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22/05/2007
-
08h33
da Folha Online
Violentos confrontos entre soldados do Exército libanês e integrantes do grupo radical Fatah al Islam entraram no terceiro dia nesta terça-feira, nos piores enfrentamentos internos no Líbano desde o final da guerra civil, em 1990. Ao menos 50 morreram.
Na manhã desta terça-feira, tiros de armas automáticas eram ouvidos ao redor do campo de refugiados de Nahr el Bared, em Trípoli, no norte do país, que ficou coberto por fumaça.
Os enfrentamentos são reflexo da determinação do governo do premiê Fouad Siniora de deter o grupo radical, acusado de realizar diversos ataques contra tropas do Líbano desde domingo (20). Até a manhã de hoje, a agência de notícias Associated Press estimou que cerca de 50 pessoas --entre soldados e membros do Fatah al Islam--morreram nos conflitos desde domingo, sem especificar o número de mortes entre civis. A agência Reuters já contabiliza, após os últimos episódios de violência, um total de 79 mortos --varios deles civis.
Facções palestinas reuniram-se com Siniora pela segunda vez para tentar contornar a crise.
Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim Taha, afirmou que o grupo conteve tentativas do Exército libanês de invadir suas posições no campo de refugiados. "Os bombardeios são intensos, não apenas contra nossas posições, mas também contra mulheres e crianças. A destruição está por todo lado", disse ele por telefone à Associated Press. Ele negou que o grupo esteja por trás das explosões ocorridas em Beirute na noite desta segunda-feira.
Mais de 30 mil palestinos vivem em Nahr el Bared, um dos mais de 12 campos de refugiados que abrigam 215 mil pessoas, de um total de 400 mil palestinos que vivem no Líbano. Autoridades libaneses não têm permissão para entrar nos campos, segundo um acordo com o governo da Autoridade Nacional Palestinas (ANP), que data de mais de 40 anos.
O mufti Salim Lababidi, líder espiritual sunita de muitos palestinos no Líbano, afirmou que os bombardeios mataram cerca de cem civis. "Havia milhares de maneiras de deter o Fatah al Islam (...). Há outras maneiras que não essa", disse ele à rede de TV Al Jazira.
Ameaças
Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim, alertou que caso o Exército não cesse os ataques, membros do grupo poderão lançar foguetes e realizar ataques com artilharia, levando os confrontos para "outras regiões fora de Trípoli".
"É uma batalha de vida ou morte. O objetivo [do Exército] é destruir o Fatah al Islam. Nós responderemos, e sabemos como fazer isso", disse Salim à Associated Press.
O grupo radical nega manter relações com a rede Al Qaeda. Em coletiva de imprensa em março último, o líder do grupo, Shakir al Absi, negou que a organização envie combatentes ao Iraque. "Lutar em nossa terra natal [territórios palestinos] é mais importante", afirmou.
No entanto, no passado, foram apontadas ligações entre Al Absi e Abu Musab al Zarqawi, líder da rede Al Qaeda no Iraque morto em um bombardeio dos EUA em junho de 2006.
Al Absi foi condenado à morte em revelia na Jordânia, ao lado de Al Zarqawi, pelo assassinato de um diplomata americano em Amã, ocorrido em 2002.
Explosão
Uma bomba atingiu um estacionamento no distrito de maioria muçulmana de Verdun, em Beirute, na noite desta segunda-feira, deixando ao menos sete pessoas feridas.
A explosão incendiou carros e quebrou janelas em diversos edifícios próximos. Uma fonte do Exército libanês informou que a bomba foi colocada sob um carro no estacionamento.
Em um incidente similar neste domingo (20), uma mulher morreu quando uma bomba explodiu sob um carro estacionado perto de um shopping na região leste da capital, habitada principalmente por cristãos.
Ao menos dez pessoas ficaram feridas.
Ajuda à população
Segundo Virginia de la Guardia, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a violência incessante dificulta o atendimento. "No domingo, o Crescente Vermelho palestino conseguiu entrar duas vezes no campo de refugiados e resgatar seis feridos, mas tiveram de parar por causa dos confrontos", disse ela por telefone de Beirute à Folha Online.
Ela conta que, na manhã desta segunda-feira, outras 18 pessoas feridas foram resgatadas. "Pedimos a todas as partes envolvidas que parem os conflitos e facilitem o acesso aos feridos, que estão precisando muito de ajuda. A luta está muito intensa. A mensagem principal é que facilitem o acesso, pois a violência nos impede de entrar", disse La Guardia.
Segundo ela, o CICV não possui uma estimativa sobre o número exato de mortos nos confrontos. "Além dos feridos, queremos remover os corpos, mas ainda não conseguimos. Eles estão sendo deixados no local dos confrontos, ninguém os retira", afirma a porta-voz.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Líbano coordena a ação com o Crescente Vermelho palestino do lado de fora do campo de refugiados. O grupo ajuda a transportar os feridos até o hospital depois que o CV palestino busca as pessoas dentro de Nahr al Bared.
"Nós também distribuímos kits de suprimentos médicos para os hospitais. Hoje, fomos até a fronteira do campo com três carros, entramos em contato com associações locais e eles buscaram os kits médicos na entrada. Nós não fomos até o interior devido à continuidade dos confrontos. É muito difícil entrar por causa da segurança", acrescentou.
Com France Presse, Reuters e Associated Press
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Violentos confrontos entre soldados do Exército libanês e integrantes do grupo radical Fatah al Islam entraram no terceiro dia nesta terça-feira, nos piores enfrentamentos internos no Líbano desde o final da guerra civil, em 1990. Ao menos 50 morreram.
Na manhã desta terça-feira, tiros de armas automáticas eram ouvidos ao redor do campo de refugiados de Nahr el Bared, em Trípoli, no norte do país, que ficou coberto por fumaça.
Mohamed Azakir/Reuters |
Membro da força de segurança observa fumaça que cobre campo de refugiados |
Facções palestinas reuniram-se com Siniora pela segunda vez para tentar contornar a crise.
Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim Taha, afirmou que o grupo conteve tentativas do Exército libanês de invadir suas posições no campo de refugiados. "Os bombardeios são intensos, não apenas contra nossas posições, mas também contra mulheres e crianças. A destruição está por todo lado", disse ele por telefone à Associated Press. Ele negou que o grupo esteja por trás das explosões ocorridas em Beirute na noite desta segunda-feira.
Mais de 30 mil palestinos vivem em Nahr el Bared, um dos mais de 12 campos de refugiados que abrigam 215 mil pessoas, de um total de 400 mil palestinos que vivem no Líbano. Autoridades libaneses não têm permissão para entrar nos campos, segundo um acordo com o governo da Autoridade Nacional Palestinas (ANP), que data de mais de 40 anos.
O mufti Salim Lababidi, líder espiritual sunita de muitos palestinos no Líbano, afirmou que os bombardeios mataram cerca de cem civis. "Havia milhares de maneiras de deter o Fatah al Islam (...). Há outras maneiras que não essa", disse ele à rede de TV Al Jazira.
Ameaças
Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim, alertou que caso o Exército não cesse os ataques, membros do grupo poderão lançar foguetes e realizar ataques com artilharia, levando os confrontos para "outras regiões fora de Trípoli".
"É uma batalha de vida ou morte. O objetivo [do Exército] é destruir o Fatah al Islam. Nós responderemos, e sabemos como fazer isso", disse Salim à Associated Press.
O grupo radical nega manter relações com a rede Al Qaeda. Em coletiva de imprensa em março último, o líder do grupo, Shakir al Absi, negou que a organização envie combatentes ao Iraque. "Lutar em nossa terra natal [territórios palestinos] é mais importante", afirmou.
No entanto, no passado, foram apontadas ligações entre Al Absi e Abu Musab al Zarqawi, líder da rede Al Qaeda no Iraque morto em um bombardeio dos EUA em junho de 2006.
Al Absi foi condenado à morte em revelia na Jordânia, ao lado de Al Zarqawi, pelo assassinato de um diplomata americano em Amã, ocorrido em 2002.
Explosão
Uma bomba atingiu um estacionamento no distrito de maioria muçulmana de Verdun, em Beirute, na noite desta segunda-feira, deixando ao menos sete pessoas feridas.
Mahmoud Tawil/AP |
Policial libanês observa cena de explosão que feriu sete em Beirute nesta segunda-feira |
Em um incidente similar neste domingo (20), uma mulher morreu quando uma bomba explodiu sob um carro estacionado perto de um shopping na região leste da capital, habitada principalmente por cristãos.
Ao menos dez pessoas ficaram feridas.
Ajuda à população
Segundo Virginia de la Guardia, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), a violência incessante dificulta o atendimento. "No domingo, o Crescente Vermelho palestino conseguiu entrar duas vezes no campo de refugiados e resgatar seis feridos, mas tiveram de parar por causa dos confrontos", disse ela por telefone de Beirute à Folha Online.
Ela conta que, na manhã desta segunda-feira, outras 18 pessoas feridas foram resgatadas. "Pedimos a todas as partes envolvidas que parem os conflitos e facilitem o acesso aos feridos, que estão precisando muito de ajuda. A luta está muito intensa. A mensagem principal é que facilitem o acesso, pois a violência nos impede de entrar", disse La Guardia.
Mohamed Azakir/Reuters |
Membros da Cruz Vermelha atendem ferido após ataque contra campo de refugiados |
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha no Líbano coordena a ação com o Crescente Vermelho palestino do lado de fora do campo de refugiados. O grupo ajuda a transportar os feridos até o hospital depois que o CV palestino busca as pessoas dentro de Nahr al Bared.
"Nós também distribuímos kits de suprimentos médicos para os hospitais. Hoje, fomos até a fronteira do campo com três carros, entramos em contato com associações locais e eles buscaram os kits médicos na entrada. Nós não fomos até o interior devido à continuidade dos confrontos. É muito difícil entrar por causa da segurança", acrescentou.
Com France Presse, Reuters e Associated Press
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