas universidades.

Algumas radicais transformaram o macho num inimigo permanente, lançando uma ‘guerra dos sexos‘, atualmente denunciada pela própria Bette Friedan.

Outras, como a jurista Bella Abzug, que morreu no último mês de março, puseram em primeiro plano o combate à desigualdade racial e à guerra do Vietnã.


O que falta percorrer
O tom do discurso das feministas ficou mais moderado. Patricia Ireland, presidenta da NOW, que continua sendo a principal organização feminista norte-americana, destaca o caminho que ainda falta ser percorrido nos Estados Unidos e no resto do mundo.

Três mulheres são governadoras, nove integram o Senado (9%) e 56 a Câmara de representantes (12,9 %), o que deixa os Estados Unidos bem atrás da Suécia, onde a representação feminina no parlamento supera os 40%.

As mulheres conquistaram a plenitude dos direitos políticos em quase todos os países ocidentais. No entanto, em 1996 contavam com apenas 10% dos assentos parlamentares no mundo.

Recentemente, as norte-americanas conseguiram vencer as reticências do Congreso em instalar na praça do Capitólio, verdadeiro santuário da democracia norte-americana, as efígies das três sufragistas, Lucretia Mott, Elizabeth Candy Stanton e Susan B. Antohny. Desde 1997 elas acompanham George Washington e os grandes homens dos Estados Unidos.





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