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30/12/2006
-
14h53
da Reuters
da Folha Online
Saddam Hussein lutou brevemente quando militares americanos o entregaram para forças iraquianas que o executariam, mas durante os procedimentos que precederam sua morte na forca, o ditador iraquiano se mostrou calmo, de acordo com o relato de testemunhas.
Usando casaco negro e calças, ele segurava o Corão enquanto se encaminhava para a forca. Em seu último momento de desafio, se recusou a ter um capuz sobre o rosto durante a execução.
Horas após sua morte, por volta das 6h em Bagdá (1h do horário de Brasília), ao menos 68 iraquianos já haviam morrido em atentados a bomba no país. No norte de Bagdá, dois carros estacionados perto de um mercado explodiram e mataram 37 civis. Ao sul da capital, outras 31 pessoas morreram e 58 ficaram feridas em explosões.
Celebração e morte
A TV iraquiana mostrou neste sábado o que afirmou ser o corpo de Saddam depois de sua execução.
No bairro predominantemente xiita de Sadr City, em Bagdá, centenas de pessoas dançaram nas ruas, enquanto outras dispararam tiros para o ar para celebrar a morte do ditador.
Nesta região, não foi imposto um toque de recolher total, como ocorreu por ocasião da sentença ditada pelo Tribunal Penal Iraquiano a Saddam em novembro último.
A execução foi realizada durante o mais mortífero mês de 2006 para as tropas dos Estados Unidos no Iraque. O número de militares mortos em dezembro já alcançou ao menos 109. Estima-se que 2.998 membros das Forças Armadas americanas morreram no Iraque desde o início da guerra, em 2003.
Protestos
Em Tikrit, cidade natal de Saddam, a polícia bloqueou as entradas e rodovias e proibiu qualquer pessoa de sair ou chegar à cidade durante quatro dias.
Apesar da precaução de segurança, homens armados saíram às ruas de Tikrit, ignorando um toque de recolher, e carregaram fotos do ditador enquanto pediam vingança pela execução.
Forças de segurança também armaram bloqueios nas estradas de outra cidade --Samarra, onde o ataque a uma mesquita xiita em fevereiro detonou uma onda de ataques sectários no Iraque. Ali, um toque de recolher foi imposto após cerca de 500 pessoas tomarem as ruas em protesto contra a execução de Saddam.
Cerca de 200 pessoas também protestaram contra o enforcamento do ditador próximo à capital de Anbar, Ramadi. Muitas levavam fotos de Saddam.
Em Adwar, vila ao sul de Tikrit onde Saddam foi capturado por tropas americanas em dezembro de 2003, mais de 2.000 pessoas, muitas levando armas, participaram de um protesto.
Dia especial
Apesar de uma série de informações contraditórias, o mais provável é que o meio-irmão de Saddam, Barzan Ibrahim, e o ex-chefe de Justiça Awad Hamed al Bandar, condenados à morte ao lado do ditador em 5 de novembro, não tenham sido enforcados neste sábado.
Oficiais iraquianos disseram que queriam reservar o dia apenas para Saddam. "Queríamos que ele fosse executado em um dia especial", disse o conselheiro de segurança nacional do Iraque, Mouwafak al Rubaie, à TV estatal iraquiana.
De acordo com Sami al Askari, conselheiro político do premiê Nouri al Maliki, Saddam estava calmo em seus últimos momentos. Vestindo roupas pretas e chapéu ao invés do uniforme de prisioneiro, o ditador teve as mãos amarradas mas se recusou a aceitar o capuz que lhe cobriria o rosto durante o enforcamento. Seu chapéu foi removido pouco antes de as cordas serem colocadas em volta do pescoço.
Questionado sobre seu desejo de proferir últimas palavras antes da execução, Saddam recusou-se a discursar, segundo Askari. Ele apenas repetiu uma oração em companhia de um clérigo sunita presente no local.
Askari disse ainda que, antes de receber a corda em volta do pescoço, Saddam gritou: "Deus é grande, a nação será vitoriosa e a Palestina é árabe".
A TV iraquiana divulgou imagens de guardas usando máscaras de esqui levando o ditador para a execução. As imagens são cortadas pouco antes do enforcamento em si. Foram divulgadas também fotos do corpo de Saddam após a execução.
Americanos
Tropas americanas comemoraram a notícia da morte de Saddam em uma base no leste de Bagdá. Alguns soldados, no entanto, manifestaram dúvidas a respeito do significado da morte do ditador para o futuro do Iraque.
"Primeiro foram as armas de destruição em massa. Então, quando não foi encontrada nenhuma, a questão era encontrar Saddam. Aí o encontramos. Foi o momento em que precisávamos julgá-lo", ironizou o soldado Thomas Sheck, 25, que já está em sua segunda missão no Iraque.
"Pois bem, agora que ele está morto, qual será a próxima história que vão contar para nos manter aqui?", questionou.
Em todo o mundo, a execução de Saddam gerou celebrações e protestos, em meio ao fortalecimento do movimento que questiona a pena de morte.
As execuções haviam sido suspensas no Iraque pelo Exército dos EUA depois da queda de Saddam em 2003. O novo governo iraquiano, no entanto, restaurou as execuções dois anos depois, afirmando que elas são úteis para deter criminosos.
Com agências internacionais
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Saddam estava calmo antes de execução, dizem testemunhas
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da Folha Online
Saddam Hussein lutou brevemente quando militares americanos o entregaram para forças iraquianas que o executariam, mas durante os procedimentos que precederam sua morte na forca, o ditador iraquiano se mostrou calmo, de acordo com o relato de testemunhas.
Usando casaco negro e calças, ele segurava o Corão enquanto se encaminhava para a forca. Em seu último momento de desafio, se recusou a ter um capuz sobre o rosto durante a execução.
Horas após sua morte, por volta das 6h em Bagdá (1h do horário de Brasília), ao menos 68 iraquianos já haviam morrido em atentados a bomba no país. No norte de Bagdá, dois carros estacionados perto de um mercado explodiram e mataram 37 civis. Ao sul da capital, outras 31 pessoas morreram e 58 ficaram feridas em explosões.
Celebração e morte
A TV iraquiana mostrou neste sábado o que afirmou ser o corpo de Saddam depois de sua execução.
No bairro predominantemente xiita de Sadr City, em Bagdá, centenas de pessoas dançaram nas ruas, enquanto outras dispararam tiros para o ar para celebrar a morte do ditador.
Nesta região, não foi imposto um toque de recolher total, como ocorreu por ocasião da sentença ditada pelo Tribunal Penal Iraquiano a Saddam em novembro último.
A execução foi realizada durante o mais mortífero mês de 2006 para as tropas dos Estados Unidos no Iraque. O número de militares mortos em dezembro já alcançou ao menos 109. Estima-se que 2.998 membros das Forças Armadas americanas morreram no Iraque desde o início da guerra, em 2003.
Protestos
Em Tikrit, cidade natal de Saddam, a polícia bloqueou as entradas e rodovias e proibiu qualquer pessoa de sair ou chegar à cidade durante quatro dias.
Apesar da precaução de segurança, homens armados saíram às ruas de Tikrit, ignorando um toque de recolher, e carregaram fotos do ditador enquanto pediam vingança pela execução.
Forças de segurança também armaram bloqueios nas estradas de outra cidade --Samarra, onde o ataque a uma mesquita xiita em fevereiro detonou uma onda de ataques sectários no Iraque. Ali, um toque de recolher foi imposto após cerca de 500 pessoas tomarem as ruas em protesto contra a execução de Saddam.
Cerca de 200 pessoas também protestaram contra o enforcamento do ditador próximo à capital de Anbar, Ramadi. Muitas levavam fotos de Saddam.
Em Adwar, vila ao sul de Tikrit onde Saddam foi capturado por tropas americanas em dezembro de 2003, mais de 2.000 pessoas, muitas levando armas, participaram de um protesto.
Dia especial
Apesar de uma série de informações contraditórias, o mais provável é que o meio-irmão de Saddam, Barzan Ibrahim, e o ex-chefe de Justiça Awad Hamed al Bandar, condenados à morte ao lado do ditador em 5 de novembro, não tenham sido enforcados neste sábado.
AP |
Saddam Hussein é levado para a forca por guardas iraquianos em Bagdá |
De acordo com Sami al Askari, conselheiro político do premiê Nouri al Maliki, Saddam estava calmo em seus últimos momentos. Vestindo roupas pretas e chapéu ao invés do uniforme de prisioneiro, o ditador teve as mãos amarradas mas se recusou a aceitar o capuz que lhe cobriria o rosto durante o enforcamento. Seu chapéu foi removido pouco antes de as cordas serem colocadas em volta do pescoço.
Questionado sobre seu desejo de proferir últimas palavras antes da execução, Saddam recusou-se a discursar, segundo Askari. Ele apenas repetiu uma oração em companhia de um clérigo sunita presente no local.
Askari disse ainda que, antes de receber a corda em volta do pescoço, Saddam gritou: "Deus é grande, a nação será vitoriosa e a Palestina é árabe".
A TV iraquiana divulgou imagens de guardas usando máscaras de esqui levando o ditador para a execução. As imagens são cortadas pouco antes do enforcamento em si. Foram divulgadas também fotos do corpo de Saddam após a execução.
Americanos
Tropas americanas comemoraram a notícia da morte de Saddam em uma base no leste de Bagdá. Alguns soldados, no entanto, manifestaram dúvidas a respeito do significado da morte do ditador para o futuro do Iraque.
"Primeiro foram as armas de destruição em massa. Então, quando não foi encontrada nenhuma, a questão era encontrar Saddam. Aí o encontramos. Foi o momento em que precisávamos julgá-lo", ironizou o soldado Thomas Sheck, 25, que já está em sua segunda missão no Iraque.
"Pois bem, agora que ele está morto, qual será a próxima história que vão contar para nos manter aqui?", questionou.
Em todo o mundo, a execução de Saddam gerou celebrações e protestos, em meio ao fortalecimento do movimento que questiona a pena de morte.
As execuções haviam sido suspensas no Iraque pelo Exército dos EUA depois da queda de Saddam em 2003. O novo governo iraquiano, no entanto, restaurou as execuções dois anos depois, afirmando que elas são úteis para deter criminosos.
Com agências internacionais
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