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13/09/2001 - 04h01

Calor amoleceu colunas e vigas, causando a derrubada

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free-lance para a Folha

A ação destrutiva do impacto dos Boeings, o peso dos andares acima do ponto de impacto e o calor superior a 1.000C causado pela queima do combustível dos aviões se juntaram para trazer abaixo as torres gêmeas do complexo World Trade Center.

Na opinião de especialistas em engenharia aeronáutica e civil, foi a conjunção dos fatores que enfraqueceu as colunas de aço que mantinham as torres de pé. Ela foi capaz de derrubar um dos prédios mais seguros do mundo, feito para resistir a rajadas de vento de 120 km/h -ou até 360 km/h, segundo Jack Cermak, da empresa Cermak Peterka Peterson, que fez os estudos do comportamento da estrutura do World Trade Center em túnel de vento.

"Pelo que foi possível ver no segundo impacto, o avião estava numa velocidade relativamente baixa, talvez 400 km/h [a velocidade normal é de 850 km/h". Ele entrou na torre e quebrou as vigas de sustentação, feitas de aço", afirmou Fernando Catalano, professor do departamento de Engenharia de Materiais e Aeronáutica da USP de São Carlos (SP).

Catalano disse que, num acidente como esse, o tanque de combustível da aeronave costuma arrebentar, espalhando combustível por toda parte -no caso, cerca de 91 mil litros (capacidade máxima do Boeing), já que o vôo ia atravessar os EUA de leste a oeste, de Boston a Los Angeles. "Acho provável que tenham escolhido esse vôo justamente porque ele estava com o combustível no máximo", disse o engenheiro.



Sem explosivos

Para Catalano, além da explosão inicial, a grande quantidade de combustível causou várias pequenas explosões e um grande incêndio. Nesse cenário, a estrutura metálica do prédio foi fragilizada pelo calor. "O resultado é que o peso da parte de cima perde sustentação e desce sobre o resto do prédio." Catalano disse não acreditar que explosivos tenham ajudado no desmoronamento.

Especialistas como o engenheiro estrutural Chris Wise, entrevistado pela rede britânica BBC, concordam: o fogo pode ter sido o fator crucial para a catástrofe. "Foi o fogo que destruiu os edifícios. Nada na Terra seria capaz de aguentar essas temperaturas."

Para Mário Franco, professor de engenharia de estruturas e fundações na USP, o desastre nas torres gêmeas tem nome e sobrenome: colapso progressivo. "É um efeito dominó -a parte do prédio acima do impacto se fragilizou e empurrou os andares abaixo dela."

A ação do calor sobre as vigas e pilares de aço foi desastrosa. "Esses prédios utilizam um tipo de viga chamada "steel deck", inteira de aço, que pode ser envolta num envelope protetor de concreto", explica o especialista. "Numa temperatura dessa ordem [mais de 1.000C", o aço sofre uma perda notável de resistência, dilata e amolece." O calor também fragilizou o concreto que envolvia a viga. O resultado é que o aço, ao se dilatar, estilhaçou o envelope de concreto e ficou exposto a mais calor, sem proteção alguma.

"Essas torres, por sua própria altura, foram projetadas para resistir a oscilações de até um metro", afirmou Franco.

(REINALDO JOSÉ LOPES)
 

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