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30/11/2006 - 10h02

Reino Unido busca passageiros de aviões com traços de radiação

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da Folha Online

A investigação sobre a morte do ex-espião russo Alexander Litvinenko, que morreu na última semana após ser envenenado com polônio radioativo, se tornou o foco das atenções no Reino Unido quando se divulgou que dois aviões de passageiros britânicos foram contaminados por radiação.

Agora, teme-se que passageiros e tripulantes que voaram nos dois aviões tenham sido contaminados.

Os aviões -- que são da empresa aérea British Airways-- voaram entre Moscou e Londres. Na noite de ontem, cerca de 800 pessoas foram contatadas pela empresa, que afirma estar fazendo perguntas sobre o estado de saúde dos passageiros como medida de precaução.

Dois boeings 767 foram testados ontem em Londres, enquanto uma terceira aeronave estava sendo testada em Moscou depois que seu piloto foi proibido de decolar. Os 800 passageiros contatados tomaram vôos entre Moscou e Londres nos dias imediatamente anteriores e posteriores ao envenenamento de Litvinenko, no dia 1º de novembro.

As informações foram divulgadas nesta quinta-feira em uma reportagem publicada pelo jornal britânico "The Guardian".

Número pode ser muito maior

O "Guardian" afirma, contudo, ter razões para acreditar que a British Airways procura até 33 mil passageiros e 3.000 funcionários que voaram nas aeronaves suspeitas em dez rotas diferentes desde o dia 25 de outubro.

As aeronaves em questão realizaram 220 vôos no período suspeito. De acordo com a British Airways, apenas "rastros muito pequenos" da sustância radioativa foram encontrados no boeing 767 e que o risco para a saúde do público é mínimo.

Passageiros preocupados com sua saúde foram orientados para telefonarem para o serviço de saúde britânico.

Ex-espião

Segundo o "Guardian", Litvinenko, 43, não foi passageiro em nenhum dos vôos contaminados. Ele havia recentemente conseguido a cidadania britânica, mas já vivia no Reino Unido desde 2000 --quando decidiu divulgar o que dizia serem atividades ilegais dos serviços de segurança russos.

Fontes do jornal britânico sugeriram que outros indivíduos que estão sendo investigados pela polícia com relação à morte do ex-espião viajaram nas aeronaves contaminadas. A polícia está particularmente interessada, segundo o "Guardian", em um vôo de Moscou para Londres no dia 25 de outubro. É fato conhecido que Litvinenko se encontrou com dois contatos russos --Andrei Lugovoi e Dmitri Kovtun-- no hotel Millenium no dia de seu envenenamento.

Lugovoi, ex-guarda-costas da KGB que possui atualmente uma empresa de segurança em Moscou, disse que voou para o Reino Unido com sua família para assistir a um jogo de futebol entre o Arsenal e o CSKA Moscow, além de encontros de negócios. Ele afirma que alguém o está tentando incriminar.

Pouco antes da morte de Litvinenko na última quinta-feira (23), a polícia descobriu que ele havia sido envenenado com polônio-210, uma substância rara e altamente tóxica. Desde então, os investigadores já encontraram traços da substância em 12 diferentes edifícios de Londres, incluindo a casa do ex-espião e dois hospitais onde ele recebeu tratamento. Foram investigados 24 locais.

Investigação

A Scotland Yard, que destacou seu novo comando de contra-terrorismo para investigar a morte de Litvinenko, continua se recusando a descrever sua ação como uma investigação de assassinato. Por enquanto, eles dizem investigar apenas uma "morte suspeita".

A British Airways afirmou que foi contatada pela Scotland Yard na última terça-feira (28) com um alerta sobre um "problema" com três de suas aeronaves. Ainda não há confirmação oficial de que a radiação encontrada nos aviões é proveniente do polônio-210.

Cada avião tem capacidade para 252 passageiros, dois pilotos e nove pessoas na equipe de vôo. O "Guardian" publicou em sua reportagem de hoje que, inicialmente, a British Airways está tentando contatar os passageiros dos seguintes vôos:

BA875 Moscou-Heathrow no dia 25 de outubro,
BA872 Heathrow-Moscou no dia 28 de outubro,
BA873 Moscou-Heathrow no dia 31 de outubro e
BA874 Heathrow-Moscou no dia 3 de novembro

Outras rotas que as aeronaves em questão voaram saem de Heathrow, em Londres, com direção a Barcelona, Dusseldorf, Atenas, Lanarca, Estocolmo, Madri, Istambul, Frankfurt e Viena.

Amanhã, uma necropsia deverá ser executada no corpo do ex-espião. Devido ao risco de contaminação, a segurança da operação será reforçada.

Contrabando nuclear

Segundo uma reportagem publicada nesta quarta-feira (30) no jornal britânico "The Independent", Litvinenko revelou ao acadêmico italiano Mario Scaramella, com quem se reuniu em Londres antes de passar mal, que liderou uma ação de contrabando de material nuclear da Rússia.

O ex-espião teria contado a Scaramella que realizou o traslado ilegal de material nuclear para Zurique, na Suíça, em 2000. O "Independent" não cita a finalidade do contrabando, mas diz que Litvinenko deixou a Rússia quando começou a ser investigado por acusações de corrupção.

Antes de sua morte, Litvinenko deixou uma carta acusando Putin por seu envenenamento. O governo russo nega veementemente a acusação.

Espionagem

Litvinenko se uniu às forças de contra-inteligência da KGB em 1988, e chegou a ser coronel do Serviço de Segurança Nacional da Rússia.

Em 1991, Litvinenko começou a se especializar em terrorismo e crime organizado, e foi transferido para o mais secreto departamento sobre organizações criminosas do serviço de segurança russo em 1997.

Desde que deixou a Rússia, há seis anos, o ex-espião é um feroz crítico do Kremlin. Internado no dia 1º deste mês, sua saúde se deteriorou rapidamente e ele sofreu uma parada cardíaca na última quarta-feira (22), morrendo no dia seguinte.

Com agências internacionais

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