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18/07/2001 - 15h24

Morre Beate Uhse, alemã pioneira em lojas de artigos sexuais

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da agência Lusa, em Berlim

Beate Uhse, a lendária pioneira do negócio do sexo, que montou um verdadeiro império do erotismo na Alemanha, morreu na segunda-feira (16), numa clínica da Suíça, aos 81 anos, em decorrência de uma pneumonia, comunicou hoje a administração do seu consórcio.

O funeral foi realizado hoje, em Flensburgo, a sua terra natal, junto à costa alemã do mar do Norte, apenas com a presença de familiares e amigos íntimos.

Beate Uhse travou durante muitos anos uma luta com a Justiça por causa da venda de livros e filmes pornográficos, artigos sexuais e outros produtos íntimos. Só nos anos 50 e 60, teve de responder em mais de dois mil processos em tribunais alemães e de enfrentar a ira de promotores públicos que defendiam a ordem e os bons costumes.

Uma das repreensões que recebeu instava-a a comparecer na polícia para se justificar pela publicação de "revistas de conteúdo sujo", nos tempos em que o material pornográfico que vendia era considerado "instigação à pornografia", sobretudo se caísse nas mãos de homens ou mulheres solteiros.

Beate Uhse venceu a batalha e tornou a venda de produtos sexuais na Alemanha quase uma banalidade. "O que mais me alegra é ter conseguido, nos últimos 50 anos, uma grande aceitação não apenas jurídica, mas também social", disse há pouco tempo numa entrevista a um jornal alemão.

Ela começou a sua carreira de empresária do sexo nos anos 50, numa Alemanha ainda devastada pelas sequelas da Segunda Guerra Mundial, com a venda ambulante de uma revista sobre métodos contraceptivos, e acabou diretora de um consórcio, com um volume de vendas anual de US$ 128,6 milhões.

Segundo um levantamento da sua própria firma, a Beate Uhse AG, 98% dos alemães sabiam quem ela era, o que não acontece com muita gente que se julga famosa.

Nascida em 1919, era filha de uma médica e de um fazendeiro prussiano. Aos 17 anos já tinha licença para pilotar aviões e aos 24 era tenente da Luftwaffe (Força Aérea Alemã), à frente de batalha da Segunda Guerra Mundial.

Em abril de 1945, pouco antes de o Exército Vermelho da URSS se apoderar totalmente de Berlim, fugiu com o marido, Hans Jürgen Uhse, aos comandos de um bimotor, de Berlim para Schleswig- Holstein, no norte da Alemanha, levando consigo o filho Klaus, que viria a morrer aos 41 anos, vítima de câncer.

Detida por algum tempo pelo Exército britânico, que tinha derrotado também as tropas de Hitler, logo que saiu da prisão, ainda em 1945 começou a dar aulas de inglês, a vender brinquedos artesanais e a dar consultas sobre contraceptivos a jovens camponesas da região.

Foi esse o tema da sua primeira revista sexual, que vendeu 32 mil exemplares, uma sensação para a época.

Na sequência, lançou o "Catálogo de Higiene Conjugal", já em 1949, um ano depois de casar com o empresário alemão Ernst-Walter Rotermund, de quem se divorciou em 1972.

Já com idade avançada, e apesar de uma operação para retirar um câncer no estômago, nos anos 80, Beate Uhse continuava a ter um dinamismo incomum. Aos 73 anos ainda dirigia o seu carro, e durante muitos anos foi uma entusiástica jogadora de tênis.

Em 1960, a firma de Beate Uhse já tinha mais de 1 milhão de clientes, todos por catálogo, e dois anos depois abria a primeira loja de artigos sexuais existente em todo o mundo, em Flensburgo.

Em 1982, fundou uma sociedade anônima com um dos seus filhos, Ulrich Rotermund, que em maio de 1999 se tornou a primeira firma do gênero cotada na Bolsa de Valores.

No entanto, há muito tempo que os acionistas majoritários da Beate Uhse Ag não são da família de Beate Rotermunde, e é pouco provável que a sede da empresa continue a ser em Flensburgo, após a morte da fundadora.

 

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