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15/01/2007 - 20h32

Execução de aliados de Saddam Hussein enfurece sunitas

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da Folha Online

A tentativa do premiê iraquiano, Nouri al Maliki, de encerrar um capítulo na história do regime de Saddam Hussein no Iraque, ao executar nesta segunda-feira dois de seus aliados, desencadeou uma reação raivosa na oposição sunita quando o meio-irmão de Saddam acabou decapitado na forca.

A cabeça de Barzan Ibrahim Al Tikriti caiu a metros de distância de seu corpo quando o meio-irmão do ditador foi executado na forca, em uma rara ocorrência de decapitação pela corda.

12.jun.2006/EFE
Awad al Bandar (à esq.) e Barzan al Tikriti durante audiência de julgamento no Iraque
Awad al Bandar (à esq.) e Barzan al Tikriti durante audiência de julgamento no Iraque
O enforcamento --e a decapitação-- foi mostrado em um vídeo governamental que, apesar de não ter sido divulgado para o público, foi exibido para alguns jornalistas, segundo informaram agências de notícias.

Ao lado de Ibrahim, foi executado por volta das 3h de hoje em Bagdá (cerca de 8h pelo horário de Brasília) Awad Hamed al Bandar, chefe da Corte Revolucionária de Saddam.

De acordo com o promotor Jaafar al Moussawi, que testemunhou as execuções, Ibrahim parecia tenso quando foi levado para a forca. Ele teria dito: "Eu não fiz nada. Foi tudo feito por Fadel al Barrak" (chefe dos serviços de inteligência de Saddam Hussein) antes da execução.

Revolta

Até o fim do dia, ao menos 3.000 iraquianos sunitas, muitos levando armas, se reuniram perto de Ouja, nos arredores de Tikrit (cidade natal de Saddam) para o enterro de Ibrahim e Al Bandar.

"Onde estão os defensores dos direitos humanos?", perguntou Marwan Mohammed, sunita presente no funeral. "Onde está a ONU e as ONGs de direitos humanos? Barzan tinha câncer. Eles só o trataram para mantê-lo vivo até a execução. Vamos nos vingar, mesmo que demore anos", jurou.

O genro de Ibrahim, Azzam Saleh Abdullah, disse que ficou sabendo da execução pela imprensa. "Deveriam ter nos informado um dia antes, mas parece que o governo não conhece as regras", protestou.

Segundo ele, o enforcamento é reflexo do ódio do governo --dominado por xiitas-- aos iraquianos sunitas. "Querem mais derramamento de sangue".

Defesa do governo

No vídeo oficial da execução de dois ex-assessores de Saddam, Al Bandar pode ser visto pendurado na forca. O corpo de Al Tikriti aparece caído no chão, com cabeça atirada a vários metros de distância.

Segundo o porta-voz do governo iraquiano, Ali al Dabbagh, o procedimento seguiu o padrão exigido pelas organizações de direitos humanos. O vídeo não será exibido publicamente.

"Não divulgaremos a gravação [da execução], mas queremos mostrar a verdade", afirmou. "O governo iraquiano agiu de maneira neutra".

Segundo Al Dabbagh, as execuções dos dois ex-assessores de Saddam ocorreram "de acordo com a constituição e a lei iraquiana". Foi pedido aos presentes que "respeitassem as regras da aplicação da condenação e a disciplina" e eles foram obrigados a assinar compromissos que garantiam que não haveria "palavras de ordem, insultos ou violações da lei", segundo ele.

Saddam foi condenado à morte ao lado de Al Tikriti e Al Bandar em 5 de novembro de 2006, pelo massacre de 148 xiitas na aldeia de Dujail, ao norte de Bagdá. A ação --um fuzilamento em massa ocorrido em 1982-- teria sido uma represália do governo iraquiano contra uma tentativa frustrada de assassinato do ditador.

EUA

As novas execuções foram saudadas pelo governo norte-americano como uma "aplicação da justiça", segundo o porta-voz adjunto da Casa Branca Scott Stanzel.

"O Iraque é um governo soberano que aplica seu sistema judicial contra os culpados de crimes brutais contra a humanidade", afirmou.

Em visita ao Oriente Médio, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, afirmou que a execução de Saddam deveria ter sido conduzida "com dignidade", e que espera que os responsáveis pelas ofensas sofridas pelo ditador "sejam punidos".

Segundo a secretária de Estado, a decisão de executar Saddam e seus dois ex-colaboradores foi tomada "de acordo com o processo judicial e com a lei iraquiana".

A execução de Saddam recebeu duras críticas de outros países, especialmente depois que um vídeo pirata divulgado na internet mostrou o ditador sunita sendo xingado em seus momentos finais, já com a corda no pescoço.

O premiê iraquiano, Nouri al Maliki, ordenou que o Ministério do Interior investigue a gravação clandestina, e prendeu pessoas suspeitas de a realizarem.

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