Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/09/2001 - 03h25

"Sem guerra, crise dura ao menos 6 meses", diz economista

Publicidade

da Folha de S.Paulo

Mau sinal: um dos economistas mais otimistas dos EUA ficou pessimista. O professor de finanças da Wharton School da Universidade da Pensilvânia Jeremy Siegel afirma que há entre 80% e 90% de chances de que ocorra uma recessão nos EUA.

Essa recessão, segundo Siegel, deve durar no mínimo seis meses. Isso se os EUA não se envolverem numa guerra em retaliação aos ataques terroristas ao World Trade Center e ao Pentágono.

Essa visão negativa do futuro contrasta com a imagem pública que Siegel cultivou nos últimos anos. Ele é autor do livro "Ações a Longo Prazo", de 94, uma das bíblias dos investidores no recente ciclo de alta nas Bolsas de Valores.

Siegel dava palestras nas universidades americanas ao lado de seu amigo pessoal Robert Shiller, autor do livro "A Exuberância Irracional", que dizia que as ações nos EUA estavam sobrevalorizadas.

Shiller representava a visão pessimista em relação ao futuro do mercado, enquanto Siegel estava do lado otimista. Hoje, Siegel ainda otimista quanto ao longo prazo, mas, admite que a situação vai piorar, no curto prazo, especialmente para países como o Brasil.

"Infelizmente, quando a economia americana tem problemas, toda a América do Sul sofre."

Siegel deu a seguinte entrevista à Folha.
(EC e RG)

Folha - O que vai acontecer com a economia americana?
Jeremy Siegel -
Temos entre 80% e 90% de chances de uma recessão. Estávamos quase numa , e os atentados foram um choque na confiança do consumidor. Isso vai resultar numa redução dos gastos com viagens aéreas, entretenimento e turismo. Essas áreas não voltarão ao equilíbrio nem com os aumentos de gastos do governo para estimular a economia. Não se recuperarão, pelo menos nos próximos seis meses.

Folha - Qual a extensão da crise?
Siegel -
Vai durar, provavelmente, mais de seis meses. Só vamos começar a nos recuperar no segundo trimestre do próximo ano. Esse é o melhor cenário.

Folha - Qual é o pior cenário?
Siegel -
Se tivermos uma guerra, o preço do petróleo vai subir. Não acredito que o preço do barril do petróleo suba se não houver uma guerra. Não sabemos que tipo de ação o governo norte-americano poderia fazer e nem que tipo de apoio poderia ter do resto do mundo em sua ação contra os terroristas. Isso, obviamente, está sendo discutido neste momento. Se o governo norte-americano decidir por uma grande ação militar e não tiver o apoio da comunidade internacional, isso terá sérios efeitos sobre a economia.

Folha - O sr. escreveu o livro que serviu como referência otimista do mercado financeiro em meados da década de 90. Como o sr. vê a perspectiva do mercado agora?
Siegel -
Vamos ter um mercado em queda a curto prazo, mas no longo prazo o resultado será positivo. No longo prazo, a história nos mostra que é nos períodos como o atual que os investimentos se valorizaram mais e trouxeram alguns dos melhores retornos para os donos de ações. Estou pessimista quanto ao curto prazo, mas confiante no mercado em relação ao longo prazo.

Folha - Quais serão as consequências desse cenário para países emergentes, como o Brasil?
Siegel -
Olhe para os Estados Unidos, para a Europa e para o Japão. Não há nenhuma economia forte no mundo neste momento. Infelizmente, quando os Estados Unidos sofrem, toda a América do Sul sofre. Infelizmente, as perspectivas de curto prazo para os países sul-americanos são bastante incertas.

Leia mais no especial sobre atentados nos EUA
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página