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25/10/2006 - 20h47

Premiê iraquiano desautoriza cronograma dos EUA para o país

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da Folha Online

O premiê do Iraque, Nouri al Maliki, desautorizou nesta quarta-feira o cronograma fixado pelos EUA para as ações de combate à violência no país. "Afirmo que este governo representa a vontade do povo e ninguém tem o direito de impôr cronogramas a ele", disse Maliki.

A afirmação do premiê chega apenas um dia depois que os dois principais líderes americanos no Iraque --o chefe do Exército, George Casey, e o embaixador Zalmay Khalilzad-- anunciaram o cronograma, que segundo eles havia sido aprovado pelas lideranças locais.

"Este é um governo eleito e apenas as pessoas que o elegeram têm o direito de fixar limitações de tempo", disse o premiê. O plano americano prevê que em até 18 meses os iraquianos estarão prontos para tomar controle total das forças de segurança no Iraque.

O premiê disse ainda que a formulação do cronograma se deve à proximidade das eleições para o Congresso americano, marcadas para o dia 7 de novembro. "Estou certo de que esta não é a política oficial do governo, mas o resultado de uma campanha eleitoral."

Sadr City

O clima tenso entre Al Maliki e o governo dos EUA é também atribuído à realização de uma ofensiva militar americana em Sadr City (Bagdá).

Forças americanas e iraquianas realizaram uma operação na região hoje, bastião da milícia xiita liderada pelo clérigo Muqtada al Sadr, matando ao menos quatro pessoas e ferindo outras 18, segundo a polícia local. Al Sadr é conhecido por sua oposição à presença americana no Iraque.

Segundo o Exército dos EUA, a ação de soldados americanos e forças especiais iraquianas visava deter "o comandante de um grupo ilegal armado que dissemina esquadrões da morte" na região leste de Bagdá, de acordo com um comunicado militar.

O premiê afirma que não foi consultado sobre a operação. "Vamos rever esse assunto com as forças internacionais para que isso não se repita", disse Maliki.

Insatisfação

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, reconheceu hoje que o país está sofrendo duras perdas na guerra no Iraque e que o público americano está insatisfeito com a ação. "Eu sei que muitos americanos não estão satisfeitos com a situação", disse. "Eu também não estou satisfeito." Ainda assim, Bush diz que não pretende abandonar a guerra "antes que o trabalho esteja concluído".

A afirmação faz parte de uma sombria revisão da guerra feita pelo presidente, que enfrenta o declínio do apoio público às vésperas das eleições para o Congresso dos Estados Unidos.

Apesar do reconhecimento das perdas, Bush reafirmou que a vitória é essencial no Iraque, como parte da luta contra o terrorismo. "Estamos vencendo e vamos vencer, a não ser que deixemos o país antes de terminar o trabalho.

Eleições

As declarações do presidente ocorrem no momento em que pesquisas de opinião mostram que o público se tornou fortemente oposto à guerra. O número de candidatos do próprio partido republicano que demonstram impaciência com as políticas de Bush aumenta a cada dia.

Ainda assim, Bush disse acreditar que os republicanos manterão o controle na Câmara dos Representantes e no Senado.

Na questão do apoio internacional para a guerra, Bush disse que o mundo espera que o Irã e a Síria colaborem para minar a violência sectária no Iraque. No entanto, o presidente rejeitou a idéia de trabalhar diretamente com o Irã, ao menos enquanto Teerã continuar a perseguir seu programa nuclear apesar da oposição da ONU. "Se eles comprovadamente pararem o enriquecimento de urânio, os EUA estarão negociando na mesma mesa que eles", disse Bush.

Apesar da defesa fervorosa da continuidade da ação militar no Iraque, Bush tergiversou quando questionado se as eleições de novembro seriam um referendo sobre a guerra. "A eleição é um referendo sobre qual partido tem um plano para fazer a economia crescer e para deixar a América segura", disse. "Se formos bem-sucedidos no Iraque, o país estará mais seguro."

Sobre os democratas, o presidente afirmou que não questiona seu patriotismo, mas sim "se eles compreendem o quanto o mundo é perigoso".

Com agências internacionais

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