da AP,
em Santiago (Chile)
Três psiquiatras denunciaram que o general Augusto Pinochet se apresentou dopado aos exames médicos que concluíram que ele sofre de
uma deficiência vascular. Os médicos afirmaram que o ex-ditador está em condições de enfrentar um julgamento.
As análises dos especialistas, divulgadas hoje pelo jornal "La Nacion", contesta o resultado dos exames médicos que a defesa de Pinochet acredita que a Corte de Apelações levará em consideração os problemas de saúde do ex-ditador chileno.
Os especialistas afirmam que quando Pinochet enfrentou seis médicos da estatal de Serviço Médico Legal e da Universidade do Chile, estava sob efeitos do medicamento Citalopram, que teria sido detectado em sua urina.
Em um documento de nove páginas, eles afirmaram que o Citalopram produz efeitos colaterais como impedimento da capacidade de concentração e amnésia. Sgundo os psiquiatras, o medicamento havia interferido no rendimento de Pinochet diante das provas médicas que concluíram que ele tem uma deficiência vascular sub-cortical moderada, diagnóstico utilizado pela defesa do ex-ditador.
Além disso denunciaram outras irregularidades como haver excedido no tempo apropriado para sessões psicológicas e que um dos médicos de Pinochet, o neurologistas Sérgio Ferrer, conheceu antecipadamente uma das provas.
Disseram ainda que o medicamento e outras irregularidades poderiam ter levado a conclusões erradas sobre o verdadeiro estado de saúde do acusado. Acrescentaram que não se pode descartar que Pinochet tinha sido preparado sobre a forma de responder durante o exame psicológico.
Pinochet, de 85 anos, está sendo processado por encobrir 57 homicídios e 18 sequestros de prisioneiros políticos, em 1973. Sua defesa pediu a liberdade condicional depois de 42 dias de prisão domiciliar e agora batalha para evitar que o ex-ditador seja fichado na polícia.
"Sustentamos que o Sr. Pinochet, do ponto de vista psiquiátrico, se encontra com capacidade para participar de um processo nos tribunais de justiça, com devidas contemplações relativas a sua idade e problemas de mobilidade", afirmaram os três especialistas.
Também concluíram que " os danos anatômicos de seu cérebro, a nosso ver, não afetaram a competência e não constituem um quadro de demência".
Os psiquiatras elaboraram seu informe baseando-se nos resultados dos exames de janeiro que foram entregues ao juiz Juan Guzmán, que investiga cerca de 260 sentenças criminais contra Pinochet. O advogado Hugo Gutiérrez disse que Guzmán deverá entregar o informe dos psiquiatras ao fiscal da Corte de Apelações, que deve elaborar um resumo do processo e recomendar se o julgamento de Pinochet não deverá acontecer por razões médicas.