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22/05/2007 - 12h45

Radicais fazem trégua para entrada de ajuda humanitária no Líbano

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da Folha Online

Após três dias de confrontos com o Exército libanês, o grupo radical sunita Fatah al Islam decretou uma trégua unilateral para permitir a entrada de caminhões com ajuda humanitária no campo de refugiados de Nahr el Bared, em Trípoli, no norte do país.

Mohamed Azakir/Reuters
Membros da Cruz Vermelha atendem ferido após ataque contra campo de refugiados
Membros da Cruz Vermelha atendem ferido após ataque contra campo de refugiados
Muitos dos cerca de 30 mil palestinos que vivem no local aproveitaram o breve cessar-fogo para reunir pertences e deixar o campo de refugiados ao lado de seus familiares.

A ONU aproveitou o breve cessar-fogo para entregar alimentos, água e medicamentos. Apesar da trégua, membros de uma das equipe de ajuda da ONU foram forçados a sair depois que tiros e explosões ocorreram perto do comboio em que seguiam. Um homem que socorria uma mulher ferida teve de deixá-la na rua depois que disparos foram efetuados. Segundo a agência France Presse, dois civis palestinos morreram nestes tiroteios.

Os combates no campo de refugiados, que já duram três dias, são os piores enfrentamentos internos no Líbano desde o final da guerra civil, em 1990. Ao menos 50 morreram.

Os enfrentamentos são reflexo da determinação do governo do premiê Fouad Siniora de deter o grupo radical, acusado de realizar diversos ataques contra tropas do Líbano desde domingo (20). Até a manhã de hoje, a agência de notícias Associated Press estimou que cerca de 50 pessoas --entre soldados e membros do Fatah al Islam--morreram nos conflitos desde domingo, sem especificar o número de mortes entre civis. A agência Reuters já contabiliza, após os últimos episódios de violência, um total de 79 mortos --vários deles civis.

O mufti Salim Lababidi, líder espiritual sunita de muitos palestinos no Líbano, afirmou que os bombardeios mataram cerca de cem civis. 'Havia milhares de maneiras de deter o Fatah al Islam (...). Há outras maneiras que não essa', disse ele à rede de TV Al Jazira.

Moradores

Mais de 30 mil palestinos vivem em Nahr el Bared, um dos mais de 12 campos de refugiados que abrigam 215 mil pessoas, de um total de 400 mil palestinos que vivem no Líbano.

21.mai.2007/Efe
Nuvem de fumaça sobe após ataque do Exército ao campo de refugiados Nahr al Bared
Nuvem de fumaça sobe após ataque do Exército ao campo de refugiados Nahr al Bared
Autoridades libaneses não têm permissão para entrar nos campos, segundo um acordo com o governo da Autoridade Nacional Palestinas (ANP), que data de mais de 40 anos.

Moradores saíram às ruas para checar os estragos causados pela violência.

"O que eles [o Exército] pensa que está fazendo? Eles acham que estão lutando contra o Exército de Israel?", questionou o morador Mahmoud Tayyar.

"Nós já vimos muitas guerras, mas nunca bombardeios como esses. Áreas inteiras foram destruídas", dissse Jamal Laila, 40 por telefone à agência Reuters.

"Crianças estão sem água e sem leite. Por causa de dez ou 20 pessoas, um campo inteiro está sendo massacrado", disse ela aos prantos à Reuters.

Ameaças

Um porta-voz do Fatah al Islam, Abu Salim, alertou que caso o Exército não cesse os ataques, membros do grupo poderão lançar foguetes e realizar ataques com artilharia, levando os confrontos para "outras regiões fora de Trípoli".

"É uma batalha de vida ou morte. O objetivo [do Exército] é destruir o Fatah al Islam. Nós responderemos, e sabemos como fazer isso", disse Salim à Associated Press.

O grupo radical nega manter relações com a rede Al Qaeda. Em coletiva de imprensa em março último, o líder do grupo, Shakir al Absi, negou que a organização envie combatentes ao Iraque. "Lutar em nossa terra natal [territórios palestinos] é mais importante", afirmou.

No entanto, no passado, foram apontadas ligações entre Al Absi e Abu Musab al Zarqawi, líder da rede Al Qaeda no Iraque morto em um bombardeio dos EUA em junho de 2006.

Al Absi foi condenado à morte em revelia na Jordânia, ao lado de Al Zarqawi, pelo assassinato de um diplomata americano em Amã, ocorrido em 2002.

Explosão

Uma bomba atingiu um estacionamento no distrito de maioria muçulmana de Verdun, em Beirute, na noite desta segunda-feira, deixando ao menos sete pessoas feridas.

Mahmoud Tawil/AP
Policial libanês observa cena de explosão que feriu sete em Beirute nesta segunda-feira
Policial libanês observa cena de explosão que feriu sete em Beirute nesta segunda-feira
A explosão incendiou carros e quebrou janelas em diversos edifícios próximos. Uma fonte do Exército libanês informou que a bomba foi colocada sob um carro no estacionamento.

Em um incidente similar neste domingo (20), uma mulher morreu quando uma bomba explodiu sob um carro estacionado perto de um shopping na região leste da capital, habitada principalmente por cristãos.

Ao menos dez pessoas ficaram feridas.

EUA

Nesta segunda-feira, os EUA expressaram preocupação com os confrontos no norte do Líbano, mas afirmaram que o ataque das forças de segurança são "justificados".

"Aparentemente, as forças de segurança libanesas agem de maneira legítimas para garantir a segurança e estabilizar o país, apesar dos ataques e provocações de extremistas", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack, aos jornalistas.

Segundo ele, os integrantes do Fatah al Islam, que é acusado de ligação com a rede terrorista Al Qaeda, são comprometidos com a "violência" e o "uso do terror".

"O governo de [Fouad] Siniora já mostrou que é estável e resistente a vários desafios políticos e a provocações violentas daqueles que querem minar a democracia no Líbano. Estamos confiantes de que ele saberá defender os interesses do povo libanês", acrescentou.

"Nós acreditamos na democracia e na soberania do Líbano, e apoiamos o premiê Siniora em seus esforços para defender o país", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, que está em Crawford, no Texas, ao lado do presidente dos EUA, George W. Bush.

Com France Presse, Reuters e Associated Press

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