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30/12/2006 - 13h47

Peregrinos em Meca criticam data escolhida para executar Saddam

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da Reuters, em Meca

Os peregrinos árabes em Meca --cidade sagrada para o islamismo-- se mostraram horrorizados pelo fato de as autoridades iraquianas terem escolhido o sábado para executar o ditador iraquiano Saddam Hussein, dizendo que se trata de uma ofensa aos muçulmanos.

O Eid al-Adha, ou Festa do Sacrifício, é um dos mais sagrados feriados para os muçulmanos, e lembra a decisão do patriarca bíblico Abraão de sacrificar um dos seus filhos para Deus. É tradição que governos islâmicos perdoem crimes, e prisioneiros raramente são executados nesta data.

"A execução no dia do Eid é um insulto para todos os muçulmanos", disse o peregrino jordaniano Nidal Mohammad Salah. "O que aconteceu não é bom porque, como líder de um estado, ele não deveria ser executado."

A morte pode endurecer o ódio por muçulmanos xiitas na Arábia Saudita, um bastião do islamismo sunita, cuja ortodoxia condena os xiitas como "hereges".

"A data foi escolhida para transformar nosso júbilo durante o Eid em tristeza. Não digo isso por pesar pelo Saddam. Mas nós devemos nos preparar para um novo inimigo do Oriente", disse um internauta em um site islâmico, referindo-se aos xiitas do Irã.

Saddam, sunita, era admirado por muitos árabes por se posicionar contra os Estados Unidos. Os organizadores da peregrinação temem que a sua morte possa fazer crescer a tensão entre sunitas e xiitas durante as festividades.

"Eu não quero acreditar. Saddam não pode morrer. Essa é a boa notícia que recebemos no Eid?", disse o saudita Nawaf al-Harbi.

Mas muitos xiitas encararam a morte de Saddam como um presente de Deus. "Parabéns, isso é como dois Eids! Espero que Deus não tenha misericórdia dele"disse o iraquiano Nadir Abdullah, que fazia parte de um alegre grupo de peregrinos.

A segurança foi aumentada na temporada de peregrinações deste ano devido à violência sectária entre xiitas e sunitas no Iraque e em todo o Oriente Médio.

Os peregrinos usam vestimentas brancas simples pelas quais se pode distinguir credos e nacionalidades. A maioria deles estava preocupada com o próximo estágio da briga.

Muitos achavam que a execução de Saddam apenas vai fazer piorar os conflitos no Iraque. "Isso é inacreditável. As coisas não vão melhorar no Iraque agora que Saddam está morto", disse o peregrino sírio Abu Mostafa. "Vai haver mais violência e mais raiva dos árabes contra o Ocidente."

Para curdos iraquianos como Aladdin Suleiman Mohammad, a execução foi uma "decisão justa", não importando a data escolhida, apesar de isso frustrar a esperança de punição ao ex-ditador pelos crimes cometidos contra os curdos. O segundo julgamento de Saddam por crimes de guerra contra os curdos deveria ser retomado no próximo mês.

Mas também havia muitos árabes que disseram que quem deveria ser julgado é o governo iraquiano xiita que apoiou a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003, a qual depôs Saddam. "Eles são colaboradores dos americanos, esses iraquianos. Eles deveriam ser executados, não Saddam Hussein", disse Mohammad Mousa, do Líbano. "Saddam Hussein é o mais honrado de todos eles. É o mais honrado árabe. Eles vão para o inferno, nós vamos para o céu."

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