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15/09/2001 - 20h17

Americanos estão inseguros sobre a economia depois de ataques

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da Reuters

Com uma bandeira norte-americana colocada em seu suéter enquanto fazia compras durante o sábado no ''Mall da América'', a enfermeira Jean Johnson afirmou estar preocupada com a economia americana depois dos atentados terroristas de terça-feira em Nova York e Washington.

''Estamos planejando construir uma casa e resolvemos esperar o que pode acontecer com as possibilidades militares'', disse a enfermeira, que trabalha na região de Minneápolis. ''Acho que uma recessão econômica é uma hipótese e não quero ser pega por ela'', declarou.

Aparentemente, a manhã de sábado parecia normal no maior shopping center dos Estados Unidos. Mas este não era um sábado normal, apenas quatro dias depois que jatos comerciais americanos foram sequestrados e lançados contra o World Trade Center e o Pentágono, levando o país ao que o presidente George W. Bush chamou de ''estado de guerra''.

Antes dos atentados, a economia americana já estava à beira da recessão. Agora, os economistas estão preocupados que a guerra leve a economia para uma verdadeira recessão.

As decisões sobre comprar ou gastar menos, por parte de consumidores como a enfermeira Jean Johnson, ao redor de todo o país, podem ser cruciais para determinar o rumo da economia norte-americana.

Os ataques terroristas já começaram a se refletir nas empresas. Duas das maiores empresas aéreas do país, Continental e Northwest, anunciaram no sábado que estavam cortando o número de vôos.

A Continental vai demitir 12 mil funcionários e já cogita a possibilidade de falência caso o governo dos EUA não disponibilize ajuda financeira às companhias norte-americanas. Ambas argumentam que houve uma queda drástica na procura por viagens aéreas, além dos elevados custos para a implementação das novas medidas de segurança.

O mundo todo estará atento quando as bolsas de valores dos EUA voltarem a funcionar pela primeira vez desde os atentados. As bolsas estrangeiras sofreram queda depois dos ataques terroristas.

Consumidos voltam às lojas

No Café Rainforest, o professor aposentado de História e veterano da Guerra da Coréia Cal Lundberg disse acreditar que a economia pode tanto ir para um lado como para outro.

''Poderíamos tanto ter um retrocesso econômico como uma aceleração, fenômeno produzido historicamente pela guerra. Normalmente, os conflitos são um empurrão para a economia, mas desta vez com um inimigo tão difícil de pegar, talvez seja diferente'', afirmou.

Scot Cockson, gerente-geral da loja Bloomingdale, dentro do shopping, disse que o número de clientes caiu na semana que passou, embora não saiba dizer quanto. No entanto, na Sears, também no shopping, o gerente Greg Schmitt disse que as coisas estão começando a mudar no final de semana.

''Estamos esperando um final de semana normal'', declarou.

''Um desastre pode trazer uma perda inicial, mas depois há uma retomada das atividades'', afirmou Diane Swonk, do Bank One, o quinto maior banco dos EUA. ''Este país é rico e tudo o que traz empregos e estimula a economia será reconstruído'', declarou.

Outros economistas, no entanto, dizem que os consumidores estão criando uma ''mentalidade de guerra'', ficando mais em casa e atentos às notícias.

Em Nova York, os consumidores estão sendo lentos em retomar as compras, mesmo que seja para fugir da TV. ''Honestamente, está tudo parado'', afirmou o comerciante de camisetas com os dizeres ''I love New York'', Reginald Singleton, que tem loja na esquina da Sexta Avenida com a Rua 33.

Um quarteirão adiante, na Macy's, a maior loja de departamentos do mundo, a vendedora Edilma Bustamante disse que as vendas de cosméticos no balcão da Estée Lauder, onde ela trabalha, ainda estavam muito lentas. ''Os clientes não têm vontade de comprar, seus corações estão partidos'', declarou a vendedora.

Enquanto isso, a loja de bandeiras do comerciante Jay Arda está ganhando dinheiro com a onda de patriotismo. Desde quarta-feira, um dia após os atentados, Arda já vendeu mais de três mil bandeiras dos Estados Unidos. Normalmente, ele vende de duas a três por dia.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

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