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04/01/2007 - 10h26

Execução de Saddam causa onda de protestos em países muçulmanos

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da Folha Online

A execução do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein no dia que marca o início do Eid al Adha [Dia do Sacrifício] acirrou a tensão entre sunitas e xiitas e causou protestos e indignação em países muçulmanos -- principalmente no Egito e na Arábia Saudita, principais bastiões sunitas.

Saddam e dois ex-assessores foram condenados à sentença de morte em 5 de novembro pelas mortes de 148 xiitas da cidade de Dujail, após uma tentativa de assassinato contra Saddam na década de 80.

A apelação ao veredicto foi rejeitada no dia 26 de dezembro pela corte de apelações do Alto Tribunal Penal iraquiano.

Saddam foi enforcado na manhã do último sábado (30) na sede da antiga inteligência militar iraquiana em Bagdá, na região xiita de Kazamiyah.

Sucheta Das/AP
Indianos queimam boneco de Bush em ato contra morte de Saddam
Indianos queimam boneco de Bush em ato contra morte de Saddam
Na Índia, policiais lançaram nesta quinta-feira balas de borracha e gás lacrimogêneo para dispersar centenas de pessoas que queimavam bandeiras dos EUA na Caxemira, em protesto contra a execução.

Entoando o coro "Abaixo a América", cerca de 300 pessoas atiraram pedras contra os policiais que tentavam deter a manifestação, ocorrida no distrito de Nowhatta, em Srinagar. O grupo também gritava "Abaixo Bush", e acusava os EUA de negar um processo justo a Saddam.

Ao menos quatro soldados paramilitares e três manifestantes ficaram levemente feridos, segundo Prabhakar Tripathy, porta-voz do grupo paramilitar Força Central de Reserva Policial.

Os policiais recorreram às balas de borracha e ao gás lacrimogêneo depois que falharam em controlar a multidão com cassetetes. Apesar do tumulto, o comércio continuo aberto na região.

O protesto de hoje foi o maior na Caxemira desde a morte de Saddam, no sábado (30).

Ontem, na maior manifestação pró-Saddam desde o enforcamento do ditador, cerca de 2.500 pessoas fizeram um protesto na Jordânia em que criticaram o clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, classificado pelos presentes como ignóbil. "Vamos esmagar sua cabeça com nossas botas", gritavam os manifestantes.

Na Argélia, outras ações de apoio a Saddam foram realizadas. O governo ordenou que em todas as mesquitas do país fossem realizadas preces pelo descanso da alma do ex-ditador iraquiano, executado no início da festividade de Eid al Adha [cerimônia do sacrifício], em que os fiéis matam um animal [camelo, vaca ou, geralmente, carneiro] e distribuem a carne aos pobres.

A Argélia, no entanto, não imitou a Líbia, que decretou três dias de luto e anulou as festividades de Eid al Adha, uma das datas mais sagradas para os muçulmanos, que ocorre ao término da peregrinação aos lugares santos do islã.

Os partidos políticos argelinos qualificaram de 'assassinato político' o enforcamento de Saddam. Já o governo disse que Saddam era um prisioneiro político e que devia ter sido tratado como tal.

"Guerra contra os xiitas"

Para clérigos sunitas radicais da Arábia saudita, a execução mostrou que os xiitas iraquianos, em aliança com o Irã, são "infiéis que declararam guerra aos sunitas".

Líderes sauditas consideraram a morte uma "afronta" à honra árabe. "Foi um esquadrão da morte que fez isso, uma multidão. Mas devemos agradecer ao governo iraquiano por filmar a morte e permitir que víssemos a verdade", afirmou Turki Rasheed, líder sunita.

"Ele lutou com seus olhos e com sua fala, e se tornou um herói", acrescentou.

Tanto a Arábia Saudita quanto o Egito criticaram o Iraque pela data escolhida para a execução.

"O dia escolhido mostra quanto os xiitas odeiam o sunitas no Iraque e em todo o mundo islâmico", afirmou Nasser al Omar, uma das autoridades do movimento fundamentalista islâmico wahhabi [sunitas radicais], no website do grupo.

"Eles querem ligar Saddam aos sunitas e mostrar sua execução como uma vitória dos xiitas".

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